Por que será que uma grande parte dos nossos temores teimam em se esconder dentro da escuridão da noite?
Vem
do Quimbundo zumbi, e quer dizer, espectro, duende, fantasma. Para as
antigas tradições africanas, vem do termo nzámbi, divindade, título
adotado pelos chefes sociais. Entre os Cabindas,
quer dizer Deus.
Zumbi foi o título do chefe dos rebelados escravos que se refugiaram no Quilombo dos Palmares, na
Serra da Barriga, em Alagoas. Em Sergipe, Zumbi é um negrinho que se
confunde com o Saci, que aparece nos caminhos em meio à mata e é companheiro da
Caipora, mas não usa a carapuça vermelha.
Anda nu ou quase nu, sempre procurando crianças que vão pegar frutas
silvestres no meio do mato, para desorientá-las com seus longos e finos
assobios, ou surrá-las, assim como já faz o Curupira.
No Rio de Janeiro, fala-se de um Zumbi da
meia-noite, um espectro
que vagava tarde da noite pelas ruas intimidando as pessoas. Relato semelhante
a esse também foi colhido no interior de Pernambuco, apenas que neste, ele
canta de forma repetida o refrão: "Lá vem o Zumbi da Meia-Noite..".
E se perde dançando na noite.
Há também referências a um Zumbi diabinho
malicioso, moleque. Também se
diz que o Zumbi é um Feiticeiro. Uma vaga tradição fala de um Zumbi retraído,
misterioso, taciturno, saindo apenas à noite.
O Vocábulo Zumbi ficou
também na tradição popular para designar um ente fantástico que vagueia tarde
da noite dentro das casas abandonadas.Segundo historiadores, nos contos das amas de crianças, era esse o nome de uma entidade misteriosa, uma espécie de feiticeiro, retraído, frequentador das ruas desertas às altas horas da noite. Daí a expressão popular "Você está feito Zumbi", quando nos referimos a quem passa à noite em claro.
"Estar feito Zumbi", com insônia, vagueando pela noite por esse motivo ou por hábito. Esta frase parece vir das noites sem dormir e vigílias do zumbi, o chefe negro da República do Quilombo dos Palmares, para não ser surpreendido em ataques noturnos pelos seus inimigos.
As acepções para o Zumbi são muitas. Para os Angolenses, é gente que morreu, alma do outro mundo. Na tradição oral de outras nações africanas, é fantasma, Diabo que anda à noite pelas ruas. Quando os Negros viam uma pessoa astuciosa, que se metia em encrencas, diziam: "Zumbi anda com ele", isto é, o Diabo está no corpo dele.
Às vezes ele aparece como um adulto pequeno e cresce quando alguém dele se aproxima, para curvar-se em forma de arco sobre o indivíduo.
Informações Complementares sobre o Zumbi
Nomes comuns: Zumbi, Zombie, zumbi, Zumbi da Meia-Noite.
Origem Provável: É quase certo que pertença a extensa Mitologia africana, embora tenha sofrido muitas variações em nossas terras.
Como um diabinho atormentador, ele se parece com o Gunocô dos Indígenas Negros Bantus e é um dos elementos constitutivos do nosso Saci-Pererê.
O Zumbi por vezes oculta-se, e impede a um cavaleiro de prosseguir. Os animais são capazes de perceber sua presença. No entanto, Ele próprio pode ser percebido pelo ronco surdo, estremededor, que faz, enquanto caminha.
Outras vezes, ele é a alma de um Negro que foi transformado em pássaro, e que fica ao escurecer, nas porteiras das fazendas, gemendo com seu canto fúnebre, chamando os passantes pelo nome. Às vezes, ao meio dia, canta e lamenta a vida que levou como escravo, e diz: "Zumbi... biri.. ri.. coitado.. zumbi.. biri.."
Há também o Zumbi de Sergipe, que é casado com a Caipora. Este é um negrinho como o Saci-Pererê, mas sem a carapuça vermelha. Tem o hábito de correr através do mato ralo, a capoeira, rápido como um raio, do qual se percebe apenas um vulto, cuja cor, é de Ébano lustroso.
No Brasil, no tempo do Reino e império, há os relatos de uma assombrosa criatura fantasmagórica que costumava assustar os boêmios ou retardatários de altas horas, que era conhecido como "Cresce-e-Míngua, cuja principal característica era aumentar ou diminuir de tamanho diante de suas vítimas. Assim, ele podia aumentar ou diminuir a estatura do seu corpo, indo de três metros a três palmos de altura num piscar de olhos.
Estes fantasmas eram descritos como "indivíduos vestidos de branco, que aumentavam de tamanho", e por isso mesmo eram denominados: "Cresce e Míngua".
Nos mitos e Superstições negras do Haiti, há o registro dos Zombies. O Zumbi haitiano é um cadáver animado pela força mágica de um feiticeiro. Então, como um morto vivo, será escravizado nos trabalhos do campo, sob a guarda do seu encantador. São insensíveis, quase não se alimentam, e sua comida não deve conter sal. Se provam sal, sentem que estão mortos e voltam para a sepultura, quebrando o encanto que o feiticeiro tem sobre eles.
No fabulário brasileiro, não se conhece essa modalidade sinistra de exploração humana.
Documentário - Debates e Relatos sobre o Mito do Zumbi da
Meia Noite
Eis o Curioso Relato coletado no interior de Pernambuco, na cidade de Pesqueira, localizada na região Agreste do estado, de um antigo e tradicional morador local.
Viciado no Jogo de Cartas,
naquela noite, perdera a noção de hora. Ao dar-se conta, descambou para casa em
passos apressados. Nas ruas desertas daquela noite fria e nevoenta, nem
cachorro se via pelos becos ou esquinas onde as lixeiras costumavam ser
colocadas para a coleta do dia seguinte.
Foi quando escutou ao longe o
barulho das primeiras badaladas do sino da igreja, anunciando meia-noite.
Apressou-se ainda mais. Nesse momento viu que não estava sozinho na rua antes
deserta. O ruído de passos compassados, além dos seus, sugeria companhia. Não
se enganara, atrás dele, caminhando por uma das calçadas da rua, um vulto, à
largas passadas, se aproximava. Era alto, esguio, parecia mover-se como se
deslizasse pelo chão, sem tocá-lo. Vestia roupas negras, um sobretudo aberto, e
usava um chapéu de abas largas.
Apesar de não achar estranho,
sentiu um arrepio lhe percorrer o corpo. Poderia ser alguém que estava na mesa
de carteado, ou na casa de jogos, mas também poderia ser um ladrão. Desconfiado
e cauteloso, resolveu manter distância daquele estranho e inesperado
companheiro de altas horas.
Apertou ainda mais os passos.
Achou estranho que, quanto mais se distanciava, mais próximo o vulto parecia
estar. Olhou outra vez e viu que ele, o vulto, aumentara de tamanho. Agora deveria
medir a estatura de dois homens. Seu coração acelerou e a respiração ficou mais
forte, e quando voltou a cabeça para trás mais uma vez, viu algo que o deixou
congelado. O vulto agora ocupava os dois lados da rua, crescera, estava largo,
com um pé em cada uma das calçadas.
E, diante dos seus incrédulos
olhos, ele voltou ao tamanho normal e começou a dançar, enquanto dizia com uma
voz grossa e ritmada: "Lá vem o Zumbi da meia-noite, quiri,
quiri...", para em seguida desaparecer misteriosamente, de forma
tão inesperada quanto fora sua aparição, deixando-o inteiramente confuso,
desorientado, em pânico. Apavorado saiu em desembalada carreira rezando todas
as orações que conseguia lembrar, só parando à porta de sua casa, quase sem
fôlego.
Naquela noite, não conseguiu
dormir nem sob o efeito de remédios.
Editoria de Pesquisas Site de Dicas
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