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A Fuga da Bailarina





Numa  caixa bem florida
Morava a menina Nina,
Que  dançava nas pontas dos pés
E que era bailarina.
Saía, de vez em quando, quando a caixa era aberta,
Uma música tocava
E ela bailava  esperta.
Por entre colares e brincos,
A bailarina morava 
Tinha um espelho bem no meio
Em que ela sempre se olhava.
Jóias de ouro e de prata,
Esmeraldas e rubi
Guardadas e organizadas
Em  saquinhos de organdi.
A caixa era bem guardada
Onde não se podia ver,
Lá em cima do armário,
Para assim não se perder.
Nina passava seus dias
Inteirinhos a esperar
Que a caixa fosse aberta
Pra ela poder bailar.
Ficava no escuro
Ensaiando seus passinhos,
Mas  sentia-se  muito só.
Precisava de carinho.
Tinha segredos antigos
Que Nina sabia guardar.
Mas o tempo foi passando,
E ela queria ver
Como era o mundo lá  fora
Pra livre ela viver.
Decidida  ela estava
Que da caixa fugiria,
Queria bailar para o mundo
Voltar  a  ter  alegria.
Lembrava-se da primeira vez
Em que a caixinha fora aberta.
Foi no décimo aniversário
Da menina Felisberta,
Que ficou paralisada
Qual surpresa ela sentiu!
Não parou de dar risada 
E junto da caixa dormiu.
Nina lembrava-se em silêncio
Dos tempos de outrora.
Felisberta envelhecera,
Era agora uma senhora.
Nina  estava bem atenta,
Foi quando a caixa se abriu,
Numa noite friorenta
A bailarina fugiu.
Tratou  de tirar o ímã
Grudado na sapatilha
E acabou derrubando no chão
Uma linda gargantilha.
Correu  pelo mundo  afora
Saltitando, a bailar,
Procurando companhia
Pra que pudesse dançar.
A pequena bailarina 
Andou por toda cidade ,
Até o dia amanhecer
E ser tudo claridade.
Foi quando ela adormeceu,
perto do relojoeiro, um senhor bem engenhoso,
e que andava bem ligeiro.
Ele apanhou-a do chão,
levou-a para dento da loja, para perto de outra bailarina
que se chamava Carlota.
Juntas, elas conversaram
como foram suas vidas
de bailar dentro de caixas.
Foi quando Carlota  acabou
com a curiosidade de Nina,
Dizendo-lhe que naquele lugar
havia  outras  bailarinas.
O senhor relojoeiro
de longe as vislumbrava,
olhou-as  naquele momento,
viu que não eram sucatas.
Dançavam com classe e amor.
Resolveu juntar todas na mesa
e as quebradas, que ele consertou,
juntas, elas bailavam,
ensaiavam  noite e dia
felizes, elas  nem notaram
a presença da fada Maria.
Maria era velha conhecida
do senhor relojoeiro,
consertava com magia
os relógios  estrangeiros.
O  nobre  senhor a chamara
pra presenciar tal encanto,
Mas ela logo lhe dissera:
- Magia ainda virá. Esteja pronto!
 Dormiram naquele  noite
ansiosas por outro dia:
Saíram com o relojoeiro
e a linda fada Maria.
Sem saber bem o lugar
que seriam levadas,
ficaram com muito medo
de voltarem para as suas caixas.
Mas o  dia amanheceu
E Nina, feliz da vida,
companheiras encontrou,
pra bailar e ser aplaudida.
Dentro de um lindo  teatro
E o relojoeiro arrumou
todas em cima do palco.
Uma música ao longe
começou logo a tocar
e elas recomeçaram a bailar.
Neste momento uma luz
as envolveu de repente
e as  bailarinas das caixinhas
começaram a virar gente.
Dançaram suavemente 
todas juntas um balé
e todas ali presentes
aplaudiram de pé.
Como num passe de mágica,
quem  estava passando ali  em frente daquele  lindo teatro
resolveu entrar de repente.
A porta daquele teatro 
estava agora aberta
e feliz foi a surpresa de Nina
ao ver na platéia, Felisberta.
Uma  lágrima  rolou
dos  olhos  daquela senhora,
lembrando-se  da bailarina
que um dia fora embora.
Lembrava-se  com muita saudade dos tempos de criança
de quando ganhara a caixa
da  bailarina que dança.
Saiu daquele teatro
para a loja do relojoeiro,
que tinha as mais belas caixinhas com bailarinas e espelhos.
Compraria de presente
Para dar a sua filha
para guardar com carinho
as lembranças de família.
Nina jamais se esqueceria
daquele dia feliz
em  que pode bailar de verdade como ela sempre quis.
Os aplausos ainda soam
como um balé de magia.
Viva o senhor relojoeiro!
e viva a fada Maria!



 Autoria de Bianca Oliveira Botelho


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