Franklin tem medo do escuro








Franklin consegue deslizar pelas margens do rio. Ele sabe contar até de trás pra frente. Ele já sabe fechar zíperes e abotoar suas próprias roupas. Mas Franklin tem medo de lugares pequenos e escuros. Isso é um grande problema porque...
Franklin é uma tartaruga. Ele tem medo de entrar em seu pequeno e escuro casco. Por isso, Franklin o arrasta preso por uma corda.
Todas as noites a mãe de Franklin pegava uma lanterna e iluminava por dentro do seu casco.
- Veja Franklin não há nada do que ter medo!
Ela sempre dizia isso. Mas Franklin estava certo de que monstros e seres assustadores viviam dentro de seu pequeno e escuro casco.
Então Franklin foi procurar ajuda. Ele andou até encontrar um pato.
- Escute-me, Pato. Eu tenho medo de lugares pequenos e escuros e, por isso, não consigo entrar em meu casco. Você pode me ajudar?
- Talvez – grasnou o Pato – Sabe, eu tenho medo de nadar numa lagoa muito funda. Às vezes, quando ninguém está olhando, eu uso minhas boias de plástico. Elas podem ajudar você?
- Não – disse Franklin – Eu não tenho medo de água.
Então Franklin andou e andou até encontrar um Leão.
- Por favor, Leão. Eu tenho medo de lugares pequenos e escuros e, por isso, não consigo entrar em meu casco. Você pode me ajudar?
- Talvez – rugiu o Leão – Sabe, eu tenho medo de barulhos muito altos. Às vezes, quando ninguém está olhando, eu uso meu tapa-ouvido. Ele pode ajudar você?
- Não – disse Franklin – Eu não tenho medo de barulhos muito altos.
Então Franklin andou e andou até encontrar um Passarinho.
- Por favor, Passarinho. Eu tenho medo de lugares pequenos e escuros e, por isso, não consigo entrar em meu casco. Você pode me ajudar?
- Talvez – piou o Passarinho – Eu tenho medo de voar alto. De sentir uma vertigem e me espatifar no chão. Às vezes, quando ninguém está olhando, eu uso meu pára-quedas. Ele pode ajudar você?
- Não – disse Franklin – Eu não tenho medo voar alto e ter uma vertigem.
Então Franklin andou e andou até encontrar um Urso Polar.
- Por favor, Urso. Eu tenho medo de lugares pequenos e escuros e, por isso, não consigo entrar em meu casco. Você pode me ajudar?
- Talvez – grunhiu o Urso Polar – Sabe, eu tenho medo de ficar congelado nas noites frias. Às vezes, quando ninguém está olhando, eu uso roupas que me aquecem para dormir. Elas podem ajudar você?
- Não – disse Franklin – Eu não tenho medo ficar congelado nas noites frias.
Franklin estava faminto e cansado. Então Franklin andou, andou e andou até encontrar sua Mãe.
- Oh. Franklin! Eu fiquei com medo, achei que estivesse perdido!
- Você estava com medo? Eu não sabia que Mães podiam sentir medo – disse Franklin.
- E então, encontrou ajuda? – perguntou ela.
- Não. Eu encontrei um Pato que tinha medo de nadar numa lagoa muito funda.
- Hummm, é mesmo? – perguntou ela.
- Daí, encontrei um Leão que tinha medo de barulhos muito altos.
- Ah, sei! – exclamou ela.
- E depois encontrei um Passarinho que tinha medo de voar alto e cair, e um Urso Polar que tinha medo de ficar congelado nas noites frias.
- Oh! – surpreendeu-se ela. – Todos eles tinham medo de alguma coisa.
- Hummm, entendi! – concluiu Franklin.
Já estava ficando arde. Franklin estava muito cansado e com muita fome. Eles andaram e andaram até chegarem em casa.
A mãe de Franklin preparou-lhe um lanche e deu-lhe um abraço bem apertado. Em seguida mandou-o ir para a cama.
- Boa noite, querido – disse ela.
Agora Franklin sabia o que deveria fazer. Ele rastejou para dentro de seu pequeno e escuro casco. Ele tinha certeza de que via o monstro e os seres assustadores. Mas ele disse um bravo “Boa noite”.
E, quando ninguém está olhando Franklin acende o abajur.



(Paulete Bourgeois)

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