Ler x Contar Histórias





Ler
Contar
Característica
principal
A história é apresentada preservando as palavras escolhidas pelo autor. O leitor deve se manter fiel ao que está escrito.
A trama sempre sofre pequenas modificações, já que o contador tem a liberdade para improvisar e agregar elementos a ela. Ele nunca conta uma história da mesma forma.
Objetivo
Desenvolver o comportamento leitor das crianças. Elas conhecem o portador e seus elementos (texto e imagens), aprendem a emitir opiniões sobre a história, falando ao grupo se gostaram do que foi lido e porquê, e a conhecer o ponto de vista dos colegas.
Ampliar o repertório da cultura oral, que se perpetua na forma e sofre mudanças de conteúdo de geração em geração.





Preparação
Selecione e leia os livros pensando na qualidade literária e na adequação à faixa etária da turma.
Conheça bem a história e seus personagens, já que ela será contada sem o auxílio de um portador de texto. Analise se intervenções com música, fantoches e outros recursos podem enriquecer o momento. Se sim, providencie o material.



Organização da turma
Coloque o grupo sentado próximo a você, de modo que todos possam ouvir a leitura. Se houver diversos exemplares do mesmo título, sugira que a turma acompanhe a atividade em duplas.
Peça que as crianças se acomodem em torno de você para ouvir a contação com clareza.



Início da atividade
Apresente ao grupo o título do livro, o autor e o ilustrador. Explique o porquê da escolha e antecipe possíveis dúvidas. Se, por exemplo, os personagens moram no polo Norte, fale um pouco sobre o local. Lembre que é importante todos se manterem em silêncio até o fim da leitura e que perguntas serão respondidas depois. Faça referências ao suporte livro, um bem cultural que guarda a história.
Faça uma introdução rápida do enredo e fale sobre a opção de contar aquela história especificamente. Antecipe possíveis dúvidas. Informe que é importante o grupo se manter em silêncio para ouvir a contação. As perguntas devem ser respondidas somente no término da atividade.



Cuidados
Durante a leitura, seja fiel ao texto. Não substitua palavras ou faça interrupções na narrativa. Mude o tom da voz (se possível) de acordo com os personagens e o desenrolar da trama.
Conte a história preservando os detalhes. Cuide da postura corporal para que os movimentos enriqueçam a contação. Fique atento à impostação de voz, respeitando o desenrolar da trama e as características dos personagens.



O que fazer depois
Convide a turma para comentar a história e as ilustrações e abra espaço para perguntas - se necessário, releia trechos. Ofereça o livro aos pequenos para que eles o manuseiem e analisem como o visual ajuda a contar o enredo.
Sugira às crianças que apresentem suas opiniões sobre a trama que foi contada e a forma como a narração foi feita.

Consultoria Edi Fonseca, contadora e formadora de professores, e Maria Slemenson, formadora do Instituto Natura, em São Paulo.



Aninha Joaninha quer brincar com a estrela







Aninha Joaninha sempre dormia cedo, pois acordava junto com o sol para aproveitar as delícias do dia.

Enquanto o sol estivesse clareando a terra, lá estava Aninha brincando, comendo, se divertindo e quando o sol ia embora, Aninha se aninhava sobre uma folha bem verdinha e dormia.

Quase sempre era assim, isso, porque certo dia Aninha estava tão distraída com um pé de amoras que nem viu o sol ir se deitar, quando deu por si, já estava chegando à noite e então... Aninha olhou para o céu...

A joaninha ficou encantada! Ela viu a primeira estrela da noite e ficou maravilhada com seu brilho delicado, suas pontinhas reluzentes e Aninha quis muito, mas muito mesmo, ir lá em cima brincar com a estrela.

Aninha, então, bateu suas asinhas e subiu na tulipa mais alta, foi até bem em cima da flor e se esticou, se esticou, se esticou...

Ah não! Aquela tulipa ainda era muito baixinha, não dava para alcançar e brincar com a estrela.

A joaninha pensou, pensou e decidiu subir na folha mais alta, do galho mais alto, da árvore mais alta, e lá foi ela batendo suas asinhas.

UFA!

Quando Aninha alcançou a folha mais alta, do galho mais alto, da árvore mais alta a pobrezinha estava exausta, muito cansada mesmo e chegando lá ela ainda se esticou se esticou, se esticou e finalmente...

Ela cansou de se esticar e percebeu que mesmo a folha mais alta, do galho mais alto, da árvore mais alta ainda era muito baixa para alcançar e brincar com a estrela.

Pobre Aninha! Ficou tão triste, mas tão triste que foi se aconchegar em uma folha verdinha para dormir

Deitou-se, se aconchegou, mas dormir não dormiu.

As lágrimas estavam correndo por seus olhos como águas em um dilúvio. E ela não conseguia parar de pensar em como queria ser amiga da estrela, então ela se levantou e foi lavar o rosto no riacho.

Quando ela chegou ao riacho e abaixou para se lavar... Ficou parada, paralisada... A estrela estava lá dentro do riacho.

“Agora sim está mais fácil”, pensou ela e outra vez ela se esticou, se esticou, se esticou e...

...SPLASH...

Caiu dentro do riacho e o pior é que ela não sabia nadar... E AGORA?

A pobre joaninha batia as patinhas, batia as asinhas e nada de conseguir sair de tamanha encrenca.

Já estava perdendo as for; as quando viu uma luzinha delicada se aproximar rápido e Aninha logo imaginou que fosse a estrela, querendo ser sua amiga também.

Quando o sufoco passou, ela viu um inseto muito curioso, que nunca havia visto antes...

Ele lhe disse que era um vaga-lume e falou para ela ter mais cuidado quando andar perto das margens do riacho, foi então que, toda chorosa, Aninha contou o quanto queria ser amiga da estrela.

Depois de ouvir a historia o vaga lume pediu para que ela não ficasse triste e a chamou para brincar...

A joaninha ficou muito feliz com o novo amigo, mas já estava tarde e ela tinha muito sono, então se despediram, prometendo se encontrarem no dia seguinte, mesmo sabendo que a luzinha do vaga-lume não estaria tão bonita durante o dia.

Joaninha se aconchegou em uma folha verdinha para descansar...

MAS SABEM QUEM MAIS ESCUTOU ANINHA CONTAR O QUANTO QUERIA SER AMIGA DA ESTRELAS?

Pois é!

A estrela ouviu tudo e então mandou uma “nuvem recado” para a joaninha... “Sabe, eu também quero ser sua amiga, então que tal sermos “amigas de correio”? Sempre quando a noite estiver terminando, eu te mandarei uma nuvem recado e quando o dia terminar, você poderá me escrever um recado em uma folha que eu peco para um vento me entregar...”
Aninha adorou a solução entendendo que na vida, existem diferentes tipos de amigos, como aqueles que estão sempre por perto, aqueles que a gente só vê na escola e aqueles de muito, muito longe, mas que mesmo estando, assim, muito, muito longe não deixam de ser nossos amigos.

Ela agora tinha dois novos amigos.

Agora sim! Aninha Joaninha foi dormir feliz da vida.




OLHA O GATO COM MEDO DE RATO






Certo dia, a mata estava em festa. Depois de uma chuviscada gostosa, de baixo de um solzinho relaxante e sob um colorido arco-íris, nascia a princesa Celina Onça, filha da grande rainha Felícia Felina Onça e os bichos comemoravam em grande algazarra.

Todos estavam muito felizes...

Felícia Felina era a rainha da caça, a mais forte, a mais valente da mata.

Se algum bicho precisava de uma “forcinha”, lá estava Felícia, sempre pronta para usar seus músculos.

Se algo perturbava a mata, assustava a bicharada, lá estava Felícia sempre pronta a mostrar sua coragem.

Sendo assim, quando Celina nasceu, Felícia viu na pequena oncinha a continuação de sua história:

- Ah! Essa minha filha será a mais feroz de todas as feras desse mundo!!!

E Celina, ainda sendo um pequeno filhote, já era temida por todos na mata.

Bastava sentirem seu cheiro que até o menor dos insetos, e até o maior dos porcos do mato se encolhiam, se escondiam e tremiam de medo.

Elas e a mãe se orgulhavam de tanta valentia. Celina dizia não ter medo de nada e adorava ver a bicharada amedrontada.

Foi então que, de passagem, apareceu um rato na mata. Um rato de cidade grande.

Por aquelas terras não havia ratos como aquele.

Branquinho, branquinho, pés e rabo cor-de-rosa e olhos vermelhos, vermelhões.

O pobre rato estava perdido.

Viajava para visitar um primo, resolveu pegar um atalho e acabou perdido na mata.

Já cansado, ouviu alguns bichos conversando e foi pedir informações.

Antes que o ratinho alcançasse o grupo de gambás que tagarelavam a sombra de uma grande árvore, Celina saltou sobre os bichos.

Mas ela escorregou em uma poça de lama e... Foi parar na frente do ratinho branco...

Quando ela viu aqueles olhos vermelhos, vermelhões olhando para ela...
Arrepiou-se toda, deu um miado tão alto que espantou todos os pássaros das redondezas e ainda deu um salto para o lado, acertando, com toda a força, sua cabeça nas cascas grossas da árvore.

Os animais que estavam perto começaram logo com a zombaria:

-Hahahaha!!!! Olha o gato com medo de rato... Olha o gato com medo de rato...

Logo, logo todos os outros animais da mata também vieram e se juntaram aos zombeteiros:

- Hahahaha!!!! Olha o gato com medo de rato...

Foi então que Celina aprendeu que todos sentem medo e daí por diante ela decidiu que não seria mais tão prepotente e metida à valente.


A Bela Adormecida do Bosque







Havia, há muito tempo atrás, em um reino muito, muito distante, um rei e uma rainha muito bondosos, que desejavam muito ter um filho...E VOCÊS SABEM QUE QUANDO SE DESEJA MUITO ALGUMA COISA, ELA SEMPRE ACONTECE... E o rei e a rainha desejavam de todo o coração. Tanto que logo tiveram notícias de que a rainha esperava o filho tão querido.

Logo nasceu uma linda  menina, tão linda quanto o amanhecer de um novo dia e por isso se chamou Aurora.

Para comemorar, o rei mandou chamar todos no reino para um grande banquete em homenagem a princesinha. Chamou até as três fadas... Mas espere um pouco! Não são três, mas quatro fadas no reino... OPS! Acho que o senhor rei se esqueceu.

Durante o banquete, todos se encantaram com o bebê e logo que as três fadas chegaram, foram dando os seus presentes.

Uma lhe entregou o dom da mais rara e perfeita beleza.

Outra lhe deu o dom da mais doce e encantadora voz e a outra...

Antes que a outra desse seu presente, a quarta fada invadiu o salão, tão enfurecida que espalhava chamas de fogo por toda a parte:

- Ora! Não  me acharam digna de ser convidada para tão respeitável banquete não é? Pois agora verão...

O rei tentou explicar seu esquecimento, mas a fada estava tomada por sentimentos ruins e se quer ouviu. Foi logo lançando sua maldição:

- Pois terão o castigo que lhes é devido. Pois eu sentencio que quando a linda princesa completar seus quinze anos, espetará o dedo em um fuso e morrerá...

A fada furiosa deixou o salão às gargalhadas, enquanto o rei, desesperado, implorava para que as outras três fadas retirassem a maldição:

- Sentimos muito meu rei.-disseram as duas primeiras fadas- Não podemos desfazer o feitiço de fada...

Mas a terceira fada teve uma ideia:

- Realmente não podemos desfazer, talvez eu possa mudar um pouquinho... Se quando Aurora completar quinze anos espetar seu dedo no fuso, não morrerá, mas dormirá até que um beijo do verdadeiro amor a desperte...


Ainda que as fadas tentassem tranquilizar o rei, ele, temendo pelo destino da filha, mandou que todos as rocas e seus fusos fossem destruídos e todo o reino cumpriu suas ordens.

Os anos se passaram e a princesa cresceu linda e encantadora, mas na noite de seu décimo quinto aniversário, apesar dos cuidados do rei e da rainha para mantê-la à salvo dos fusos e da maldição, a princesinha subiu a uma alta e empoeirada torre do castelo, onde não ia ninguém havia muito tempo.

Abriu  uma porta de enferrujadas dobradiças e lá dentro encontrou algo que nunca vira na vida. Uma roca de fiar. Curiosa, ela se aproximou e, sem perceber, tocou o fuso, espetando seu dedo na tal agulha. Uma pequena gota de sangue caiu e no mesmo instante, todo o reino ouviu o gargalhar da quarta fada.

O rei e a rainha correram em busca da filha e a encontraram caída ao lado da roca. Levaram-na ao seu quarto. Tentaram de tudo, mas nada a fazia acordar.


As fadas, temendo que levasse muito tempo para Aurora ser acordada com seu primeiro beijo de amor, fez com que todo o reino adormecesse também.

Depois todas as terras do reino foram cobertas por um denso bosque e espinheiros  para que não fosse saqueado ou destruído.

Cem anos se passaram até que um príncipe de reino vizinho, ouvindo lendas sobre a Bela Adormecida do Bosque, decidiu ver se era verdade e, desbravando as matas e espinheiros, se aproximou do castelo.

A quarta fada, percebendo que sua maldição seria quebrada, se transformou em uma grande fera e se colocou na frente do príncipe, que lançando mão de sua espada, lutou bravamente com a fera que acabou se enrolando na espinheiro. Assim, presa,não pôde impedir que o príncipe avançasse para o castelo.

Lá chegando, um sentido mágico o fez encontrar o quarto dourado, onde sob um branco véu, dormia a linda princesa.

Um grande amor nasceu no coração do príncipe. Ele aproximou os lábios da testa da princesa,e lhe deu o mais terno beijo que já se viu. 

A magia se espalhou por toda a parte, enquanto lentamente a princesa abria docemente seus olhos e sentia seu coração se encher de amor pelo valente príncipe que a veio despertar.
A quarta fada se enfureceu ainda mais ao ver sua maldição ser quebrada e desapareceu em uma fumaça escura, sem deixar rastro e sem nunca mais dar notícia.

Aurora, depois de alguns anos, se casou com o valoroso príncipe e foram todos felizes para sempre.