Medo do Escuro







Era uma vez uma estrela que tinha medo do escuro.
- Imagine! - dizia a mãe, uma estrela grande e brilhante. - Isso é possível!?!
- Imagine! - exclamava o pai, um estrelão dos mais respeitados.
- Imagine! - repetia o sol, o chefe de todas as estrelas.
Mas o caso é que aquela estrela tinha medo do escuro.
Ela ficava o tempo todo dentro das nuvens, com a luz acesa vendo televisão.
Quando o sol ia dormir, ele apagava a luz e abria a porta da noite, por onde as estrelas deviam entrar.
- Vamos - dizia a mãe da estrelinha.
- Vamos- repetiam as outras estrelas.
- Vamos! - ordenava o estrelão, com sua voz grossa.
Mas ela não ia.
Ficava de luz acesa, às vezes chupando o dedo, com muito medo do escuro.
Então, chamaram a lua.
A lua era assim  muito jeitosa para falar com as estrelinhas.
Sabia contar histórias.
Sabia falar macio, numa voz que parecia música.
E ela foi falar com a estrela que tinha medo do escuro.
- Vamos? - chamou.
E chamou de um jeito doce.
A estrelinha olhou pra lua.
Mas não se mexeu.
- Olha - disse a lua. Você é uma estrela. E as estrelas devem brilhar.
- Mas eu tenho medo do escuro! - disse a estrelinha.
- Mas é o escuro que foge de você. - disse a lua.
- Como assim? - perguntou a estrelinha.
- Quer ver? - disse a lua.
E tomou a estrelinha pela mão e saiu do meio das nuvens e entrou pela porta da noite.
A estrelinha ia andando e, como não podia deixar de brilhar, o escuro ia ficando cada vez mais longe.
Quanto mais ela andava, para mais longe o escuro ia.
- Eu não disse? - falou a lua. - O escuro foge de você.
A estrelinha sorriu.
E não teve mais medo.

(Medo do Escuro, de Antônio Carlos Pacheco. Série Pique. Ática. Adaptado para fins didáticos.)


Tapete confeccionado pela contadora de história Cristina Lazaretti, utilizado para contação da história acima.

 

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