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OS TRÊS PELADOS FILHOTINHOS





Era uma vez, numa floresta, um casal de passarinhos que, apaixonados, fizeram seu ninho na árvore mais alta. A fêmea pôs três ovinhos e, um belo dia, nasceram três pelados filhotinhos.
Foi o dia mais feliz da vida do casal. Agora eles tinham a responsabilidade de cuidar e alimentar três vidinhas. Saíam todos os dias em busca de comida e quando voltavam, lá estavam os três com seus biquinhos abertos esperando o alimento. O tempo foi passando. Eles foram ganhando penas, mas ainda não sabiam voar para procurar comida. Dependiam dos pais.
Um dia o casal saiu para cumprir a sua tarefa. Os três ficaram no ninho com a recomendação: - Não tentem sair, pois lá fora é perigoso.
Ficaram aguardando. O tempo foi passando, a fome apertando e os pais não voltavam. Piaram muito chamando por eles. Nada.
Enquanto isso, no outro lado da floresta, a mãe estava desesperada. O pai ficara preso numa arapuca. Ela voava baixo como que tentando soltar o companheiro. Como? Ela não tinha força no bico para levantar a armadilha. Seu pensamento estava no ninho. Fez de tudo. Como não conseguiu nada, pousou em cima da arapuca e ficou sentada como se estivesse protegendo o seu amado.
Passado uns instantes, ouviu vozes. Eram dois moleques que chegavam tagarelando. O maior dizia ao menor:
- Acho que pegamos um passarinho.
O outro perguntou:
- Posso ficar com ele?
- Pode não, a arapuca é minha e o que estiver nela também é meu.
Estavam quase próximos quando avistaram a mãe em cima da armadilha. O moleque maior não teve dúvidas, sacou o estilingue e, com uma pedrada certeira, matou a pobre ave. O pai tremeu. Os moleques, felizes, levaram o prisioneiro.
Lá, no ninho, a situação era dramática. Os três filhotinhos gritavam de fome. Foi neste momento que, voando solitária, chegou uma papagaia atraída pelos pios dos irmãos. Pousou num galho mais acima do ninho e ficou observando. Entendendo a situação ela voou, poucos minutos depois voltou. Trazia consigo comida e alimentou os irmãos. Finalmente eles se calaram. A papagaia voltou para o galho mais alto e ficou aguardando. Já estava escurecendo e nada dos donos do ninho voltarem. Então, num gesto solidário, ela voltou ao ninho. Acomodou-se. Abriu as asas quentinhas para abrigar os canarinhos órfãos. Ficou por ali um bom tempo com a tarefa de cuidar deles. Ensinou-os a voar, a procurar comida e a evitar as armadilhas. Quando eles partiram para o mundo, ela ficou triste. Sacudiu as penas e voou para o meio da floresta em busca de outros órfãos.

Moral: Só a solidariedade é que pode melhorar o mundo.

 
Maria Hilda de Jesus Alão

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