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COMO A ZEBRA FICOU LISTRADA









            Há muito tempo atrás, mas há muito tempo mesmo, tanto que nem poeira ou lembrança existem mais, a terra era bem jovem e tudo estava por ser feito. Naqueles tempos, muitos animais tinham aparência bem diferente da que conhecemos hoje em dia. A zebra, por exemplo, era branca como a neve que  cobre o topo das montanhas e o babuíno tinha pelos que lhe cobriam o corpo inteiro, da cabeça até o rabo. A brilhante zebra branca era por demais vaidosa e costumava passar horas e mais horas admirando o belo reflexo no espelho d’água de rios e lagos.
            - Como sou bonita! – costumava dizer, toda cheia de si, sacudindo orgulhosamente a cabeça e balançando o rabo.
            Um dia, ao avistar um babuíno muito feio na outra margem do rio, pôs-se a dizer:
            - Olhe como sou bonita, macaco feio! Zombava cruelmente do pobre babuíno, a voz e a maldade ecoando em todas as direções e indo muito além das montanhas ecoando em todas as direções e indo muito além das montanhas.
            - Zebra imbecil! – reagiu o babuíno, raivoso, erguendo a cabeça e cravejando os olhos flamejantes.
            - Você pode ser mais bonita e certamente o é, mas eu sou bem mais forte!
            Dito isso, a desafiou para um duelo. Na noite seguinte, sob a luz de uma grande fogueira, toda a tribo zulu veio assistir à briga da zebra com o babuíno.
            Este, muito esperto, cercara antecipadamente a fogueira com pedras. Usando de toda a sua habilidade, já que a beleza não põe mesa e inteligência é joia rara, ferramenta para as grandes construções da vida, rapidamente conseguiu encurralar a zebra cada vez mais perto do fogo.
            Quando  já se encontravam bem próximos, a zebra descuidou-se, tropeçou nas pedras e caiu de costas sobre as toras incandescentes da fogueira.
            Da dor à surpresa não se passou muito tempo e logo a zebra corria de um lado para o outro, gritando, saltando e escoiceando feito louca, o fogo e a fumaça desprendendo-se do rabo, a pele branquinha marcada por grandes listras negras feitas pela madeira queimada.
            A pobre zebra relinchava e a dor era tamanha que lá pelas tantas, entre coices e relinchos mais e mais furiosos e incontroláveis, acabou acertando o babuíno no traseiro.
            Nossa, ela bateu com tanta força que até hoje, onde atingiu, não nasce mais pelo, você nunca viu?
            É por isso, que a zebra tem listras negras e o babuíno possui o traseiro rosado e sem pelo até os dias de hoje.

                                                                                                          Adaptado por Júlio Emílio Braz

Um comentário:

  1. Fiquei com dó do babuíno,a zebra era linda toda branquinha minha opinião!!

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