A toupeira que queria ver o cometa







Era uma vez uma toupeira.
As toupeiras são míopes: só enxergam coisas que estão bem pertinho, encostadas na ponta do focinho.
É que elas moram em túneis. Este é o seu mundo: debaixo da terra. Lá dentro é tudo escuro, não há nada pra ser visto. Talvez elas tenham resolvido viver assim, por medo. A pena é que, lá no fundo se não vão os bichos perigosos, também não vão nem os pássaros e nem as borboletas, e não se vê nem o luar e nem o arco-íris. A toupeira da nossa história tinha um apelido: Ceguinha. Os outros bichos riam dela porque ela nunca via nada.
No jogo de cabra-cega nem precisavam pôr a venda nos olhos dela, já que ela não via nada nem quando estava com os olhos abertos.
E ela ficava sempre por fora das conversas, porque ela não sabia sobre o que falar.
Só falava sobre o seu túnel.
Enquanto a bicharada falava de frutas que cresciam no alto das árvores, ou de nuvens que ameaçava chuva, ou da beleza do arco-íris, ou da brancura do luar, ela nunca sabia do que se tratava, pois não podia ver o alto das árvores nem as nuvens que ameaçam chuva, nem a beleza do arco-íris e muito menos a brancura da lua.
Ela piscava os seus olhinhos míopes.
Certo dia ela percebeu algo incomum, um alvoroço entre os animais. Falavam sobre uma coisa nova, sobre o que nunca haviam conversado antes.
A dona Coruja, professora, especializada em coisas que acontecem à noite falava aos outros animais sobre um cometa.
A Coruja explicava que leu em um jornal que um cometa era uma coisa brilhante que aparece no céu, parecia estrela, mas não era, porque as estrelas estão sempre lá, no mesmo lugar, mas um cometa fazia uma visita e desaparecia, por muitos e muitos anos.
A Coruja explicava que o tal cometa só aparecia a cada 76 anos e que o cometa vem das lonjuras do céu. E os bichos ficavam parados, de boca aberta com D. Coruja que sabia tanto.
O rabo do cometa era tão grande, mas tão grande que ia do horizonte até o umbigo do céu, bem encima da floresta. Os bichos olharam pra cima, pra ver onde ficava o umbigo do céu. Ceguinha olhou também. Mas... Não viu nada. E se o cometa estava tão longe assim, que diferença ia fazer em sua vida e em seu túnel? Ceguinha já se preparava pra voltar pra casa quando ouviu D. Coruja dizer que o cometa tem poderes mágicos. Ele tem o poder de realizar os desejos de quem o vir. Se alguém, ao olhar pra ele, de todo o coração desejar alguma coisa, esta coisa acontece mesmo...
Ceguinha se virou tristemente e duas lágrimas caíram de seus olhos.

http://contandoradehistorias.blogspot.com.br/2009/03/

Um Amor de Confusão








Dona Galinha um ovo botou. Mas, quando foi passear, outros dois ovos no caminho ela encontrou.
Um ovo mais dois ovos com três ovos ela ficou. Dona Galinha os três ovos em seu ninho colocou. Mas, quando foi passear, outros dois ovos no caminho ela encontrou.
Três ovos mais dois ovos com cinco ovos ficou. Dona Galinha os cinco ovos em seu ninho colocou. Mas, quando foi passear, mais três ovinhos no caminho ela encontrou.
Cinco ovos mais três ovos com oito ovos ela ficou. Dona Galinha os oito ovos em seu ninho arrumou. Mas, quando foi passear, mais um ovo ela achou.
Oito ovos mais um ovo com nove ovos ela ficou. Dona Galinha os nove ovos em seu ninho ajeitou. Mas quando foi passear um ovo enorme ela encontrou.
Nove ovos mais um ovo com dez ovos ela acabou.
E, com paciência e carinho os dez ovos ela chocou.
Mas, que surpresa não foi o dia em que os ovos se abriram. Vocês nem podem imaginar os bichos que da casca saíram.
Nasceu ganso, pato, marreco e tartaruga. Apareceu codorna, pintinho e até um jacaré.
Agora eu só quero ver a confusão que vai ser na hora que essa turma sair pra comer. Có!???

(Dulce Rangel)

Zuzu, a abelhinha que não podia fazer mel






Zuzu era uma abelhinha igual a todas que você conhece.
Bem, igual, igual, não. Desde pequenina ela ficou sabendo que era um pouco diferente das outras: não poderia fabricar mel como suas companheiras.
No início, isso não tinha muita importância para ela. Mas, com o tempo, vendo como seus pais ficaram tristes, pois sonhavam com a filhinha estudando, se formando na Universidade do Mel, trabalhando, progredindo, como as outras abelhas da colméia, começou a ficar entristecida, magoada, porque percebeu que não atingiria as expectativas dos pais. Eles a levaram aos melhores especialistas do abelheiro, mas todos foram unânimes: Zuzu jamais seria igual às outras...
Zuzu vivia cabisbaixa, solitária, era motivo de gozação e brincadeiras de mau gosto por parte das outras abelhas de sua idade.
Certo dia, muito aborrecida, resolveu voar para bem longe. Sem perceber, aproximou-se de outra colméia, desconhecida. E logo percebeu que ali era diferente de onde ela morava: na entrada, algumas abelhas guardiãs também possuíam dificuldades: algumas não tinham uma asa, outras eram cegas...
À medida que foi penetrando nessa nova colônia, notava que em todos os setores as abelhas consideradas “deficientes”, trabalhavam e eram eficientes nas suas funções. Conheceu algumas que, como ela, não podia produzir mel. Todas estavam ativas e contentes: controlavam o estoque de mel, a qualidade do produto, e até chefiavam a produção. Isso a deixou muito feliz: ela também poderia ser útil!
Conversando, suas novas amigas lhe contaram que ali todas eram respeitadas e trabalhavam de acordo com as suas capacidades.
Exultante, Zuzu voltou para sua casa cheia de novidades. No início, todos acharam que aquilo era uma bobagem, um sonho, fruto da imaginação. Com perseverança foi, aos poucos, introduzindo novas idéias na sua colméia. Conseguiu levar uma comissão de ministros a outra colméia para que eles vissem que o seu ideal era possível. Assim, lentamente, na sua comunidade, foi sendo eliminado o preconceito às abelhas portadoras de cuidados especiais. Zuzu, como se sabe, chegou ao importante cargo de chefe da produção de mel de todo o reino, pela sua inteligência, pela suas habilidades, levando consigo muitas de suas irmãs.
Seus pais, agora venturosos, entenderam que a felicidade de Zuzu não está em fazer como os outros, mas em fazer como lhe é possível e da melhor maneira, evitando comparações.

Luis Roberto Scholl

Ideti — A menina preta que buscava a Deus





Ideti era uma menina órfã que morava com uma tia por nome Adelaiyê e sua prima Omon-Laiyê. Todos os que moravam naquela rua (Ôdé Aiyó), gostavam muito de Ideti e odiavam a prima Omon-Laiyê. Por este motivo Adelaiyê inventou juntamente com a filha que Ideti seria capaz de ir no céu com vida.
Imediatamente foram as duas ao palácio do rei Ôba-Laiyê dizer-lhe que Ideti tinha dito ser capaz de fazer uma proeza de que ele ou qualquer outro rei não seria capaz. Perguntou o rei o que dissera Ideti.
— Ela disse que pode ir com vida visitar Ôbá Orun e trazer como prova qualquer coisa de lá. — Respondeu Adelaiyê.
Então o rei mandou chamar Ideti e disse-lhe:
— Sob pena de morte quero que você vá visitar Obá Orun, pois me contaram que você andou dizendo ser capaz de fazer isto.
A moça negou que houvesse dito qualquer coisa parecida. Não sabia como alguém pudesse ir ao céu com vida.
— Ideti, — disse o rei, — já dei minha ordem. Agora só resta você pedir o que desejar para fazer a viagem, e que tenha boa sorte!
— Nada preciso, nada quero e nada temo, pois tenho fé em Obá Orun e no espírito de minha mãe. Ideti despediu-se do rei e de todos os que estavam presentes. Foi para seu quartinho, no fundo da casa da madrinha. Encomendou-se a Obá Orun e ao espírito de sua mãe. Arrumou sua trouxinha e saiu a caminho do céu, caminho que ela ignorava.
Andou bastante. Quando já estava muito cansada, sentou-se perto de uma encruzilhada, à sombra de um pé de lôko, que adornava o caminho, para comer um pouco do pouco que levava em sua trouxinha. Foi quando um pássaro pousou perto dela e cantou:
"Ideti Ideti, jála, julo, jála
Obé, aiyê ati arabirin iyá
Jála, júlo, jála
Pelo Omobirin - arabirin
Jála, júlo, jála, Eke
Pin minú I'owó otun
Obá Orun féré ú rárá
Jála, júlo, jála Ideti."
Com estes dizeres o pássaro dizia o seguinte: "Ideti, sua tia, sua prima e o rei levantaram um grande falso. Tome o lado direito deste caminho que Deus gosta de você e está à sua espera".
A menina recomeçou a jornada sempre pelo lado direito conforme ordenara o passarinho, até deparar-se com um grande portão. Parou e ficou pensando como haveria de atravessá-lo pois ali findava o caminho. O pássaro tornou a aparecer cantando assim:
"Ideti, Ideti, jála, júlo, jála, Ideti
Agoia ilê iwó ló esó Olorun
Jalá, juló, jalá Ideti
Okurin l'owó otun ati osi didê
Jála, júlo, jála Ideti
Olorun Agá ijokô
Jála, júlo, jála Ideti."
O pássaro voou e Ideti entendeu o seguinte: "Entre, você vai aos pés de Deus. Tem um homem em pé do lado direito e outro do lado esquerdo. O que está deitado entre os dois é Deus (Obá Orun)."
Ela tomou coragem, bateu no portão e este se abriu dando-lhe passagem. Foi andando e avistou uma casa muito grande e muito bonita. Quando chegou mais perto, em frente a uma enorme varanda, alguém veio a seu encontro perguntando:
— O que veio fazer aqui, menina?
— Vim ver Obá Orun.
— Você sabe que as pessoas que entram aqui não tornam a voltar?
— Sei. Porém com minha fé e por causa de que fizeram comigo ele me deixará voltar.
— Você conhece a quem veio ver?
— Não, mas se me for dado o direito de ver, conhecerei.
Levantou-se uma cortina e aquela pessoa perguntou ainda:
— Qual desses três é Obá Orun.
— É o do meio.
— Vem cá, minha filha, disse-lhe Deus. Mandaram você fazer todo esse sacrifício e você, confiada em mim, o fez. Receberá a recompensa de tudo isto depois que me catar uns cafunés.
Ela subiu numa espécie de tamborete e começou a catar os cafunés.
Deus perguntava sempre:
— Esta vendo alguma coisa?
Ela respondia:
— Não, senhor.
Mas via o mar, todo o céu, a terra com todos os seus habitantes, inclusive as casas do rei e da madrinha, o lugar onde ela morava etc.
Então ela começou a chorar pensando que teria de voltar e sofrer mais cativeiro mais ingratidão de sua tia e de morar naquele chiqueiro. Deus consolou-a dizendo:
— Não chore, Ideti, minha filha. Você vai ser muito feliz. Tome este espelho. Quando voltar e tiver de passar nos portões se alguma arárum (alma) tentar impedir, basta mostrá-lo que tudo se arranjará. Tome também estas três caixinhas. A vermelha, você entrega ao rei logo que chegar. A amarela é para sua tia e esta preta é para você. Depois que falar com o rei e com sua tia, vá para seu quartinho e abra a caixinha.
Ela pediu-lhe a bênção e ele respondeu:
— Vai, minha filha, meu pai que lhe abençoe. Dali começou a viajar de volta. Logo no primeiro portão uma porção de araruns ou eguns (almas, espíritos) se apresentaram cortando-lhe o caminho. Ideti lembrou-se do espelho que Olorun Orun lhe havia dado. Mostrou-o e os espíritos saíram da frente. Ela passou sem ter acontecido nada que a fizesse temer. No segundo e terceiro portões aconteceu a mesma coisa, e, por fim, vencendo todos os perigos, depois de uma longa viagem, ela deparou como já referido pé de lôko onde mais uma vez sentou-se para um pequeno descanso: Imediatamente surgiu o pássaro cantando desta maneira:
"Ideti, Ideti, Jála, júlo, jála
Ideti, Olorun Bucunfun-é
Jála, júlo, jála
Mo je ararun iyá ré
Jála, júlo, jála
Pewá bôjutô - onâ ré
Jála, júlo, jála Ideti."
Neste cântico o pássaro dizia-lhe o seguinte: "Ideti, Deus que lhe abençoe, sou o espírito de sua mãezinha que foi designado por Obá Orun, a fim de guiar e vigiar seus passos."
Neste mesmo instante o pássaro desapareceu para sempre.
Ideti ficou muito pesarosa, chorou um pouco, depois resignou-se e, levantando-se começou sua jornada, andou, andou muito, até que em uma manhã de um dia bonito ela deu com a cidade onde morava. Quando passou pela casa de Adelaiyê, sua prima Omon-Laiyê, que estava na janela, saiu gritando:
— Mamãe! Ideti voltou e trouxe um "mucado" de coisas. Será que trouxe alguns presente para nós?
— É bem possível, minha filha. Vamos nos preparar para recebê-la da volta de sua visita a Obá Orun.
Ideti ia andando em direção à casa do rei. Por onde passava, as pessoas paravam o que estavam fazendo e a seguiam dando vivas e saudando a Ideti, a imortal — Ideti a rainha de Odê Aiyó. Quando ela chegou a casa do rei este veio ao seu encontro. Ideti entregou-lhe a caixinha, despediu-se e voltou para a casa de sua tia, acompanhada por banda de música cânticos e toques de atabaques de todos os descendentes de sua raça que ali residiam. Mas junto a casa de Adelaíyê, todos debandaram porque não gostavam dela por causa dos maus tratos causados a Ideti que agora consideravam a sua nova rainha, a rainha imortal.
Mal Ideti botou os pés na porta, sua tia veio buscá-la junto com a prima, com os maiores cuidados, levando-a para tomar banho, trocar de roupa e oferecendo-lhe um grande almoço. Porém nada disso Ideti aceitou. Tratou logo de entregar-lhe a caixinha e encaminhou-se para seu quartinho.
Enquanto isso na casa do rei, quando todos saíram, este deu ordem para dizer aos que viessem procurá-lo, que não poderia atendê-los, que não queria ser incomodado porque ia gozar do presente que Obá Orun havia lhe enviado. Trancou-se no seu quarto e abriu a caixinha. Então de dentro dela saíram tantas formigas e de tantas qualidades que deixaram o pobre rei em ossos.
Por sua vez a tia de Ideti ficou bastante satisfeita com o seu presente. Chamando a filha encaminhou-se para um dos quartos da casa e quando abriram a caixinha saíram de dentro todas as qualidade de maribondos que acabaram com a vida das duas.
No seu quartinho Ideti também abriu sua caixinha depois de ter-se sentado um pouquinho para descansar e depois de ter tomado um golinho de omi (água). Nisto deparou-se com um caixão de defunto e desmaiou de susto. Quando voltou a si, estava num palácio grande e bonito, com muitos vassalos e damas de companhia para servi-la. Foi assim que Ideti passou a ser a rainha da Terra do Ôyó (Odê Oiyó).

(Em Seljan, Zora. "Conto nagô". Literatura. Rio de Janeiro, outubro de 1959)

Pessoas são Diferentes








São duas crianças lindas
Mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
A outra é cheia de dentes...
Uma anda descabelada,
A outra é cheia de pentes!
Uma delas usa óculos,
E a outra só usa lentes.
Uma gosta de gelados,
A outra gosta de quentes.
Uma tem cabelos longos,
A outra corta eles rentes.
Não queira que sejam iguais,
Aliás, nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
Mas são muito diferentes!

(Ruth Rocha)

Meus lápis de cor são só meus









A Lulu estava muito contente naquele dia.
É que era o dia do aniversário dela.
Quando ela chegou da escola j
á encontrou a mamãe preparando a festa.
O bolo j
á estava pronto, os brigadeiros, as balas e os pirulitos.
O papai estava enchendo as bolas e a tia Mari estava botando a mesa na sala.
Todos almo
çaram na cozinha para não atrapalhar as arrumações.
Ent
ão Lulu tomou banho e vestiu sua roupa nova, que a mamãe tinha comprado para ela. E se arrumou toda e a mamãe botou nela um pouquinho de água de colônia.
O primeiro convidado que chegou foi o priminho da Lulu, o Miguel.
Depois chegou a Ta
ís, o Arthur e o Caiã e todos os colegas do colégio.
E ficaram todos brincando no jardim.
A
í todos entraram para abrir os presentes.
Depois foram soprar as velinhas e cantar parab
éns.
Lulu gostou de todos os presentes, mas o que ela mais gostou foi da caixa grande de l
ápis de cor que se abria feito uma sanfona e que tinha todas, mas todas as cores, mesmo. Depois que todos foram embora a Lulu foi dormir e ela até botou a caixa de lápis de cor do lado da caminha dela.
Ent
ão, logo de manhã, a Lulu já se sentou na mesa da sala, pegou o bloco grande de desenho e começou a fazer um desenho bem bonito, com seus novos lápis. Aí chegou o Miguel, que veio passar o dia com ela.
Ele se sentou junto da Lulu e disse que tamb
ém queria desenhar.
Mas Lulu n
ão quis nem por nada emprestar os lápis a ele.
- Os meus l
ápis de cor são só meus! – ela disse.
A m
ãe de Lulu ficou zangada:
- Que
é isso, minha filha? Os dois podem desenhar muito bem. Empreste os lápis para o seu primo!Mas o Miguel já estava enjoado dessa conversa, e foi para fora andar de bicicleta. A Lulu desenhou casinhas e desenhou bonecas e desenhou um pato e um elefante. E pintou todos os desenhos com seus lápis novos e mostrou para a mamãe. Mamãe disse que estavam todos ótimos, mas que ela guardasse os desenhos e os lápis que ela precisava preparar a mesa para o almoço.
A Lulu juntou todos os l
ápis, mas, em vez de guardar na caixa, que é o melhor jeito para se guardar lápis, ela botou os lápis em cima do bloco e foi para o quarto, equilibrando tudo. Ela foi subindo as escadas, subindo as escadas, até que já estava chegando lá em cima, quando ela perdeu o equilíbrio e deixou os lápis caírem todos escada abaixo. Os lápis rolaram pela escada e foram batendo, batendo, batendo nos degraus.
A Lulu desceu as escadas e viu que todas as pontas dos l
ápis estavam quebradas. Então ela começou a chorar, que os lápis estavam estragados e que nunca mais ela ia poder desenhar. O Miguel, que estava brincando lá fora, veio correndo apara ver o que tinha acontecido.
Ent
ão ele disse à Lulu:
- N
ão chore não, Lulu, eu vou buscar meu apontador lá em casa e eu aponto todos os seus lápis. E ele foi e logo ele chegou com o apontador.
O Miguel apontou todos os l
ápis da Lulu.
Ent
ão a Lulu convidou:
- Miguel, voc
ê não quer desenhar comigo?
E o Miguel veio e eles fizeram uma por
ção de desenhos, e o Miguel ensinou a Lulu a fazer um automóvel e a Lulu ensinou o Miguel a fazer um elefante. Aí o Miguel ensinou a Lulu a fazer um foguete que voava direitinho. E a Lulu ensinou o Miguel a recostar umas bonecas engraçadas. E a Lulu se divertiu muito mais do que quando ela ficava desenhando sozinha...

(Ruth Rocha)