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O jacaré e a tartaruga.





     Existia um lago muito bonito onde moravam muitos bichinhos felizes.          
Certo dia, por lá apareceu um jacaré muito malvado e faminto que avançando para os bichinhos com sua bocarra num abre e fecha sem parar começou a devorá-los. No corre-corre, muitos bichinhos conseguiram fugir, entre eles Dona tartaruga. 


Mesmo depois de se alimentar, o jacaré continuou muito feroz e malvado. Tomou conta do lago não permitindo que ninguém ficasse lá e ameaçou comer qualquer um que se atrevesse a passar por ali.
Dona tartaruga tem uma prima que mora do outro lado do lago, elas se gostam muito. A prima da dona tartaruga vai fazer aniversário e a única maneira de ir visitar a sua prima, é atravessando o lago.
Mas como poderia? O jacaré é bravo e malvado, se dona tartaruga tentar atravessar pela beira ou pela água, com certeza ela viraria comida de jacaré.
Dona tartaruga não se conformava, queria ir visitar sua prima, era injusto o jacaré impedi-la, ela tinha que fazer alguma coisa.
Então dona tartaruga pensou e pensou num jeito de tapear o jacaré e de tanto pensar, teve uma ideia!
- Meu casco é cinza e duro como uma pedra acho que posso fingir que sou uma pedra e ir devagarzinho, parando, andando e disfarçando enquanto o jacaré não percebe e assim rodeio o lago e chego na casa da prima. Falou dona tartaruga feliz com sua ideia.  E assim fez a dona tartaruga.
No dia do aniversário da prima, saiu cedinho de casa, esperou o jacaré se distrair e se postou na beira do lago. Escondeu sua cabeça e suas perninhas e ficou paradinha, paradinha... De rabo de olho observava o jacaré e quando ele se distraia, andava mais um pouquinho. Tinha tempo, pois a festinha da prima seria só à noite.
Mas numa dessas mexidinhas, o jacaré de supetão percebeu algo estranho e falou com seu vozeirão:
- Aquela pedra se mexeu, mexeu sim que eu vi! Vou ficar de tocaia para ver e se ela se mexer novamente é porque não é pedra e aí eu como, seja o que for!
Dona tartaruga ficou apavorada e permaneceu parada que nem uma estátua.
O jacaré mergulhou o corpo deixando só os dois olhos de fora e ficou de tocaia.
E assim foi passando uma hora... Duas horas... Três horas...
O sol já ia se por e o jacaré então berrou:
- Acho que estou maluco, acho que aquilo é uma pedra. Estou morrendo de fome, vou comer uns peixinhos para disfarçar. E mergulhou.
Dona tartaruga ouvindo aquilo, levantou a cabeça e suspirou, já estava quase fazendo xixi nas calças, não aguentava mais e começou a andar.
De repente num salto o jacaré pulou na superfície do lago.
- Eu sabia! Não é uma pedra! Gritou com raiva.
- Ninguém me engana! Prepare-se que vou te comer, seja o que você for! Esbravejou o jacaré abrindo a bocarra num nhac, nhac de fazer medo.
E saiu em disparada. Dona tartaruga, ouvindo aquilo, pulou num pinote e saiu correndo com todas as suas forças.
O jacaré correndo atrás abrindo e fechando a bocarra num nhac, nhac de assustar.
Nunca se viu uma tartaruga correr tanto!
A prima de dona tartaruga morava logo abaixo do lago, numa casinha no tronco de uma frondosa árvore. Dona tartaruga no desespero tropeçou escorregando e rolando morro abaixo, só parando dentro da casa da prima, que tinha acabado de sair e sua porta ainda estava aberta. Por sorte de dona tartaruga.
A prima de dona tartaruga vendo aquilo entrou correndo e bateu a porta com toda a sua força.
O jacaré na disparada, também rolou abaixo dando com a bocarra na porta dura. Bateu com tanta força que lhe soltou quatro dentões. Tonto e vendo estrelas, o jacaré saiu com a bocarra banguela de volta para o lago.
Quando os bichinhos souberam do acontecido, correram para o lago e expulsaram o jacaré que envergonhado de ter sido enganado por uma simples tartaruga, foi embora sem reclamar.
Dona tartaruga foi festejada com vivas e urras e o lago voltou a ser alegre e morada de muitos bichinhos que aprenderam que nem sempre o mais forte ganha e que com inteligência, paciência e uma ajudinha da natureza, todos podem se livrar das ameaças e recuperar o que lhes são de direito.

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