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A TARTARUGA E OS DOIS PATOS







Já fazia tempo que a tartaruga morava em uma toca escura e até mesmo desconfortável, mas como não era luxenta, vivia satisfeita com o pouco que tinha à sua disposição. Um dia, porém, ao ouvir alguns pássaros migrantes falando de outras terras, de outras gentes e de outros costumes, ela foi tomada por um desejo enorme de sair do seu canto e correr mundo, para conhecer as coisas novas e diferentes de que tomara conhecimento. Durante um mês a tartaruga não pensou em outro assunto, até que resolveu procurar um casal de patos que tinha aninhado perto de sua toca para lhe contar sobre o projeto que construíra em noites e noites mal dormidas, um sonho que havia se tornado tão grande que já a estava quase sufocando. Ao fim do relato o pato lhe disse:

- Está combinado. Nós a levaremos a lugares lindos, onde você vai ver e aprender muita coisa.

Em seguida, o pato e a pata foram a uma árvore próxima, tiraram dela um ramo com grossura conveniente, e explicaram à tartaruga:

- Morda firmemente bem no meio desse pedaço de pau, e não o largue de jeito nenhum. Entendido?

A tartaruga assim o fez, e tão logo os patos a viram mordendo firmemente a madeira, cada um deles agarrou com o bico a extremidade que lhe competia, e saíram voando, ganhando cada vez mais altura. Por onde passavam o povo ficava admirado, e os mais entusiasmados gritavam que aquilo era um milagre, pois se a tartaruga conseguia voar, certamente era porque possuía poderes extraordinários. Na medida em que avançavam pelos ares e as palavras de admiração chegavam aos ouvidos da tartaruga, o desejo de responder aos que a elogiavam foi aumentando, aumentando, até que ela não aguentou mais e abriu a boca... despencando lá de cima e se arrebentando no chão, aos pés do povo que apreciava admirado a viagem que a coitada fazia.

Moral da história: Cuidado com os sonhos que alimentas, porque quanto mais altos ele forem, mais perigosa poderá ser a tua queda.


Baseado em uma fábula de La Fontaine

A TABUADA DA BARATA










A barata diz que sabe
A tabuada cantar
É mentira da barata
Ela sabe é atrapalhar
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Ela sabe é atrapalhar


A barata diz que sabe
Três vezes um é - é seis
É mentira da barata
Três vezes um é - é três
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Três vezes um é - é três
 
 
A barata diz que sabe
Três vezes dois é - é três
É mentira da barata
Três vezes dois é - é seis
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Três vezes dois é - é seis

A barata diz que sabe
Três vezes três é - é dezanove
É mentira da barata
Três vezes três é - é nove
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Três vezes três é - é nove


A barata diz que sabe
Três vezes quatro é - é 11
É mentira da barata
Três vezes quatro é - é 12
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Três vezes três é - é 12


A barata diz que sabe
Três vezes cinco é - é 25
É mentira da barata
Três vezes cinco é - é 15
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Três vezes cinco é - é 15


A barata diz que sabe
Três vezes seis é - é oito
É mentira da barata
Três vezes seis é - é 18
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Três vezes seis é - é 18


A barata diz que sabe
Três vezes sete é - é 31
É mentira da barata
Três vezes sete é - é 21
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Três vezes sete é - é 21


A barata diz que sabe
Três vezes oito é - é quatro
É mentira da barata
Três vezes oito é - é 24
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Três vezes oito é - é 24


A barata diz que sabe
Três vezes nove é - é 17
É mentira da barata
Três vezes nove é - é 27
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Três vezes nove é - é 27


A barata diz que sabe
Três vezes dez não é - é 30
É mentira da barata
Três vezes dez é – é 30
Rá – rá - rá
Ró - ró - ró
Três vezes dez é - é 30

Denise de Souza Severgnini

A SUGESTÃO DA ESTRELA







O Todo-Poderoso, depois de criar a Terra, subiu ao céu, sentou-se numa nuvem e de lá ele se pôs a apreciar a sua obra. Nada tinha defeito: o mar, os rios, as florestas, os bichos, os insetos, as flores e os pássaros. Tudo estava harmônico. Cansado de observar e não ver defeitos, Deus subiu para sua morada que fica lá nos confins do Universo.

Passados sete dias ele voltou. Sentou-se na mesma nuvem e olhou para baixo. Nada havia mudado. Deus, franzindo a testa, disse para a estrela que o acompanhava:

- Toda a obra está perfeita. Eu penso que não será preciso corrigir nem acrescentar nem tirar nada. Qual a sua opinião?

- Senhor, com todo o respeito, há uma falha na criação...
- Como? Qual foi o erro que eu cometi? – perguntou Deus.
- O som. Veja tudo é belo, belíssimo, mas tudo é mudo, mudíssimo... – respondeu a tímida estrelinha companheira do Pai Celeste.

O Senhor, olhando com mais atenção, concordou, em parte, com a estrela dizendo não ser uma falha, um esquecimento, sim. A estrela continuou falando:

- Veja, Senhor, aquele canário ali na árvore. Ele é perfeito, mas se tivesse som alegraria a floresta... e o rio ali adiante, se tivesse som... é só uma sugestão...

- É verdade. Um pássaro mudo não serve para nada, um rio mudo... É como uma flor sem perfume. – concordou o Senhor.
E, a partir daquele instante, Deus deu o dom da voz aos seres da sua criação, de acordo com a espécie de cada um, por causa da sugestão de uma estrelinha observadora. E é por conta desta história que o pinto pia, o gato mia, o cão ladra, a galinha cacareja e o galo canta. Entendeu, menino?

- Entendi, vovó!
- Então vá terminar a sua lição de português sobre as vozes dos animais.


Maria Hilda de Jesus Alão


A Sorte do Coala







Passeando em meio a floresta o sr Coala deparou com algo
raro , um trevo de quatro folhas.
Dizem as pessoas que este tipo de trevo dá muita sorte. Todo contente saiu cantarolando.
Mais adiante deparou com um esquilo e disse.
- Olhe sr esquilo o meu trevo.
Mas o esquilo nem ligou respondendo.
- Grande coisa! Minhas nozes são muito melhores.
Então o sr Coala continuou caminhando e acabou por encontrar um coelho.
- Olhe, sr coelho, o meu trevo.
Mas o coelho nem ligou.
- Grande coisa! Minhas cenouras são muito melhores.
Sendo assim o sr Coala continuou seu percurso encontrando desta vez um urso.
-Olhe, sr urso, o meu trevo.
O urso olhou e respondeu.
- Grande coisa! Meu mel é muito melhor.
Já desanimado o sr Coala sentou a beira da estrada e ficou pensando...    Será que dá sorte mesmo?
Foi quando uma velhinha que vinha passando disse.
- Nooossa! Um trevo de quatro folhas! Que sorte!
- Quer trocar por minha cesta de guloseimas?
Imediatamente o sr Coala aceitou . E enquanto comia ficou pensando ...
- Pois é ...na vida somos todos diferentes, e cada um valoriza o que é melhor para si. Ainda bem que não desisti do meu trevo... Hummmmmm...
Valdemir pedroso

A SEREIA E O GATINHO









                 Havia uma sereia que vivia triste na beira de um rio, entre as águas cristalinas e a cachoeira que formava um pequeno lago.
                  A sereiazinha era triste pois não tinha com quem conversar, além do peixinhos que viviam ali.
                  A sereiazinha queria conhecer coisas novas, saber sobre o que existia além de seu molhado mundo...
                  Um dia surgiu um gatinho chamado Ron-ron, que estava por ali procurando aventuras, Ron-ron gostava muito de comer peixes, e quando viu o grande rabo da sereia, achou que o banquete estava preparado para ele...
                    A sereia estava com o corpo embaixo d'água pois estava falando com seu amigo cascudinho, um peixinho que sempre passava por ali todas as tardes.
                   Ron-ron procurou uma caminho entre as pedras para poder chegar à sereia, ou melhor, ao rabo daquele peixe enorme que havia visto... Saltando de pedra em pedra, lá foi nosso amigo até o seu prometido banquete... Chegou perto e foi logo fincando as garras no rabo da sereiazinha... Cue deu um grito de susto e sacudiu Ron-ron dentro de lago...
                    Nosso amigo gato, que detesta nadar. não sabia se estava mais apavorado com a água fria ou com o ser estranho que tinha à sua frente, meio mulher, meio peixe... Ficou tão surpreso que quase ia se afogando, não fosse a sereia ter ido em seu socorro.
                    A Sereia retirou Ron-ron da água e colocou-o sobre uma pedra grande, onde costumava descansar ao sol e pentear os seus lindos cabelos.
                    Ron-ron ainda não acreditava no que seus olhos viam, e tão logo consehui se recobrar, quis saber que era aquela mulher engolida por um peixe...
                     A sereia riu muito das perguntas do gatinho, explicou que não tinha sido engulida por peixe nenhum, que ela era assim mesmo, pois tinha que cuidar das águas onde morava.
                      Ron-Ron e a sereia ficarm horas conversando sobre aquela pedra, ele contando de suas aventuras por este mundo afora, e ela a falar-lhe das coisas do fundo das águas, da magia existente nos rios, nos animais que ali moram, de como ultimamente estavam aparecendo coisas estranhas que sujavam o seu lar, trazidas oelas águas do rio de algum lugar distante.
                     Ron-ron reconheceu algumas das coisas, garrafas pet, sacos plásticos, latas, papeis, e outros tipos de lixo que alguém devia ter jogado no rio ou nas suas margens...
                     A sereia disse que aquilo destruia o lugar onde moravam, que peixinhos comiam algumas daquelas coisas e ficavam doentes e até morriam, outros ficavam presos dentro das tais latas e ela tinha de salva-los...perguntou para Ron-ron, por que esse tal de bicho-homem
sujava as margens dos rios e as florestas com essas coisas.
                    O gatinho respondeu que o bicho homem é muito burro,
que não entende que quando destroi a natureza destroi a si mesmo e o planeta onde vive, mas que havia ainda alguns homens que tentavam ensinar aos outros a não fazerem esse tipo de coisas. Infelizmente o ser humano é muito egoísta e não pensa nas consequências de seus atos, por isso muitos nem ligam para o que falam.
                     Ron-ron e a sereia resolveram então fazer um acordo de amizade e se juntarem para tentar ensinar os homens a não sujarem mais os rios e as florestas.
                     E o que começou com uma pesacria de um gatinho guloso, tornou-se uma grande amizade de dois seres tão diferentes, mas unidos pelo mesmo ideal.
Jorge Linhaça