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O Mistério do Quarto Escuro















Acordo atordoada, tonta, não me lembro de nada, me viro para lá, me viro para cá e não consigo sair daqui. A porta está fechada. Por mais que eu tente, não consigo abrir. Aqui dentro está uma bagunça de roupas esparramadas, um mau cheiro. Está mau ventilado, sinto até falta de ar Aqueles homens me prenderam sem motivo algum.
Tento mais uma vez, não consigo abrir a porta, me trancaram, está escuro, não enxergo nem onde piso, esbarrando em tudo. Aqui, apesar de fazer muito frio, estou até corada de calor e aflição.
Este escuro me dá medo. Apesar de tudo, preferia estar lá fora. Só consigo ver luz em uma brecha da porta. Pouca coisa posso ver do outro lado, não sei o que estão fazendo com as minhas amigas, ai coitadas. Não sei se estão fazendo ou já fizeram. Ai! não quero nem pensar.
Esses homens que me prenderam aqui dentro não têm coração, não nos respeitam, a nós que somos tão inofensivas e indefesas.
Fico em silêncio e ouço vozes masculinas confusas do lado de fora. Acho que estão discutindo o que farão comigo. Essas cordas estão me machucando. Não gosto nem de pensar o que me vai acontecer. Acho que me prenderam por eu ser, a mais gordinha.
Meu medo aumentou, ouço passos em minha direção, não posso me esconder, não consigo nem me movimentar. Estão forçando a porta e têm a chave. Não sei o que fazer. Acho que chegou a minha vez, vieram me buscar, não posso mais escapar.
Abriram a porta. E um moreno magro e comprido, de cabelo grande, feio que Deus me livre. Vem com as mãos em minha direção e me agarra com força em seus braços, me desamarra, joga as cordas e me leva para fora num gesto brutal, me põe no chão para fechar novamente o local. Tento correr mas não consigo ir longe. Ele me agarra outra vez com força. Tento me livrar dele, mas não consigo. Ele sorri, me leva para outro lugar. Vejo uma de minhas amigas, penso cm pedir socorro, mas ela não pode me ajudar, pois ela está sendo vigiada por um careca ainda mais feio que o outro (o que o outro tem de cabelo, neste está em falta). Coitada! Será que o destino dela será o mesmo que o meu?
Até que ele pára comigo, mas não me coloca no chão (acho que, de medo de eu fugir outra vez) então é a hora, ele me bate, bate, bate no chão. Entra comigo no garrafão, pula comigo e faz a primeira cesta do jogo!"

Roberto Ávila

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