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Abelardo Abelha








Abelardo era um jovem abelha, filho da abelha rainha, assim como todas as outras abelhas da colmeia. Ele havia saído de seu alvéolo antes do tempo, mas apesar de ainda ser jovem, queria crescer logo para poder sair da colmeia sozinho, colher néctar das flores e trazer para ajudar a produzir mel, por que é isso que as abelhas fazem.

Os dias passavam devagar, Abelardo ficava muito tempo na porta da colmeia suspirando e olhando para os campos floridos e as árvores cheias de passarinhos voando de um lado para o outro e cantando, por que é isso que os passarinhos fazem.

As abelhas soldado que guardavam  a entrada da colmeia diziam para Abelardo:

- Tenha paciência, um dia será uma abelha grande e forte como nós e poderá sair.

Mas Abelardo sentia vontade de sair, não podia esperar mais e, naquela noite, enquanto a Lua brilhava alta no céu, decidiu que no outro dia iria até o campo ver as flores de perto, sentir os perfumes, aproveitar o lindo dia de sol e trazer quanto néctar pudesse carregar. Só assim provaria que já era grande o suficiente para sair e todos ficariam orgulhosos, inclusive a rainha. Era bem possível que a rainha ficasse tão feliz que mandasse preparar uma homenagem para ele.

Abelardo não dormiu a noite toda de tão ansioso e logo que percebeu que estava amanhecendo, foi saindo bem devagarzinho para não ser visto, voou o mais rápido possível para o campo florido e ficou escondido até que o sol iluminasse as flores. Então saiu muito empolgado, realizando seu sonho ia de flor em flor, sem perceber que cada vez se afastava mais da colmeia.

Depois de muito tempo pousou numa flor vermelha e confortável para descansar e acabou adormecendo. Acordou somente com um vento muito forte que balançava não só sua flor, mas o campo e as árvores. Era uma grande tempestade de verão que acabava de chegar. Abelardo tentou se agarrar na flor que dançava com o forte vento, mas suas forças foram acabando até que foi vencido e carregado de um lado para o outro pelo vento. Abelardo foi parar no oco de uma árvore, onde ficou escondido enquanto sentia o vento e ouvia a forte chuva até que o vento foi se acalmando e a chuva diminuindo.

Finalmente o Sol voltou a brilhar. Abelardo saiu de seu esconderijo, percebeu que não sabia mais onde estava. Saiu voando devagar olhando para um lado e para outro, mas não reconhecia nada até que avistou uma casa e foi até lá tentar encontrar ajuda para voltar para a colmeia.

Abelardo entrou pela janela e viu uma aranha na teia no cantinho do teto com uma parede onde ficava um velho e fumacento fogão a lenha, dirigiu-se a ela desesperado e perguntou:

- Dona Aranha, me perdi na tempestade e não consigo encontrar o caminho de volta para a minha colmeia. A Senhora pode me ajudar?

A aranha respondeu:

- Eu não posso te ajudar! Ainda tenho que terminar de tecer 152 casaquinhos para meus filhinhos que vão nascer e ainda consertar um pedaço da teia que se desprendeu da parede. Por que é isso que as aranhas fazem!

Abelardo agradeceu a aranha e saiu pela janela em busca de ajuda e viu um gato deitado no gramado do quintal, aproximou-se dele e perguntou:

- Senhor gato, me perdi na tempestade e não consigo encontrar o caminho de volta para a minha colmeia. O Senhor pode me ajudar?

E o gato respondeu:

- Ajudar? Agora não posso! São cinco horas da tarde e eu preciso cochilar aqui no gramado, por que é isso que os gatos fazem.

Abelardo agradeceu, continuou voando em volta da casa e encontrou um cachorro no jardim da frente. Voou até ele e disse:

- Senhor cachorro, me perdi na tempestade e não consigo encontrar o caminho de volta para a minha colmeia. O Senhor pode me ajudar?

E o cão respondeu:

- Agora não posso! Estou tomando conta da casa para meu dono, por que é isso que os cachorros fazem.

Abelardo agradeceu e saiu voando já meio triste e encontrou um touro no campo ao lado da casa. . Voou até ele e disse:

- Senhor touro, me perdi na tempestade e não consigo encontrar o caminho de volta para a minha colmeia. O Senhor pode me ajudar?

E o touro respondeu:

- Agora não posso! Estou pastando a grama verdinha deste campo, por que é isso que os touros fazem.

Abelardo agradeceu, saiu voando e sentou-se numa pedra até que começou a anoitecer. Ele já estava cansado de sua aventura e também muito triste por que todos estavam ocupados demais para ajudá-lo e começou a chorar.

A Lua que o observava ficou com pena e perguntou por que ele estava chorando.

Abelardo contou toda a história que desejava sair sozinho, mas que havia se perdido e que ninguém o ajudava.

A Lua então procurou o touro e disse:

Ajude Abelardo encontrar o caminho de casa ou ficarei na frente do Sol, assim será sempre noite e não haverá mais grama verdinha para você pastar, por que sem a luz do Sol as plantas não ficam verdinhas.

O touro ficou muito preocupado, mas não sabia como encontrar o caminho da colmeia de Abelardo e por isso foi ter com o cachorro e disse:

- Cachorro! Encontre o caminho da casa da abelha ou lhe darei uma cabeçada!

O cachorro ficou muito preocupado, mas não sabia como encontrar o caminho da colmeia de Abelardo e por isso foi ter com o gato e disse:

- Gato! Encontre o caminho da casa da abelha ou eu vou lhe perseguir!

O gato ficou muito preocupado, mas não sabia como encontrar o caminho da colmeia de Abelardo e por isso foi ter com a aranha e disse:

- Aranha! Encontre o caminho da casa da abelha ou lhe derrubarei da teia!

A aranha ficou muito preocupada, mas não sabia como encontrar o caminho da colmeia de Abelardo e por isso o gato a derrubou da teia, o cachorro perseguiu o gato, o touro deu uma cabeçada no cachorro e Abelardo chorava por que ninguém o ajudava e todos foram ter com a Lua.

Todos eles falavam ao mesmo tempo, reclamando e fazendo a maior confusão até que a Lua pediu silêncio e falou:

- Amanhã pela manhã todos vocês irão ajudar Abelardo, esse é o único jeito!

Quando amanheceu, os animais se reuniram e começaram a discutir como poderiam fazer e o touro disse:

- Gato! Suba naquela árvore alta e veja se encontra o campo florido que a abelha falou, por que o senhor enxerga longe!

E o gato respondeu:

- Eu enxergo longe, mas não vou subir na árvore por que depois não sei descer!

- Senhora aranha – disse o touro – suba na árvore e encontre a direção!

E a aranha respondeu:

- Eu sei subir e descer da árvore, mas sou tão pequenina e não enxergo muito longe!

Todos ficaram em silêncio novamente até que o touro voltou a falar:

- Então a Senhora aranha sobe na árvore junto com o Senhor gato!

A aranha pulou sobre o gato e se agarrou em sua orelha. Assim que estava acomodada, o gato pulou na árvore e foram subindo de galho em galho até chegar no alto. O gato logo encontrou a direção do campo florido e então a aranha disse:

- Pule para aquele galho, Senhor gato! Agora para aquele! Isso mesmo, devagar!

Até que conseguiram chegar ao chão em segurança. O touro dirigiu-se ao cão:

- Senhor cachorro, agora é sua vez, vá farejando na direção que o gato apontou! Vamos encontrar a colmeia!

O cão saiu farejando o ar e o chão e dizia:

- Sinto cheiro de mel, estamos chegando perto!

Em pouco tempo passaram animados pelo campo florido e chegaram na árvore onde ficava a colmeia. Abelardo ficou muito feliz, agradeceu, por que finalmente com a ajuda de todos, ele pôde voltar para casa.

Ricardo Socudo

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