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A ÁRVORE E A VARA








          A árvore crescia viçosa no meio do jardim, com seus ramos de folhas tenras e brilhantes apontando para o céu como se desejassem subir e abraçar o Sol que resplandecia lá em cima, bem acima das nuvens. Ela ainda era nova, estava no princípio da vida, mas de tanto ouvir os que passavam elogiarem a sua beleza, acabou acreditando que nenhuma outra planta a superava em elegância e perfeição. E esse sentimento cresceu de tal forma que ela achou por bem reclamar da presença de uma vara de bambu já seco que se encontrava espetada no chão, a seu lado.

          - Ora, bambu, você ainda não percebeu que está aí parado, muito perto de mim? Pois então! Trate de chegar um pouco mais para lá.

          O bambu fingiu que não tinha ouvido, e por isso não deu resposta. Logo em seguida a pequenina árvore virou-se para a cerca de espinhos que a rodeava, e falou com voz afetada:

          - E você, cerca espinhenta, bem que podia sair daí e ir para outro lugar, bem longe de mim. A sua feiura simplesmente me irrita.

          A cerca de espinhos também ficou calada, porque achou que era preferível não responder à agressão sofrida. Mas aí um lagarto que estivera prestando atenção no que a arvorezinha dizia, levantou sua cabeça e comentou:

          - Pequenina árvore, você é bonita, realmente. Mas não esqueça que o seu porte é ereto e firme porque a vara de bambu é que a mantém assim, enquanto a cerca de espinhos está ao seu redor só para manter afastadas as companhias indesejáveis que poderiam prejudicá-la. Portanto, ao invés de ficar reclamando do que não deve, agradeça às suas companheiras a possibilidade de estar se transformando naquilo que é.

     Moral da história: Nunca se esqueça de dar valor a quem merece.



Baseado numa fábula de Leonardo da Vinci.   

FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
 

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