Páginas

Azul claro, é claro!






Anos atrás, em uma cidadezinha chamada Fraterna, aconteceu um fato muito interessante. Um dia, alguém acordou gritando feliz para todos ouvirem que ele tinha encontrado a solução para todos os problemas do mundo. Dizia que os homens eram infelizes, tristes, nervosos e estressados porque não tinham resolvido os problemas mais simples da vida. Então, qual era a receita que estava sendo divulgada com tanta ênfase naquela manhã?

O autor daquele barulho todo, um menino de 12 anos, dizia que toda vez que se zangava,
perdia a serenidade e ficava triste, ele olhava para o céu azul - azul claro, é claro - e logo a paz voltava. Ele concluiu que se todo o mundo fosse pintado de azul - azul claro, é claro - os homens seriam felizes. Como espalhar essa ideia genial?

Resolveu escrever uma carta aos presidentes dos países mais importantes do mundo, pois se eles pintassem seus países de azul - azul claro, é claro - todos os outros iriam fazer o mesmo, e a paz no mundo seria plena. O menino enviou as cartas e esperou … esperou … esperou e nada de respostas. Pensou: talvez seja mais fácil convencer o presidente do meu país. Escreveu e recomendou que se fizesse uma lei determinando que tudo no país fosse pintado de azul claro. O menino esperou … esperou … esperou e nada de resposta. O presidente deve ser muito ocupado, pensou.

Talvez o governador seja a pessoa indicada. Nosso estado será o exemplo para o país,
que será exemplo para o mundo. E escreveu para o governador. O menino esperou … esperou … esperou e nada de resposta. Ele não desanimou. Pensou: vou escrever para o prefeito. Começando pela minha cidade é mais fácil convencer o governador e os presidentes, e a paz reinará. O menino esperou … esperou … esperou e nada de resposta.

Triste porque ninguém dera-lhe resposta sobre um assunto tão importante como a paz no mundo, sentou debaixo da árvore no jardim de sua casa e começou a chorar. Depois de algum tempo, o menino levantou-se para brincar, quando olhou surpreso para a sua casa: não era azul, e sim branca desbotada. Levantou-se e gritou: "É claro. Depende de mim, de mais ninguém!
Minha casa vai ser azul".

Depois de alguns dias sua casa era outra. Estava toda azul - azul claro, é claro. O menino estava feliz porque dera o início ao seu plano de paz no mundo. Todos os  que passavam por ali olhavam aquela casa de azul - azul claro, é claro - e sentiam-se alegres se estavam tristes, sorridentes se estavam sisudos, em paz se estavam nervosos. Muitas pessoas gostaram tanto daquela cor que pintaram suas casas também de azul - azul claro, é claro. A ideia do menino foi se espalhando pelo planeta, e lá do espaço os astronautas atestaram que a terra estava azul - azul claro, é claro.

O menino entendeu que qualquer transformação tem seu ponto de origem em cada um de nós. Para transformar o mundo, antes eu tenho que me transformar.


(Texto baseado no livro "Teo, O Menino Azul", de Paulo R. Costa, Editora Riani Costa)





Macaquinho


Toda as noites o macaquinho passava pra cama do pai e ficava mexendo, e pulando, e dando chute, e não deixava o pai dormir.

Canto: Macaquinho, sai daí (bis)
Você tem sua cama pra se deitar
Papai quer dormir
Porque você não volta pra lá?

Macaquinho - Por que eu tô com frio.

O pai macaco cobriu o macaquinho com lençol, mas depois de um tempo lá estava o macaquinho de novo na cama do pai,
Canto: Macaquinho, sai daí (bis)
Você tem sua cama pra se deitar
Papai quer dormir
Por que você não volta pra lá?

Macaquinho - Por que eu tô com fome.

O pai macaco deu mamadeira pro macaquinho, mas não adiantou. Depois de um tempo, já tava de novo na cama do pai.

Canto: Macaquinho, sai daí (bis)
Você tem sua cama pra se deitar
Papai quer dormir
Por que você não volta pra lá?
Macaquinho - Tô com vontade de fazer xixi.

Cada dia o macaquinho dava uma desculpa: medo, cama apertada... até que um dia ele falou a verdade.

Macaquinho - Eu quero ficar na sua cama porque fico com saudades de você.

Aí o pai macaco entendeu. E começou a brincar com o macaquinho todas as vezes que chegava do trabalho, ao invés de só ver televisão. O macaquinho ficou todo feliz e nunca mais passou pra cama do pai. E nunca mais o pai macaco precisou cantar:

Canto: Macaquinho, sai daí (bis)
Você tem sua cama pra se deitar
Papai quer dormir
Por que você não volta pra lá?

  
Ronaldo Simões Coelho. Macaquinho. Belo Horizonte, Lê, 1985
Adaptação: Nick Zarvos e Bia Bedran