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A QUIROMANTE E A CENTOPÉIA





Um dia a centopeia foi consultar uma quiromante. Queria saber se o namorado gostava mesmo dela.
Na verdade queria saber se o namorado queria casar com ela, mas se gostasse já era meio caminho andado para o casório.
Daí a quiromante, que já tinha lido o futuro em muitas e muitas mãos e linhas do coração, da cabeça e da vida em centenas de palamas, nunca havia topado antes com tantas mãos para ler de uma vez só, e muito menos tantas mãos em uma só pessoa. 

A quiromante respirou fundo, arregaçou as mangas e enfrentou o maior desafio de sua carreira de profissional ledora das linhas das mãos, onde está escrita a verdade.
E leu a segunda mão da centopeia. E viu que o namorado da centopeia não casaria com ela.
Acontece que a centopeia chega a ter 170 mãos. E deu empate.
85 mãos diziam que sim. 85 mãos diziam que não.
Mas a centopeia saiu contente. Achou que a metade dos sim era mais forte que a metade dos não.
E a quiromante também ficou feliz. Tinha acertado na leitura de todas as mãos da centopeia.
Afinal, o futuro era isso mesmo. Metade certezas. Metade dúvidas.


(Ulisses Tavares)

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