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O segredo da abelha





A abelha, a aranha e a cigarra eram irmãs.
As duas mais velhas viviam ativas, sempre a trabalhar; uma colhendo o pó das flores para fazer o mel, a outra a tecer noite e dia, uma fiandeira. A mais moça, a cigarra, anunciava o verão, cantando e alegrando a todos, com suas toadas e seus psius ritmados.
Uma tarde, chegou um mensageiro avisando as três irmãs que sua mãe, muito doente, as mandava chamar, para abençoá-las antes de morrer. E a aranha falou assim:
— Diga à minha mãe que estou fazendo uns pontos difíceis; assim que terminar, lá chegarei.
E a cigarra falou assim:
— Diga à minha mãe que estou dando o terceiro psiu; assim que terminar, lá chegarei.
E a abelha, no meio da grande faxina, no trabalho da colmeia falou assim:
— Filhos meus, parai e deixai tudo aí, até que eu volte; pois vou já ver minha mãe.
E lá no seu leito, a moribunda sentenciou:
— Aranha, filha ingrata, nunca poderás terminar teu trabalho. Será ele sempre desfeito por alguém, principalmente pelas empregadas arrumadeiras.
E é o que sempre acontece.
— Cigarra, filha ingrata, cantarás, cantarás, até rebentar pelas costas.
E é o que sempre acontece.
— Abelha, filha boa, que tudo deixou por mim, os homens nunca saberão o segredo do fabrico do mel...
E ainda hoje, mesmo colocada em caixa de vidro, a abelha tapa tudo com cera e não deixa ver fazer o mel...


(Caldas, Terezinha. "O segredo da abelha". Folha da Manhã. Recife, 12 de novembro de 1952)

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