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A Pequena NÃO e a Grande NÃO






A pequena NÃO está sentada num banco do parque a comer chocolate.

   É mesmo muito pequena, minúscula e fala muito baixinho.

   Chega uma senhora gorda e pergunta:

   — Posso sentar-me à tua beira?

   A pequena NÃO sussurra:

   — Não, preferia ficar sozinha.

   A senhora grande e gorda nem ouve, e senta-se no banco.

   Vem um rapaz a correr e pergunta:

   — Posso ficar com o teu chocolate?

   A pequena NÃO volta a sussurrar:

   — Não, quero comê-lo sozinha.

   O rapaz não ouve, tira o chocolate à pequena NÃO e começa a comê-lo.

   Chega um homem que a pequena NÃO já viu muitas vezes no parque e pergunta:

   — Olá, miúda! És tão bonita. Posso dar-te um beijinho?

   A pequena NÃO sussurra pela terceira vez:

   — Não, não quero beijo nenhum.

   Mas o homem parece não perceber. Chega-se à pequena NÃO e prepara-se para lhe dar um beijo.

   A pequena NÃO perde a paciência de vez!

   Levanta-se, estica-se e grita com toda a força:

   — NÃÃÃO! NÃO, NÃO e NÃO!

   Quero sentar-me sozinha no banco…

   …quero comer o meu chocolate…

   …e não quero que me deem beijos!

   DEIXEM-ME IMEDIATAMENTE EM PAZ!

   A mulher gorda, o rapaz e o homem arregalam os olhos de espanto:

   — Porque não disseste logo? — e vão embora.

   E quem está agora sentada no banco?

   Uma grande NÃO! É grande, forte e fala em voz alta:

   — É assim. Se se diz sempre NÃO muito baixinho e com medo, as pessoas não ouvem. Temos de dizer NÃO alto e bom som.

   Foi assim que a pequena NÃO se tornou uma grande NÃO.

Gisela Braun
Das große und das kleine NEIN
Mülheimer an der Ruhr, Verlag an der Ruhr, 1991
(Tradução e adaptação)

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