De onde vens, criança?
Que mensagem trazes do futuro?
Por que tão cedo esse batismo impuro que mudou teu nome?
Em que galpão, casebre, invasão, favela, ficou esquecida tua mãe?...
E teu pai, em que selva escura
se perdeu, perdendo o caminho
da barraca humilde?...
Criança periférica rejeitada...
Teu mundo e um submundo.
Mão nenhuma te valeu na derrapada.
Ao acaso das ruas-nosso encontro
És tão pequeno... eu tenho medo.
Medo de você crescer, ser homem.
Medo da espada de teus olhos...
Medo de tua rebeldia antecipada.
Nego a esmola que me pedes.
Culpa-me tua indigência
inconsciente.
Revolta-me tua infância
desvalida
Quisera escrever versos de fogo
e sou mesquinha.
Pudesse eu te ajudar, criança,
estigma de
Defender tua casa, cortar tua raiz
Chegada...
(Cora Carolina)
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