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Mentira tem pé curto




Era uma vez um sapinho muito sapeca que vivia contando mentiras. Enganava seus amigos inventando coisas e fazendo estripulias. Um dia, inventou que não era um sapo e sim um príncipe que havia sido enfeitiçado por uma bruxa. Foi uma confusão na floresta. Todos queriam conhecer o sapinho que na verdade era um príncipe. A dona onça também ficou sabendo da história. Onça não come sapo, mas, come gente e príncipe é gente. 

Dona onça foi atrás do sapinho e quando o encontrou por pouco não o devorou. Sorte do sapinho que sua mãe estava por perto e desmentiu a história toda. Mamãe sapo disse para a dona onça:
- Senhora onça, não te lembras de quando meu sapinho nasceu? Estavas a beira da lagoa tomando água quando ele saiu a nadar com sua cauda a balançar!
Realmente a dona onça lembrou-se do dia, pois, a mamãe sapo estava tão contente, a coaxar, na beira da lagoa, que até lhe incomodou. Assim, a onça desistiu de engolir o sapinho que, de príncipe não tinha nada.
A mamãe sapo ficou muito zangada com o sapinho sapeca e disse que ele não podia ficar mentindo, pois, um dia ia se dar mal. Ela dizia sempre:
- Olha meu filho, sua mãe não mente. Por que você vive fazendo essas confusões? Você vai acabar se dando mal.
Mas, o sapinho não ouvia os conselhos de sua mãe e continuava com as suas mentiras. Um dia ele estava a pular na lagoa, daqui para ali e de lá para cá, quando uma cobra veio em sua direção. Sabendo que a intenção da cobra era devorá-lo, engolindo-o inteirinho, teve uma ideia e disse para a cobra, antes que essa o abocanhasse.

 
- Senhora cobra, sabias que sapo expele um veneno do pé que pode levar a morte? Creio que não devias me engolir.
A cobra ouvindo o que o sapinho dizia, pôs-se a pensar. Ora, ela já havia engolido centenas de sapos e ainda não havia sido envenenada. Porque agora este sapinho vinha com esta conversa?
O sapinho, vendo que sua mentira não ia colar, chamou o peixe e lhe perguntou:


- Senhor peixe, não é que solto veneno do meu pé?
O peixe não sabia, então o peixe foi perguntar ao jacaré.

- Senhor jacaré, o sapo solta veneno do pé?
O jacaré não sabia,  
o que peixe também não sabia
Então o jacaré resolveu perguntar à capivara

- Senhora capivara, o sapo solta veneno do pé?
A capivara não sabia,
o que o jacaré não sabia
o que o peixe também não sabia
Então a capivara resolveu perguntar ao hipopótamo.

- Senhor hipopótamo, o sapo solta veneno do pé?
O hipopótamo não sabia,
o que a capivara não sabia,
o que o jacaré não sabia,
o que o peixe também não sabia,
Então o hipopótamo resolveu perguntar a tartaruga.


- Senhora tartaruga, o sapo solta veneno do pé?
A tartaruga não sabia,
o que o hipopótamo não sabia,
o que a capivara não sabia,
o que o jacaré não sabia,
o que o peixe também não sabia,
Então a tartaruga então resolveu chamar a mamãe do sapinho.

- Senhora sapa, o sapo solta veneno do pé?
A mamãe sapo que não gosta de mentiras e também não sabendo da nova confusão em que o sapinho tinha se metido, logo respondeu.
_ Sapo não solta veneno do pé.

Querem saber como terminou essa história?
Lá do alto de uma árvore o bem te vi pôs-se a cantar.

O sapo...o sapo...
Ficou sem o seu chulé,
a cobra de um bote,
comeu até seu pé!

  
 Vanda Berger

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