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OS DOIS TOUROS E A RÃ






          A novilha era bela e harmoniosa, e por isso cortejada insistentemente pelos dois touros do rebanho. Mas como ela não se decidia por nenhum dos pretendentes, chegou um momento em que eles decidiram disputar no campo de luta o amor da donzela, usando para isso, toda a força e coragem que possuíam. E assim a briga começou, mas enquanto ela se desenrolava, uma rã que a tudo assistia comentou pesarosa com a companheira a seu lado:

          - Está vendo só? Eu não tenho mesmo sorte.

          - Como assim? - perguntou a outra, sem entender por qual razão sua amiga tanto se lamentava.

          - Você não percebe? Os dois touros estão brigando, não é mesmo? Um deles vai ganhar a briga, e o perdedor será forçado a abandonar o pasto onde costuma ficar, e virá refugiar-se no brejo onde moramos. Aí então nós, rãs, vamos correr o risco de sermos pisoteadas pelo brutamontes fujão, e se isso acontecer, muitas da minha família acabarão se transformando em vítimas inocentes de uma disputa amorosa que não diz respeito a nenhuma de nós.

          E ela tinha razão, porque foi isso mesmo o que aconteceu. O touro que ganhou a briga botou seu adversário para correr, este procurou esconder-se no brejo, e nesse vai e vem acabou pisando e esmagando mais de vinte pequeninas rãs, que apavoradas, não sabiam o que fazer para escapar da criatura gigantesca que de repente lhes surgira pela frente.

          Moral da história: Desde que o mundo é mundo, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

Baseado em uma fábula de La Fontaine

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