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A Flor Mágica






  Era uma vez duas irmãs. Uma muito bonita e a outra muito feia.

   Certo dia em que passeavam pelo bosque à procura de frutos silvestres, ouviram alguém chamar e gemer. Era o anão Malaquias. Tinha ficado preso num silvado e não conseguia soltar-se. A irmã bonita começou a rir. A feia cortou os espinhos e pousou o anão são e salvo no chão.

   — Como forma de te agradecer, vou ensinar-te o caminho para a flor mágica — disse o anão. — Quem a levar ao rei, tornar-se-á rainha. Segue o ribeiro até à nascente. É aí, entre as pedras, que nasce a flor mágica.

   Dito isto, desapareceu.

   — Sou eu quem vai buscar a flor. Tu és demasiado feia para ser rainha — disse a irmã bonita à irmã feia.

   E partiu imediatamente. Quando andara já um bom pedaço, encontrou um sacho no meio do caminho.

   — Leva-me contigo — pediu o sacho.

   — Não. Estás muito sujo — disse a moça, e prosseguiu.

   Mais à frente, encontrou um regador no meio do caminho.

   — Leva-me contigo — pediu o regador.

   — Não. És muito pesado — disse ela, prosseguindo.

   Mais à frente, encontrou uma corda no caminho.

   — Leva-me contigo — pediu a corda.

   — Não. Não serves para nada — respondeu a
moça, seguindo caminho.

   Quando o sol estava no seu ponto mais alto, chegou finalmente à nascente. Só que a nascente estava a secar, a terra, ressequida e a flor, murcha.

   — O anão mentiu — disse a
moça e, furiosa, regressou a correr pelo mesmo caminho.

   — Vai agora tu — disse ela à irmã, no dia seguinte, contente por saber que ela iria fazer o longo caminho em vão.

   A irmã feia fez-se, então, ao caminho. Quando já tinha andado um bom bocado, encontrou um sacho.

   — Leva-me contigo — pediu o sacho.

   — Com todo o gosto — disse a
moça. — Se calhar, ainda vou precisar de ti.

   E, com o sacho ao ombro, continuou. Mais adiante, encontrou um regador.

   — Leva-me contigo — pediu o regador.

   — Com todo o gosto — disse a moça. — Se calhar, ainda vou precisar de ti.

   De sacho ao ombro e regador na mão, a
moça continuou. Um pouco mais à frente, encontrou uma corda caída no caminho.

   — Leva-me contigo — pediu a corda.

   — Com todo o gosto — disse a rapariga. — Se calhar, ainda vou precisar de ti.

   E lá continuou, com o sacho ao ombro, o regador numa mão, e a corda na outra.

   Quando o sol tinha atingido o seu ponto mais alto, chegou à nascente, mas a fonte estava a secar, a terra ressequida e a flor mágica, murcha.

   A moça pegou no sacho e escavou a terra. Com o regador, regou a flor. Por último, pegou na corda e com ela endireitou a flor. A flor começou então a reviver. A água subiu pelo caule até às folhas, o botão endireitou-se em direção à luz e abriu-se. A moça observava, espantada.

   Olhava para a flor e nem se deu conta de que, a pouco e pouco, ela própria estava a tornar-se tão bonita quanto a flor. Cortou-a e levou-a ao rei. O rei ficou muito contente ao ver a bonita moça com a flor e, tal como tinha prometido, fez dela rainha.

   A irmã bonita, essa foi ficando cada dia mais feia com a inveja.

Max Bolliger
S. Risefäscht
Aarau, AT Verlag, 1990

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