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Super mãe






Era uma vez uma floresta onde havia uma terrível bruxa de um olho só.
Perto da floresta moravam duas crianças, Gabi e Zezé, com sua mamãe. A mamãe conhecia os perigos da floresta e sempre dizia aos seus filhos: “Nunca brinquem na floresta, pois a bruxa de um olho só pode pegar vocês.”
Certo dia Gabi e Zezé saíram para brincar de manhã e, quando começou a anoitecer, ainda não haviam voltado para casa. A mamãe ficou muito preocupada e, ao ver que seus filhinhos não retornavam, resolveu sair em busca deles.
Passando perto da floresta, perguntou a um coelho que estava ali sentado: “Você viu duas crianças andando por aqui?” E o coelho respondeu: “Vi sim! Elas estavam brincando e entraram na floresta.”
A mamãe ficou muito preocupada: “Ah, não! Será que a bruxa de um olho só pegou os meus filhinhos?” O coelho aconselhou: “É melhor ir atrás deles, pois se a bruxa de um olho só os encontrou, ela vai assá-los amanhã para o almoço!”
“E você sabe onde a bruxa mora?”
“Olha, eu não sei, mas outros animais que vivem dentro da floresta poderão te ajudar. Mas cuidado – a floresta tem muitos perigos…”
A mamãe tinha muito medo do escuro e nunca havia andado pela floresta mas, como todas as mamães, era capaz de fazer qualquer coisa pelos seus filhos. Então ela entrou na floresta e começou sua busca. Ainda bem que a lua estava cheia, e assim a noite não estava tão escura.
Andou, andou, andou… até que de repente ouviu um barulho que vinha de perto: “Tsss! Tsss!” Era uma cobra!
A cobra parou na frente da mamãe e perguntou:
“Aonde vai assim a essa hora? Não sabe que a floresta é perigosa?”
“Estou atrás dos meus filhos que entraram na floresta e acho que a bruxa de um olho só está com eles… você sabe onde ela mora, dona cobra?”
“Eu posso te dar uma dica: para chegar à casa da bruxa, você precisa seguir pela margem daquele rio. E tem mais uma coisa: vou te dar um presente que vai te ajudar! Pegue essa chave mágica. Ela abre qualquer porta do mundo!”
A mamãe pegou a chave, chegou perto do rio e foi seguindo pela margem. Andou, andou, andou… até que viu um animal com uma boca grande e dentes afiados… era um jacaré! A mamãe perguntou:
“Senhor jacaré, é por aqui que consigo chegar à casa da bruxa de um olho só?”
“Sim, você está no caminho certo, e eu posso te ajudar dando uma dica: a casa da bruxa fica depois da jabuticabeira gigante. E eu vou te dar algo que vai te ajudar – pegue essa capa invisibilizadora!”
A mamãe pegou a capa e foi andando. Andou, andou, andou até que viu uma jabuticabeira muuuuito grande, como nunca havia visto em toda a sua vida. E pensou: “É por aqui… a casa da bruxa deve estar perto! Mas e agora, por onde vou? Pela direita ou pela esquerda?”
De repente, ouviu algo de arrepiar os cabelos:
“Auuuuu, auuuuu, auuuuuu!!!”
Era um lobo! Ele veio se aproximando e perguntou:
“Aonde vai assim tão tarde?”
“Estou atrás dos meus filhos, que devem estar com a bruxa de um olho só. O jacaré me disse que a casa ficava perto dessa jabuticabeira, mas agora não sei para qual lado eu vou…”
“Eu posso te ajudar: você deve ir andando pela direita – logo vai encontrar a casa da bruxa. E vou te dar essa pedra, que se for acertada no olho da bruxa irá derrotá-la!”
A mamãe pegou a pedra e foi pelo caminho indicado pelo lobo. Andou, andou, andou até que finalmente chegou à casa da bruxa de um olho só!”
Mas a casa estava trancada. E agora, como a mamãe iria entrar?
Ela se lembrou da chave que ganhou da cobra! Entrou na casa da bruxa de mansinho e viu que a bruxa de um olho só estava na cozinha esquentando o forno. Do outro lado da cozinha havia um quarto, e a mamãe ouviu a bruxa dizendo assim:
“Logo vou colocar essas duas crianças no forno! O almoço de amanhã vai ser delicioso!”
A mamãe tinha que passar pela bruxa sem ser notada. E agora?
Ela lembrou-se da capa invisibilizadora! Colocou a capa, ficou invisível e andou até o quarto. Aproveitou que a bruxa deu uma saidinha da cozinha e abriu a porta com a chave mágica. Lá dentro, tirou a capa e fez sinal para as crianças ficarem quietinhas. Zezé e Gabi deram um abraço bem gostoso na mamãe!
“Que saudades, mamãe! Nós sabíamos que você viria nos salvar!”
De repente, a bruxa de um olho só entrou no quarto e gritou:
“O que está acontecendo aqui?”
E agora? O que fazer?
A mamãe lembrou-se da pedra que ganhou do lobo! Atirou a pedra bem no meio do olho da bruxa, que caiu na mesma hora!
Os três saíram correndo da casa da bruxa e fizeram o caminho de volta para casa pela floresta.
Chegando em casa, os três se abraçaram bem forte e Gabi falou:
“Você é uma heroína, é nossa Super Mãe! Nunca mais vamos te desobedecer…”
E os três viveram muito felizes!


Lívia Alencar

O indiozinho e o jacaré





Era uma vez um indiozinho muito brincalhão e corajoso que se chamava Cauê.
Como todos os curumins, Cauê adorava brincar com pião, peteca, e também de pique-esconde, pega-pega, e muitas outras brincadeiras… era super divertido se reunir com seus amigos e passar quase o dia todo brincando e explorando a mata!
Aliás, Cauê adorava andar pela mata e ver tantos bichos diferentes: anta, sapo, jabuti, tucano, arara, mico-leão-dourado, onça, cobra… Cauê dizia que não tinha medo de nada e que podia até mesmo enfrentar uma sucuri se um dia desse de frente com uma.
Mas todo mundo tem medo de alguma coisa, não é? Só que às vezes a gente não quer admitir, e com Cauê também era assim… ele não dizia pra ninguém, mas cada vez que ouvia um índio contando que havia enfrentado um jacaré, ele tremia todo por dentro.
Cauê não podia nem se imaginar dando de cara com um jacaré… aquela boca gigantesca cheia de dentes enormes e pontudos… ai, que arrepio!
Certo dia, os amigos de Cauê o chamaram para dar uma volta de canoa no rio e pescar, e era justo um rio onde ele sabia que tinha muito jacaré…
– Vamos lá, maninho, vai ser chibata!
– Sabe, é que eu tenho que ir logo pra casa… a mamãe pediu minha ajuda pra fazer farinha…
– O que foi, mano? Tá com medo?
Cauê não podia deixar seus amigos achando que ele tinha medo de jacaré, pois ele era considerado um dos curumins mais corajosos entre eles, então ele foi.
Subiram todos na canoa – eram dez indiozinhos ao todo. O sol estava forte e o rio estava calmo, sem banzeiro.
Foram remando rio abaixo e todos estavam muito animados – menos Cauê, que olhava apreensivo para um lado e para o outro, atento a qualquer sinal de jacaré.
Então eles pararam no meio do rio para pescar e cada um lançou sua linhada na água. Tudo estava indo bem até que, DE REPENTE…
Cauê foi o primeiro a ver aqueles olhos horripilantes aparecendo por cima da água e se aproximando da canoa!
– Jacaréeeeeeeeeee!!!
Foi o maior alvoroço! Os indiozinhos começaram a remar desesperados em direção à beirada. O desespero foi tão grande que a canoa quase – QUASE – virou!
O jacaré, que estava faminto e doido para almoçar um indiozinho, abriu o seu bocão e nadou rapidamente atrás deles.
“Hum, hoje eu vou encher a minha pança com uns três indiozinhos!”, pensava o jacaré.
E quando ele estava quase alcançando  a canoa… apareceu Ubiratã, o índio mais maceta e temido de toda a tribo, que já havia lutado com muitos jacarés, e que era muito famoso e conhecido entre os jacarés.
Esse jacaré já havia ouvido falar muito de Ubiratã e, quando viu que ele se aproximava para enfrentá-lo, achou que não valia a pena lutar com ele e que era melhor matar sua fome com uns peixes… então ele se virou e foi embora.
Quando viram o jacaré indo embora, os indiozinhos suspiraram aliviados e fizeram a maior festa!
– Ubiratã, ainda bem que você apareceu! Você nos salvou do jacaré!
Cauê era quem estava mais aliviado, claro, e decidiu, daquele dia em diante, tomar muito cuidado e não ir nadar ou pescar onde ele sabia que era perigoso, só porque seus amigos estavam chamando.
Afinal, certos medos são bons e servem para proteger a gente, não é mesmo?


PIM PIM RI RI PIM PIM, ESSA HISTÓRIA CHEGOU AO FIM!

Lívia Alencar

A aranha Mara e o arco-íris






Do outro lado do mundo havia uma aranha muito curiosa que se chamava Mara.
Para Mara, a coisa mais bonita do mundo era o arco-íris. Sempre que um arco-íris aparecia, a pequena aranha ficava observando e se perguntando como aquelas lindas cores iam parar lá no meio do céu azul, formando um arco tão bonito.
Um dia, depois de uma chuva gostosa, ao ver um lindo arco-íris, Mara teve uma ideia: começou a tecer uma teia em direção ao céu. Foi tecendo até que lançou uma das pontas da teia no arco-íris. A teia ficou presa no arco vermelho e Mara começou a subir. Subiu, subiu, subiu e finalmente chegou ao arco-íris!
Que lindo ver a Terra lá embaixo com suas florestas, mares e cidades! Olhando de cima do arco-íris, tudo ficava mais colorido! Mara estava muito alegre e satisfeita!
Foi quando veio se aproximando alguém – um duende! Ele carregava latas de tinta de sete cores diferentes.
“O que faz aqui, pequena aranha?”, perguntou o duende.
“Vim conhecer o arco-íris”, explicou Mara. “E você, o que faz aqui?”
“Ora, eu sou um artista e essa é minha arte – eu sou o pintor do arco-íris!”, declarou com orgulho o duende.
“Que honra a minha conhecer o dono dessa arte! Suas cores trazem mais alegria aos meus olhinhos e aos olhos de muitas pessoas e bichos lá embaixo!”.
“Claro! A vida, quando é colorida, fica mais alegre! Mas, olhando para você, estou achando que falta uma cor no seu corpinho, não acha? Você é toda de uma cor só… que tristeza…”
Mara nunca havia parado para pensar naquilo… Olhou bem para si mesma e concluiu que realmente era meio sem graça e passava despercebida com aquela cor que lhe cobria o corpo.
“Se eu fosse colorida como o arco-íris, talvez seria muito mais feliz…”, suspirou Mara, balançando suas patinhas.
“Eu posso resolver o seu problema!”, disse o duende. “É muito fácil! As minhas tintas já estão bem aqui. Deixe comigo e eu vou te transformar na aranha mais colorida e feliz do mundo!”
A pequena aranha ficou muito entusiasmada. Parou e esperou o duende fazer sua arte.
Horas depois, ela estava pronta! E foi assim que Mara ficou:
Uma patinha VERMELHA.
Uma patinha LARANJA.
Uma patinha AMARELA.
Uma patinha VERDE.
Uma patinha AZUL.
Uma patinha ANIL.
Uma patinha VIOLETA.
E uma patinha MARROM, pois o duende deixou essa como era.
E o corpinho dela ficou com as sete cores misturadas.
Mara estava muito feliz! Agora ela colorida como o arco-íris!
Agradeceu ao duende e saiu toda apressada, caminhando por sua teia de volta para casa. Não via a hora de mostrar às suas amigas seu corpinho novo.
Porém, assim que encontrou suas amiguinhas aranhas, que decepção…
Uma falou assim:
“Olha só que aranha estranha, toda colorida!”
Outra se assustou:
“Ah, que monstro é esse?”
E outra começou a rir:
“Nossa, essa aranha veio direto de uma festa à fantasia!”
Mara ficou tão triste com aquelas reações que desatou a chorar. Suas lágrimas banharam seu corpinho e aos poucos foram tirando a tinta. Não demorou muito para a pequena aranha voltar à sua cor natural.
As amigas de Mara, ao perceberem que era sua amiguinha querida que ali estava, foram logo consolá-la. Ela explicou-lhes o que havia feito e uma delas deu um abraço apertado em Mara, dizendo:
“Não chore, Mara, você é linda assim como nasceu! Não precisa ficar colorida para ser feliz. Nós gostamos de você do jeitinho que você é!”
Mara abriu um sorriso e compreendeu: o arco-íris realmente era muito bonito, mas ela era linda com a sua própria cor.
A partir daquele dia, cada vez que via um arco-íris, a pequena aranha lembrava-se daquela história engraçada, olhava para si mesma e se sentia muito feliz!

Lívia Alencar

Nhá Barbina





Eu tinha uma amiga muito teimosa que se chamava Nhá Barbina.
Um dia, nós fomos convidadas para uma festa junina lá na fazenda do Seu Zé, que ficava muuuito longe. O caminho era um pouco perigoso, mas a Nhá Barbina queria ir de qualquer jeito.
Eu falei pra ela:
– Mas não vai, Nhá Barbina!
E ela:
– Mas eu quero ir!
– Mas não vai, Nhá Barbina!
– Mas eu quero ir!
Então nós fomos. Andemo, andemo, andemo, até que cheguemo perto de um rio. A Nhá Barbina inventou que queria nadar no rio, mas ela não sabia nadar.
Eu falei pra ela:
– Mas não vai nadar, Nhá Barbina!
– Mas eu quero nadar!
– Mas não vai nadar, Nhá Barbina!
– Mas eu quero nadar!
Ela pulou no rio e logo começou a gritar:
– Ai! Socorro!!! Socorro!!! Estou me afogando!!!
E lá fui eu pular no rio pra salvar a Nhá Barbina!
Depois que ficou tudo bem, continuamos nossa viagem. Andemo, andemo, andemo, até que cheguemo perto de uma montanha. A Nhá Barbina inventou de subir a montanha.
Eu falei pra ela:
– Mas não vai subir, Nhá Barbina!

– Mas eu quero subir!

– Mas não vai, Nhá Barbina!
– Mas eu quero subir!
Então ela foi. Subiu, subiu e, logo, ficou desesperada e começou a gritar:
– Ai! Socorro! Eu vou cair, eu vou cair!!!
Lá fui eu mais uma vez salvar a Nhá Barbina!
Depois que ela parou de gritar, continuamos andando. Andemo, andemo, andemo, até que finalmente cheguemo na festa.
A festa junina do Seu Zé estava linda!!! Tinha um monte de comida gostosa, estava tudo enfeitado, e tinha também muito rojão.
Acontece que a Nhá Barbina inventou de soltar rojão!
Eu falei pra ela:
– Mas não vai soltar, Nhá Barbina! Rojão é muito perigoso!
– Mas eu quero soltar!
– Mas não vai soltar rojão, Nhá Barbina!
– Mas eu quero soltar!
Pois bem – ela pegou o rojão e acendeu. Então eu gritei:
– Agora solta, Nhá Barbina!
– Mas não quero soltar!
– Solta, Nhá Barbinaaaa!!!
– Mas não quero soltar!
De repente… PUM!!! O rojão estourou!!!
E o que você acha que aconteceu com a Nhá Barbina?
Ficou toda queimada…
Entrou por uma porta e saiu pela outra. Quem quiser, que conte outra!

(conto popular do interior de São Paulo)