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O Bonequinho de Pano




O bonequinho de pano andava muito aborrecido porque tinha acontecido  que a menina, sua dona, era um pouco maluquinha.
Chegava a casa e dizia:
– Bonequinho! Bonequinho! Vou-te vestir de menina.
E o bonequinho vestia:  uma saia e uma blusa  e trancinhas no cabelo..
– Ai que lindo bonequinho eu tenho na minha mão…
E o boneco perguntava:
– Afinal o que é que eu sou ?
Sou menino ou sou menina?
Sou rapaz ou moça?
Sou boneco ou sou boneca ?
E a menina dizia:
– O que  é não importa,  desde que saiba ser bom, levantar cedo da cama e ficar logo prontinho para fazer o teu trabalho.
– Mas eu não sei trabalhar. Sou muito pequenininho.
– Sabe. Cada um com o seu trabalho: o meu pai, a minha mãe  e eu que vou à escola  aprender e estudar.
– E eu, que sou um boneco onde vou trabalhar?
– O teu trabalho, boneco é ficar à minha espera para comigo brincar.

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Meninos de todas as cores







Era uma vez um menino branco chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos e dizia:
É bom ser branco
porque é branco o açúcar, tão doce,
porque é branco o leite, tão saboroso,
porque é branca a neve, tão linda.
Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma amiga chamada Flor de Lótus, que, como todos os meninos amarelos, dizia:
É bom ser amarelo
porque é amarelo o Sol
e amarelo o girassol
mais a areia da praia.
O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador chamado Lumumba que, como os outros meninos pretos, dizia:
É bom ser preto
como a noite
preto como as azeitonas
preto como as estradas que nos levam para
toda a parte.
O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos.
Escolheu para brincar aos índios um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:
É bom ser vermelho
da cor das fogueiras
da cor das cerejas
e da cor do sangue bem encarnado.
O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Babá, que dizia:
É bom ser castanho
como a terra do chão
os troncos das árvores
é tão bom ser castanho como um chocolate.
Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:
É bom ser branco como o açúcar
amarelo como o Sol
preto como as estradas
vermelho como as fogueiras
castanho da cor do chocolate.
Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.


Conceição Dinis; Fátima Lima (org.)
Aventura das Letras
Porto, Porto Editora, 2003


A Lenda do Boto







O Boto é uma animal mamífero, parecido com um golfinho, que vive nas águas dos rios.
O Boto-cor-de-rosa rosa que deu origem à lenda do Boto vive nas águas da Bacia Amazônica Brasileira e do bacia do rio Orinoco na Venezuela. Podem chegar a medir quase três metros na idade adulta e apresentam podem apresentar coloração rosa, acinzentada (tucuxi) e preta.
Diz a lenda que ao anoitecer o Boto se transforma em um belo rapaz, alto e forte que sai das águas a procura de diversão,festas e uma namorada. Vai a várias festas, dança muito, costuma beber bastante também. Antes do amanhecer ele tem que voltar para o rio, pois senão transforma-se em boto novamente.
Algumas pessoas relatam que o boto se transforma em um rapaz elegante, bem vestido e que sempre usa chapéu(para esconder um orifício que possui na cabeça).
Nas festas ele geralmente seduz alguma mulher bonita, casada ou não, a convida para dançar e depois saem da festa para namorar.
Antes do amanhecer ele retorna ao rio, deixando a namorada que geralmente não torna a vê-lo. Pouco tempo depois a moça descobre que ficou grávida do tal moço.
Na região Amazônica sempre que uma moça solteira engravida suspeita-se logo que se trata de um filho do boto.
Dizem que o boto adora as índias e gosta muito de mulheres com roupas vermelhas.