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Os Três Amigos







Era uma vez três amigos que decidiram ir viajar pelo seu país fora, como na época em que esta história se passa não existiam carros tiveram que viajar a pé e durante vários dias.
O grupo de amigos era o seguinte, O Cacheira de Ferro, o mais inteligente e líder do grupo a alcunha é esta porque para qualquer lugar que ele vá leva sempre a sua cacheira, o Arranca Pinheiros, o mais forte, é lenhador tal como o seu pai dai a alcunha, e o Leite de Burra o mais fraquinho do grupo que tem esta alcunha pois quando ele nasceu a mãe não tinha leite para o amamentar e tinha que lhe dar o leite que uma burra que a família tinha.
Num desses dias enquanto visitavam uma pequena aldeia decidiram ficar por lá durante alguns dias para a poderem conhecer melhor e visitar tudo o que tivesse algum interesse.
Perguntaram a um homem que encontraram no caminho se conhecia alguma casa que eles pudessem alugar para passar uns dias por lá.
O homem disse que tinha uma casa que lhes podia alugar, mas que estava assombrada.
Eles aceitaram, o Cacheira de Ferro disse que não havia problema nenhum com a assombração, que essas coisas não existem, o Arranca Pinheiros disse que eles não tinham medo e que se essa tal assombração aparecesse que ele estava lá para defender o grupo, já o Leite de Burra estava cheio de medo.
No primeiro dia em que ficaram na casa assombrada decidiram que o Leite de Burra ficava lá a cozinhar enquanto os outros dois iam dar uma volta pela terra e nos outros dias iam trocando que ficaria em casa.
Estava o Leite de Burra a fazer a sopa quando ouviu um barulho:
– Ai que eu caio, Ai que eu caio – Dizia uma voz vinda da chaminé.
Ele lembrou-se logo da assombração e disse muito assustado:
– Cai, mas não caias em cima da sopa.
Mas a assombração caiu e entornou a sopa toda, o Leite de Burra ficou ainda mais assustado e quando os dois amigos regressaram contou-lhe a história ainda a tremer.
Então no dia seguinte decidiram que quem ficavam em casa era o Arranca Pinheiros.
Estava ele a tratar do jantar quando ouviu um barulho:
– Ai que eu caio, Ai que eu caio – Dizia uma voz vinda da chaminé.
Confiante na sua força disse:
– Cai lá para veres o que te acontece.
Mais uma vez a assombração caiu e entornou toda a comida que ele tinha preparado para ele e os seus companheiros de viagem.
Quando os outros voltaram do passeio desse dia, estava o Arranca Pinheiros ainda a limpar a cozinha, contou-lhes o que se tinha passado e o Leite de Burra disse:
– Estão a ver! É melhor irmos embora desta terra e continuarmos a nossa viagem.
Mas o Cacheira de Ferro, que não é de ficar com medo, disse:
– Nem pensar! Amanhã fico cá eu e vamos ver se desta vez jantamos!
Os outros, que estavam ainda meio amedrontados, disseram:
– Mas tem cuidado, esta assombração é mesmo perigosa.
– Não se preocupem – Disse o Cacheira de Ferro – Fico aqui bem protegido pela minha cacheira que já me ajudou muitas vezes.
No dia seguinte, estava o Cacheira de Ferro a preparar o jantar e lá voltou a voz da chaminé:
– Ai que eu caio, Ai que eu caio.
Ao que ele respondeu:
– Cai lá.
Quando a assombração caiu, o Cacheira de Ferro deu-lhe uma forte cacheirada que deixou a assombração ferida.
Quando os amigos voltaram do passeio ele contou-lhes o que se tinha passado e decidiram seguir o rastro que a assombração tinha deixado, pois estava ferida.
O rastro terminava num poço, que por ser de noite, eles não conseguiam ver o fundo. Foram ter com o dono da casa e pediram-lhe uma corda e uma sineta.
Quando voltaram para junto do poço o Cacheira de Ferro disse:
– Vamos lá ver que tipo de assombração é esta que fica ferida e foge para dentro de um poço. Leite de Burra, como és o mais levezinho és o primeiro a descer ao poço, quando estiveres com medo toca a sineta.
– Eu?! – Disse ele – Mas eu já estou com medo.
– Vá deixa-te disso – Disseram ou outros – Estamos aqui para te ajudar.
– Está bem – e atou a corda à cintura e começaram a desce-lo lentamente.
Pouco tempo depois começou a tocar a sineta, os outros puxaram-no rapidamente para cima.
– Então o que viste? – perguntou curioso o Cacheira de Ferro
– Nada, só moscas e mosquitos – respondeu o Leite de Burra
– Agora vou lá eu ver – disse o Arranca Pinheiros enquanto atava a corda à cintura.
Começaram a desce-lo e pouco tempo depois começou também ele a tocar a sineta, puxaram-no rapidamente para cima.
– Então? – perguntaram o Cacheira de Ferro e o Leite de Burra
– Nada, só moscas e mosquitos – respondeu ele.
Mais uma vez o Cacheira de Ferro, não desistiu e foi ele ver o que teria aquele poço.
Começaram a desce-lo e passados alguns metros, as moscas e mosquitos tinham desaparecido e ele conseguia ver agora um grande palácio.
Quando chegou ao fundo foi andando até à porta do palácio, foi então que viu uma linda princesa à janela, tão linda que ficou logo apaixonado.
– Ora viva bela princesa – disse ele para chama à atenção.
– Que fazes tu aqui? – disse ela com espanto.
– Vim pedi-la em casamento, pois assim que a vi fiquei completamente apaixonado.
– É melhor ires já embora antes que o grande guardião do palácio do poço aqui chega, senão, vais ter que lutar com ele.
– Não tenho medo, com a minha cacheira já derrotei muitos guardiões.
– Mas nesta luta não poderás usar a tua cacheira, será uma luta com espadas. Deves escolher a mais feia e ferrugenta já que é a única espada boa.
Ainda estavam eles a conversar quando chegou o grande guardião, quando o Cacheira de Ferro olhou para ele reconheceu-o logo.
– Então eras tu que nos andavas a assustar! Não existe nenhuma assombração.
– Queira que fossem embora para não nos chatearem, assim que o Joaquim vos alugou a casa fui lá para ver se vos mandava embora, mas já vi que não consegui, por isso vais ter que lutar comigo. Escolhe a tua espada.
– Quero a ferrugenta.
– O quê? Queres a ferrugenta, tens esta aqui limpinha e brilhante e escolhes a ferrugenta, queres perder a luta?
– Sim, quero a ferrugenta – Insistiu ele.
Começou então a luta, como o Cacheira de Ferro tinha a melhor espada conseguiu rapidamente derrotar o grande guardião. Quando a luta terminou a princesa saiu do palácio e correu para os braços do Cacheira de Ferro.
– És muito corajoso e aceito o teu pedido de casamento, graças a ti já não sou prisioneira deste terrível guardião, que não me deixava sair do palácio para nada.
Marcaram então o casamento para esse mesmo dia, a princesa mostrou ao Cacheira de Ferro a entrada secreta para o poço, ele foi lá a cima chamar os seus amigos para festa.
Desde esse dia nesta aldeia nunca mais se ouviu falar de assombrações, e no poço como estavam todos muitos felizes não se sabe se ainda lá estão hoje, pois todos os que tentaram entrar no poço só viram moscas e mosquitos.
Quem sabe se um dia alguém verá o palácio com a princesa, o Cacheira de Ferro e os seus grande amigos, Arranca Pinheiros e Leite de Burra.


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