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Fábulas tortas – Dilea Frate - A dificuldade e a felicidade








A felicidade se encontrou com a dificuldade e falou: “você atrapalha a minha existência”.
A dificuldade, muito difícil que era vez de responder, criou um caso: colocou dez pedras enormes no caminho da felicidade. A felicidade, que já estava com as asas meio tortas de tanto levar pedrada, pulou uma, duas, três, quatro, cinco... E quando chegou a sexta, ufa! Descansou e reclamou um pouco:
“Você não me deixa passar, saia do meu caminho!”
Então a dificuldade, chatinha e difícil que era, continuou calada e colocou mais doze pedras no caminho da felicidade. Ela puxou outra vez a alavanca da determinação e começou a pular: uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete... Ufa! Na hora da oitava, se deitou e pensou:
Estou cansada. Por que ela não sai do caminho?!
Ai... A dificuldade colocou mais catorze pedras enormes na estrada. A felicidade levantou-se, determinada e séria, e começou a pular: uma, duas, três, quatro, cinco, seis... Exausta, chegou a pular treze pedras e quando já estava quase na última, ops! Deu de cara de novo com a dificuldade:
“O que é isto, não acredito! Outra vez você no meu caminho?”
A felicidade não vacilou. Respirou fundo, sorriu e alavancou a força necessária para pular a última pedra.
A dificuldade ficou parada, olhando, e disse apenas:
“Eu existo para que você me vença, não para impedir a sua passagem.”
A felicidade então prosseguiu mais feliz: sabia agora pular as pedras que iria encontrar pela estrada. Uma estrada muito, muito longa.

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