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A fada que tinha ideias - Capítulo 06 - A volta da gota de chuva



                    
  No dia seguinte, Clara Luz estava na sala brincando com relampinho, que tinha ficado muito seu amigo.
  Nisso, ouviu uma voz na janela:
  - Clara Luz!
  Olhou e viu a Gota, toda amarelinha e muito satisfeita.
  - Até que enfim! - gritou Clara Luz - Como você custou a se evaporar!
  - Pensa que é fácil? Experimente evaporar-se, para ver como é difícil.
  E a Gota pulou para dentro, cheia de novidades:
  - Tive uma sorte danada! Imaginem que caí numa floresta. Vocês nem podem calcular como foi!  As fadas de lá disseram que nunca viram nada tão lindo como essa chuva colorida.
  Clara Luz ficou contentíssima:
  - É, mesmo?
  - É sim. Mas elas pensam que foi a Rainha quem mandou essa chuva. Eu não contei que foi você.
  Clara Lua e Relampinho rolaram de rir:
  - Imagine se elas descobrirem!
  - Elas pensam que foi agradecimento da Rainha, porque este ano elas fizeram uma primavera muito bonita.
  - O que é primavera? - perguntou Relampinho, que ainda era muito ignorante.
  - É uma coisa que há lá na Terra, de vez em quando. Uma espécie de festa - explicou Clara Luz.
  - Pois este ano, as fadas da floresta capricharam na primavera - contou a Gota. - Eu ainda vi o fim. Cada flor maravilhosa!
  Relampinho e Clara Luz suspiraram,  com uma vontade louca de ir ver a primavera também.
  - Então - continuou a Gota - as fadas pensam que essa chuva colorida a Rainha mandou para agradecer o  esforço delas, lá na floresta.
  - Como vão ficar tristes, se descobrirem que a Rainha nem viu primavera nenhuma! - disse Clara Luz. - Você fez muito bem em não contar que fui eu quem  coloriu a chuva.
  - Sei o que faço - respondeu a Gota, com ares importantes.
  - Como foi, quando você chegou lá? - quis saber Clara Luz.
  - Foi formidável! As árvores, as plantas, estavam  todas enfeitadas de gotas de todas as cores. Parecia uma  floresta de pedras preciosas. Os rios e as cachoeiras corriam roxos, cor-de-rosa, azuis. E as fadas dançavam entre as árvores, com a chuva colorida escorrendo pelos cabelos.
  - Que beleza! - exclamaram Clara Luz e Relampinho.
  - E na cidade? - quis saber Clara Luz. - Gostaram da chuva?
  - As crianças gostaram muito. Os grandes não viram.
  - Puxa! Não viram?
 - Alguns viram, mas fingiram que não viram, para os outros não pensarem que eles eram malucos.
  - Ser maluco é ver? - perguntou Relampinho, que não estava entendendo nada.
  Clara Luz e a Gota riram da carinha dele.
  A Gota continuou a contar:
  - Mas houve uma pessoa que detestou, mesmo, essa chuva. Ficou danada da vida!
 - Quem?
  - Uma bruxa, chamada Feiosa, que mora lá na floresta. Eu caí num riacho, o riacho foi me levando e acabei no quintal da casa dessa bruxa. Uma casa muito feia, caindo os pedaços.
  - Mas por que ela não gostou da chuva?
  - Ela detesta coisas bonitas. Disse que vai mandar uma carta à Rainha, proibindo-a de colorir a casa dela.
  - Vai dar uma confusão! - exclamaram Clara Luz e Relampinho, morrendo de rir.
  - Quando cheguei, ela estava esfregando tudo com a vassoura, para sair todo o colorido. Quando me viu, assim amarelinha, ficou furiosa e quis varrer-me. Foi aí que eu tratei de me evaporar e voltar.
  A Fada-Mãe vinha entrando, nesse momento.
  - De que estão falando, tão animados?
  Clara Luz e a Gota contaram-lhe tudo.
  A Fada-Mãe ficou preocupadíssima:
  - Se essa bruxa mandar a carta, mesmo, eu nem sei o que vai acontecer! A Rainha até hoje não sabe da chuva colorida. Pela carta, vai ficar sabendo de tudo e vai querer descobrir quem alterou a chuva sem ordem dela.
  - Mas mamãe, essa chuva só vai trazer benefícios! Para o ano as fadas das florestas vão caprichar mais ainda na primavera. Ninguém gosta de fazer primavera à toa.
  - Minha filha, isso não é da sua conta. Você precisa se convencer de que você não é a Rainha, ouviu?
  - Sabe, mamãe, na minha opinião, tudo é da conta de todos. Justamente isto é que dá um trabalhão.
  A Fada-Mãe ficou olhando para Clara Luz:
 - Minha filha, você não será muito pequena para ter tantas opiniões? Tenho medo que faça mal à sua saúde!
  - Não se preocupe, mamãe. Desde os três anos de idade, eu comecei a ter opiniões. Agora estou com dez, de modo que tenho sete anos de prática.
  - É ... Isso é verdade ... Você tem praticado bastante - concordou a Fada-Mãe.
  Clara Luz, a Gota e Relampinho foram brincar no jardim.
  A Fada-Mãe ficou espanando a poeirinha de prata dos móveis e pensando naquele assunto da bruxa:
  - Agora a Rainha vai descobrir  tudo,  inclusive que Clara Luz nunca passou da Lição I do Livro.  Não sei o que vou dizer quando ela me chamar, para dar explicações.


 

Fernanda Lopes de Almeida

  

2 comentários:

  1. Meu deus depois de quase 20 anos achei essa historia. Li esse livro com 8 anos e me encantou. Nunca esqueci apesar de nao saber o titulo lembrava apenas que tinha a palavra fada no titulo e uma gotinha que virava chuva e evaporava. Agora estou emocionada por ter descoberto. Vou procurar encontrar no mercado livre quero muito comprar para meus filhos����

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    1. Legal você ter gostado, Barbara.
      Talvez vc encontre na estante virtual.
      bjs

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