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Desculpa... Por acaso és uma bruxa?










Era uma vez um gato preto como o carvão.

Vivia sozinho na rua porque não tinha muitos amigos.
Quando o frio apertava, o Leonardo refugiava-se na biblioteca. Era um lugar quentinho e confortável. Cheia de bons livros para ler.

Certo  dia, Leonardo  descobriu um livro chamado: “A Enciclopédia das Bruxas”. Era muito interessante e entre outras coisas dizia: 
As bruxas usam meias às riscas e chapéus pontiagudos .
As bruxas viajam na suas vassouras .
As bruxas tem caldeirões para aquecer suas poções mágicas.
As bruxas cuidam de toda a espécie de animais de estimações: corvos, lagartas, corujas e morcegos, mas têm um carinho muito especial por gatos pretos.
“Se eu encontrar uma bruxa , talvez nunca mais sofra, nem de frio, nem de solidão”. – Pensou o Leonardo e assim...
...lá se foi ele à procura de uma bruxa.

Enquanto caminhava pela rua Leonardo, viu  uma menina que usava meias às riscas, tal e qual como as bruxas do livro.
- Desculpa… por acaso és uma bruxa? – Perguntou-lhe.
Quando a menina se virou, deu um pulo!
- AAAAAAAI!!! Um gato preto!! – Gritou. – É sinal de má sorte. – E desatou a correr, como se tivesse visto um fantasma.
- Sou assim tão assustador? – Pensou o Leonardo. E depois de um suspiro triste, continuou a sua caminhada.
O Leonardo ouviu o som que parecia um sopro ou assobio.
Alguém estava a varrer a calçada com uma vassoura que era igualzinha as que tinha visto no livro. Tinha de ser uma bruxa?
- Desculpa… por acaso és uma bruxa? – Perguntou o Leonardo.
- Será que pareço uma bruxa? – Perguntou ele ao Leonardo e o riso  escapava-lhe através do bigode farfalhado.
- Fiz asneira... – Disse o Leonardo...
... E continuou a descer a rua…
Eis senão quando o Leonardo avistou através de uma janela uma senhora a cozinhar num caldeirão grande e preto. Era muito parecido com os caldeirões da enciclopédia.  A senhora era de certeza uma bruxa.
O Leonardo aproximou-se da janela e perguntou:

- Desculpa… por acaso és uma bruxa?
- Como se atreve a chamar-me de bruxa? – Gritou a senhora toda esganiçada. – Some-te gato malvado! E nunca mais ponha os pés aqui!
- Eu não queria ser malcriado... – Murmurou o Leonardo, afastando-se de mansinho...

- Quem me dera encontrar uma bruxa, mas não estou com sorte nehuma. – Matutava o Leonardo enquanto regressava para a biblioteca.

 Foi buscar um livro na prateleira  e começou a lê-lo. Não reparou nas seis  meninas estranhas que estavam atrás da estante...
... Mas nenhuma delas tirava os olhos de Leonardo. Agarraram-no e encheram-no de festas e abraços.
- Que gatinho preto tão querido!!! – Exclamaram todas. O Leonardo não podia estar mais envergonhado!
Nessa altura, ouviu-se uma voz de senhora:
- Pouco barulho,minhas bruxinhas! Não se esqueçam que estamos numa biblioteca!

- Desculpem… por acaso são bruxas?- perguntou Leonardo.

- Claro! – respondeu a senhora que as acompanhava. - Essas bruxinhas são as minhas aprendizes e eu sou a bruxa mestra.

E eram mesmo bruxas – com vassouras, meias às riscas e chapéus pontiagudos, tal e qual como nas imagens da enciclopédia! E todas perguntaram se podiam levá-lo para casa...
- Eu chamo-me Leonardo. – Disse o gato preto com firmeza.- E não posso ir para a casa de vocês.
- Tem razão! – Disse a bruxa mestra. – Mas se quiseres, nós podemos levar-te para nossa escola.
- Claro que quero! – respondeu feliz. E todas as meninas aplaudiram com alegria a decisão do gatinho.
- E agora,meninas, silêncio, por favor. Escolham os livros e preencham a requisição. – Disse a bruxa mestra.
- Tu também, Leonardo. – Acrescentou. – Em seguida voltaremos à escola para uma lição sobre feitiços e poções... E eu vou te mostrar o teu novo lar. Vais adorar ser um gato de uma verdadeira escola de bruxas.

E todas as meninas ficaram felizes e aplaudiram.

Regressaram à sua escola, montadas nas suas vassouras e levaram o gato Leonardo com elas.

A partir daquele dia recebeu abraços, festinhas e comida todos os dias.


Emily Horn


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