Tilico
era uma lagartixa macho, meio transparente, com uma mancha na barriga. Ele
nascera no mato, no tronco de uma velha árvore e viveu por ali até que ficou
adulto. Aí resolveu que era hora de conhecer o mundo. Encontrou-se com outras
lagartixas mais vividas e viajadas. Perguntou como era o mundo fora do mato.
Uma lagartixa, já bem velha, disse que era tão perigoso como na floresta. Falou
das casas onde morara, do risco que correu e assim aguçou mais a curiosidade de
Tilico.
Tilico começou sua caminhada. Estava no tronco da décima segunda árvore, quase perto da cidade, quando uma coruja, pousada no galho de um pinheiro em frente disse:
- Vejam só que petisco maravilhoso! Uma lagartixa geladinha.
- Calma dona Coruja, não se apresse pra me comer. A senhora não sabe nada sobre mim.
- Ah, essa não. Não sei nada? Você é um insignificante jacaré de parede, só isso. Tem mais, eu não preciso saber nada sobre os bichos dos quais eu me alimento. Eu quero apenas comê-los.
Tilico estava preocupado. Bastava a coruja dar um pulo e ele cairia nas suas garras. Como entretê-la enquanto elaborava um plano de fuga? Pensou e se saiu com essa:
- Você não deve me comer porque eu sou um animal útil, sou insetívoro, controlo as pragas...
- Grande coisa – interrompeu a coruja – todos os animais são úteis, até o urubu, mas lembre-se que existe a cadeia alimentar e você faz parte da minha.
Tilico argumentou:
- Meu gosto é horrível. Você terá indigestão, diarreia e outras complicações. Ficará doente e não poderá cuidar dos seus filhotes.
- Deixa de conversa mole, lagartixa, eu me alimento de roedores, aves, répteis e insetos e nunca tive indigestão.
- Viu? Eu tenho razão. Eu não sou nenhum desses que você citou. Você não disse lagartixa.
- Pode parar com a conversa fiada, você sabe que é um réptil e como tal está no meu cardápio.
Tilico já não tinha mais argumentos para retardar o ataque da coruja. Então recorreu à estratégia que a natureza lhe ensinou. Quando a lagartixa está em perigo, ela fica parada e desprende o rabo que cai no chão e se remexe por alguns minutos. Isso confunde o atacante e dá tempo de escapar.
Foi isso que Tilico fez. Enquanto a coruja voava na direção do rabo se mexendo, ele escorregou para um vão no tronco e ficou aguardando o momento de sair. Ficou triste com a perda daquele lindo rabo que era seu orgulho. O importante é que ele estava vivo para realizar o seu sonho. Conformou-se:
– Que mal há nisso – disse para si mesmo - afinal o rabo só demora duas semanas para se regenerar.
Maria Hilda de J. Alão.
Tilico começou sua caminhada. Estava no tronco da décima segunda árvore, quase perto da cidade, quando uma coruja, pousada no galho de um pinheiro em frente disse:
- Vejam só que petisco maravilhoso! Uma lagartixa geladinha.
- Calma dona Coruja, não se apresse pra me comer. A senhora não sabe nada sobre mim.
- Ah, essa não. Não sei nada? Você é um insignificante jacaré de parede, só isso. Tem mais, eu não preciso saber nada sobre os bichos dos quais eu me alimento. Eu quero apenas comê-los.
Tilico estava preocupado. Bastava a coruja dar um pulo e ele cairia nas suas garras. Como entretê-la enquanto elaborava um plano de fuga? Pensou e se saiu com essa:
- Você não deve me comer porque eu sou um animal útil, sou insetívoro, controlo as pragas...
- Grande coisa – interrompeu a coruja – todos os animais são úteis, até o urubu, mas lembre-se que existe a cadeia alimentar e você faz parte da minha.
Tilico argumentou:
- Meu gosto é horrível. Você terá indigestão, diarreia e outras complicações. Ficará doente e não poderá cuidar dos seus filhotes.
- Deixa de conversa mole, lagartixa, eu me alimento de roedores, aves, répteis e insetos e nunca tive indigestão.
- Viu? Eu tenho razão. Eu não sou nenhum desses que você citou. Você não disse lagartixa.
- Pode parar com a conversa fiada, você sabe que é um réptil e como tal está no meu cardápio.
Tilico já não tinha mais argumentos para retardar o ataque da coruja. Então recorreu à estratégia que a natureza lhe ensinou. Quando a lagartixa está em perigo, ela fica parada e desprende o rabo que cai no chão e se remexe por alguns minutos. Isso confunde o atacante e dá tempo de escapar.
Foi isso que Tilico fez. Enquanto a coruja voava na direção do rabo se mexendo, ele escorregou para um vão no tronco e ficou aguardando o momento de sair. Ficou triste com a perda daquele lindo rabo que era seu orgulho. O importante é que ele estava vivo para realizar o seu sonho. Conformou-se:
– Que mal há nisso – disse para si mesmo - afinal o rabo só demora duas semanas para se regenerar.
Maria Hilda de J. Alão.
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