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ERA UMA VEZ UM DRAGÃO







Era uma vez um dragão que vivia numa montanha, perto de um vulcão.
Ele queria assustar os animais e as pessoas e para isso precisava de fogo para lançar pela boca.
Todos os dias ia abastecer-se de fogo ao vulcão.
Perto da montanha havia uma aldeia com muitos habitantes. Os habitantes andavam muito assustados por causa do dragão. Alguns começaram a abandonar as suas casas e a fugir para a cidade. A aldeia começou a ficar deserta.
O David, que era um menino muito corajoso que morava na aldeia, pensou que alguém tinha de resolver aquele problema. Pensou, pensou... Até que encontrou uma solução!
- Já sei! Amanhã, bem cedo, sem ninguém ver, vou à montanha tentar falar com o dragão.
Passou a noite muito nervoso e mal o sol nasceu, pé ante pé, saiu de casa sem ninguém se aperceber.
Quando chegou à montanha o dragão ainda estava a dormir. Então pegou num saco de comida que trazia e, devagarinho, foi colocá-lo perto do dragão.
Escondeu-se atrás de uma rocha e esperou que o dragão acordasse.
O dragão acordou, cheirou, cheirou aquele saco e quando descobriu que era comida, comeu tudo como um guloso. Depois de estar satisfeito, arrotou fogo e olhando para todos os lados disse:
- Quem me terá trazido esta comida tão deliciosa?!
O David que estava escondido atrás da rocha disse:
- Fui eu, fui eu. Estou aqui atrás da rocha. Posso aparecer? Não me fazes mal?
- Como é que posso fazer mal a alguém que foi tão meu amigo e me trouxe comida tão boa!
Contente com a resposta do dragão o David saiu do esconderijo.
- Olá, eu sou o David. Fui eu que te trouxe a comida. Vim cá porque queria conversar contigo.
- O que é que me queres dizer?
- Queria fazer-te um pedido porque estou muito preocupado.
- Porque é que estás preocupado? Faz lá o teu pedido.
- Eu estou muito preocupado porque tu tens andado a queimar as casas da minha aldeia e os habitantes estão muito assustados. Vim aqui pedir-te para não voltares a queimar as nossas casas.
- Pois é, o pior é que eu tenho muito fogo dentro de mim e não sei onde me deitar – respondeu o dragão.
- Tenho uma ideia. Podes usar o teu fogo para fazer alguma coisa útil.
- Como? Como é que o fogo pode ser útil?
- Podemos usar o fogo para fazer uma fogueira, para cozinhar os alimentos, para nos aquecermos, etc...
- Boa ideia, nunca tinha pensado nisso.
- Olha, estamos no Outono, é a época das castanhas e podíamos fazer um magusto no largo da aldeia.
- Um magusto?! O que é isso? Nunca ouvi esse nome.
- Um magusto é uma festa onde as pessoas se reúnem, fazem uma grande fogueira e assam castanhas.
- Castanhas assadas?! Ai que bom! Até já me está a crescer fogo na boca.
- Vamos então combinar: eu vou á aldeia explicar aos meus amigos que tu, afinal, não és mau. Vamos juntar caruma, lenha e castanhas e amanhã venho cá dizer-te o dia do magusto.
- Está combinado. Fico a tua espera.
Então o David foi a aldeia, reuniu toda a gente e contou-lhes a conversa que tinha tido com o dragão.
- A sério?! Falas-te mesmo com o dragão ou estás a gozar-nos? – perguntaram os vizinhos muito admirados.
- É mesmo verdade. Falei com o dragão lá na montanha e afinal ele não é tão mau como nós pensávamos.
- Não acredito nisso. Se ele não é mau porque é que queimou as nossas casas? – perguntou um habitante desconfiado.
- Ele fazia isso porque não sabia utilizar correctamente o seu fogo. Eu estive a ensiná-lo a utilizar o fogo e combinámos fazer um magusto.
- Ah! Boa ideia, mas para isso temos de juntar caruma, lenha, pinhas e castanhas – disse um dos habitantes.
- Eu, para festejar a coragem do meu filho, ofereço as castanhas a todas as pessoas da aldeia – disse o pai do David.
- Podíamos combinar e íamos ao pinhal juntar caruma, lenha e pinhas para fazer a fogueira – falou um homem que estava ali perto.
- Está combinado, amanhã bem cedo juntamo-nos no largo da igreja e vamos ao pinhal – disseram vários habitantes.
- Mas afinal ainda não combinamos o dia do magusto e eu tenho de dar uma resposta ao dragão – disse o David.
- O melhor dia é o dia 11 de Novembro, dia de S. Martinho.
- Está combinado – disseram várias pessoas ao mesmo tempo.
No dia seguinte, bem cedo, o David subiu á montanha e foi dizer ao dragão o dia escolhido. Entretanto na aldeia vários habitantes juntaram-se para apanhar a caruma, a lenha e as pinhas necessárias.
Na manhã do dia de S. Martinho, no largo da igreja, havia um grande monte de caruma, lenha e pinhas.
O pai do David chegou com um enorme saco de castanhas.
Quando estava tudo preparado o David foi á montanha chamar o dragão.
Durante a tarde foram chegando á aldeia os habitantes que tinham fugido para a cidade. Vinham a convite do David que lhes tinha escrito a contar tudo.
Á tardinha, chegou o dragão acompanhado do seu amigo David e ficou muito feliz quando viu tanta gente á sua espera.
Pediu ás pessoas para fazerem uma grande roda á volta das castanhas mas um pouco afastadas para ninguém se queimar com o seu fogo. Então, com cuidado, o dragão acendeu a fogueira e, pouco tempo depois algumas castanhas já estalavam como foguetes. Quando todas as castanhas estavam assadas colocaram-nas em cestas e distribuíram-nas por todas as pessoas. No fim cantaram, dançaram e fizeram uma grande festa.


Então agradeceram ao dragão a sua amizade e ele pediu desculpa ás pessoas e prometeu não tornar a queimar nenhuma casa. Quando anoiteceu cada um foi para sua casa e o dragão regressou á sua gruta na montanha. Antes de se ir embora despediu-se do David e prometeu vir visitar a aldeia de vez em quando.

Colori, colorado, está o conto acabado!

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