O GATO E OS PASSARINHOS



Eu moro numa casa que tem um quintal bem grande. Todo dia, de manhã, os passarinhos vêm comer as migalhas de pão que a minha mãe joga quando sacode a toalha da mesa, depois do café da manhã. Nós também temos um gato que se chama Bichano. Quando os passarinhos estão comendo as migalhas, o Bichano fica engraçado. Ele fica abaixadinho, com as duas patas da frente esticadas, e as duas traseiras encolhidas, parecendo que vai dar um pulo. A minha mãe disse que é um tal de bote que ele dá e pega o passarinho.

Eu fiquei preocupada. Como pode um gato pegar uma coisinha tão linda pra comer? Foi aí que eu resolvi dar um jeito. Eu ficava escondida e, quando o gato se preparava pro tal de bote, eu gritava e batia os pés no chão:

- Passa fora Bichano!

Nossa! Ele levava um susto, corria, e os passarinhos voavam todos. Um dia eu não vi a minha mãe sacudir a toalha. Eu estava arrumando a minha mochila pra ir à escola. Desci correndo pra pegar meu tênis e a minha mãe falou:

- Filha, anda logo porque eu já estou pronta pra levar você pra aula! Aí eu me lembrei dos passarinhos, porque só depois de sacudir a toalha e arrumar a mesa é que nós saíamos. Corri pro quintal e só tinha um passarinho comendo as migalhas. Olhei pra ver se o Bichano estava por ali. Nada. Eu fiquei triste pensando que ele tivesse comido os outros passarinhos. De repente eu olhei pro canteiro de rosas e lá estava ele preparadinho pra pegar aquele que eu pensava ser o último passarinho. Sem esperar mais eu gritei sacudindo os braços:

- Xô passarinho! – e o passarinho voou pra longe.

 O Bichano olhou pra mim e fez miauuu. Então eu disse pra ele: - não adianta ficar zangadinho porque eu não vou deixar você comer passarinho nenhum. Você tem muita comida aqui em casa, seu guloso. Por que não fica admirando as aves comendo como eu faço? Então ouvi minha mãe chamando:
- Ritinha! Vamos, menina, senão chegará atrasada.

A caminho da escola eu falei da minha preocupação e minha mãe, rindo, disse:

- Talvez hoje só tenha vindo um passarinho. Não se preocupe porque eles são espertos e não se deixarão apanhar facilmente.
- Mas eu vou continuar espantando eles todas as vezes que eu veja um gato ou alguém tentando pegá-los, ou eu não me chamo Ritinha!


Maria Hilda de Jesus Alão

O GALO E A PEDRA PRECIOSA





          Um galo procurava alguma coisa com que pudesse alimentar a si e às suas galinhas, quando encontrou misturada ao cascalho uma pedra preciosa de grande beleza e valor ainda maior. Depois de examinar com atenção a preciosidade que tinha à sua frente, ele comentou consigo mesmo:

          - Se fosse o meu dono que tivesse encontrado essa pedra tão bonita, certamente ele estaria dançando e dando pulos de alegria, agradecendo aos céus a sorte que teve. Mas como fui eu que a achei, e ela não me serve para coisa nenhuma, só me resta dizer que teria sido bem melhor se eu tivesse achado um simples grão de milho, porque é a ele que considero como coisa valiosa.

Moral da história: A necessidade de cada um é que vai determinar o valor exato das coisas.

Baseado em uma fábula de Esopo.

CASAMENTO MATUTO




 

Apresentador
- Hoje é noite de São João,
O festão tá animado!
Tem canjica, tem pamonha,
Munguzá e milho assado;
Tem casamento matuto,
O noivo casa amarrado.


Noiva
- Avia Mané! Chegou
Nossa hora ispiciá.
Chega pra pertinho deu!
Tais cum medo de casá?


Noivo
- Pera aí Sabastiana!
Eu num tô cum medo não,
É qui a carça tá forgada
E aparecendo o carção


Pai da noiva
- Chega seu cabra de peia!
Tu tais querendo fugir.
Dispôs do siiviço feito
Tais quereno iscapulir?


Mãe da noiva
- Meu veio, tem paciença
Qui a nossa Sabastiana
Num pode tê aperrei,
Tá buchuda do sacana!


Dois policiais (falando ao mesmo tempo)
- Vamo dexá de fulia
E de tanto forofofó.
Senão esse casamento
Vai parar no xilindró.


Padre  (primeira fala)
- Tenha caima minha gente!
Os noivo venha pra cá!
O noivo juntim da noiva
Pro casóro eu celebrá.


Delegado
- O noivo se ponha queto!
Deixe de tanta agonia!
Ou casa ou vai pra cadeia!
Mexeu cum o que num divia!


Fofoqueira 1
– Minha cumade de Deus,
Tu num sabe da mió!
A noiva, a tá Bastiana,
Tá inganano o bocó!


- A barriga, minha fia,
Num é do seu noivo não!
É do fio de Maigarida,
Maigarida do Grotão.



Fofoqueira 2
- Minina, eu num acridito!
Mai, qui cabra abestaiado!
É mermo um “Mané das égua”!
Nem casou, já tá chifrado!

- E vai levá muito mai,
Essa tá de Bastiana
Num mi ingana mermo não.
Poi tem cara de sacana


Padre (segunda fala)

- Vamo Pará de fofoca
Que agora vai começá
O casamento. E dispôs
Nói vamo comemorá,
Comendo e dançando muito
Nessa noite de arraiá.


Celebrando  o casamento.

O padre
- Seu Mané da Quixabeira
É de seu gosto casá
Cum Sebastina Rego
Me diga, sem gaguejá.


O noivo
- Seu pade, eu num... num...
É qui... qui... qui... qui...

 
Pai da noiva
- Cuma é cabra, o qué isso?
O qui diabo é qui... qui... qui...

 
O noivo
É... é... Tá certo seu pade,
Eu me caso cum Tiana
Mermo que num passe junto
Cum ela, nem uma sumana!


Padre
- A noiva eu já sei qui qué
Nem pricisa preguntá.
Assim, abençoo os dói,
Pode sua noiva bejá.


Depois:
Apresentador
- Viva o noivo e viva a noiva!
E todos que aqui estão
Reunidos, festejando,
Com amor no coração,
Esta festa tão bonita
Dedicada a São João




Autoria:
Rosa Regis

CASAMENTO NA ROÇA - FESTA JUNINA






(Na igreja entram a mãe, filha grávida e o rapaz, a mãe dirige-se ao vigário)

MÃE:
Seu vigário por favor
Preciso da sua ajuda
O meu caso é muito sério
Quero que o senhor me acuda
Case logo minha filha
Coitadinha tá buchuda.

RAPAZ:
Seu padre posso explicar
O que fiz foi sem querer
Casar agora não posso
Carece o senhor saber
Sou pobre não tenho nada
Pra uma família manter.

PADRE:
Saiam já da minha igreja
Esse caso é complicado
Vão procurar o cartório
Para tudo ser explicado
Junto com tabelião
Na frente do delegado.

Eu vou aqui ficar rezando
Pra essa criança inocente
Que não tem culpa de ter
Mãe moderna independente
Leve daqui a pecadora
E esse rapaz indecente.

(No cartório)

JUIZ DE PAZ:
É de gosto senhorita
Com esse rapaz casar?
MÃE:
Tanto faz ter gosto ou não
Mande eles dois assinar.
RAPAZ:
Suspenda esse casamento
O meu sim eu não vou dar.

(O rapaz foge, a moça reclama, sai chorando amparada pela mãe)

MOÇA:
O que faço agora mãe
A criança vai nascer
É mais um filho sem pai
Que vai no mundo sofrer.
MÃE:
E porque não pensou antes?
MOÇA:
Eu só pensei no prazer.

(Entram o pai da moça com uma peixeira afiada, escoltando o rapaz, logo atrás vem o padre)

PAI:
Olha aqui cabra safado
A despesa vou pagar
Assina logo os papéis
E pára de gaguejar
Essa faca tá amolada
E teus bagos vou cortar.

RAPAZ: (apavorado)
Segura ele seu vigário
Acho que vou desmaiar
Mande ele guardar a faca
Eu resolvi me casar
Faço tudo mais não deixem
Esse homem me capar.

(A mãe sai de outra sala trazendo a filha vestida de noiva. Os noivos assinam o livro do cartório)

PADRE:
Pode ajoelhar os dois
Vou dispensar o altar
MOÇA:
Peço perdão seu vigário
Não dá para ajoelhar
Tô sentindo muita dor
Precisa me abençoar.

(O padre fala apressado para o noivo)

PADRE:
Você recebe essa moça
Até que os separe a morte?
MOÇA:
A dor é grande seu padre
Me deseja boa sorte.
PADRE:
Em nome do pai e do filho...
MOÇA:
É o filho... a dor está forte.

(Entram o sanfoneiro e convidados)

PADRE:
Como marido e mulher
Eu vos declaro enfim.
RAPAZ:
Êta pêga tô casado
E não disse nem o sim.
MÃE:
Cala a boca seu safado
Isso não é tao ruim.

O sanfoneiro toca e todos saem em ritmo de quadrilha, a festa começa e se anima, e até a noiva esquece as dores e cai na dança.

O galo Careca






O galo Careca, de madrugada,
Ficava cantando desafinado,
Em cima do galho da goiabada,
E batia as asas desengonçado.

Diziam que ele era de marmelada.
Subia o puleiro sempre empinado,
Mas sua dona estava zangada.
Dizia que ele iria ser assado.

- Coitado dele! -dizia a galinha.
O porco rolava de gargalhada
E o gato voltava lá da cozinha
Dizendo que a faca foi amolada.

O galo dizia não ser culpado,
Ele gostaria de ser cantor.
Ele não queria ser cozinhado
E ficava implorando "Por favor!"

- Esconda-me seu pato, por favor!
E o pato respondia: - Não senhor!
- Ajude-me seu pato a escapar.
E o pato respondia: - Nem pensar!

- Então senhor carneiro, posso entrar?
- No meu aprisco não dá pra ficar.
- Senhor carneiro o que eu vou fazer?
- Procure outro sítio pra viver.

- Será que o cavalo vai me ajudar...?
- Acho difícil isso acontecer
Ele será  o primeiro a mostrar
O lugar onde tu vais te esconder.

O galo estava mesmo encrencado.
Já não dormia de tão preocupado
E decidiu, p'ra acabar com o espanto,
Que, finalmente, ia ter aula de canto.

Macucos, canários e o sabiá
Tentaram ensinar o galo cantar
Papa-capim, curió e piu-piu
Cada um tentou, mas não conseguiu.

Até que um dia o galo encontrou
O papagaio que então lhe ensinou
Como cantar e afinar o gó-gó
P'ra melhorar o seu cocoricó.

O galo voltou para o seu puleiro
Jurou que não iria mais cantar,
Mas antes de voltar de vez, primeiro
Com todos, teve de se desculpar.

O galo queria fazer surpresa
Mas tinha muito ainda que esperar.
Ele sabia que ia ser dureza
Era só esperar o sol raiar.

E o galo cantou no sol nascente
Ergueu-se do galho da goiabeira
surpreendeu a toda gente e....
Saiu a cantar sem êra-nem-beira.

Luis Carlos Wolfgang

Projeto 30 Minutos pela Leitura. Escola Souto Maior. Fábula: A Formiguinha e a Neve. Professoras: Antonia Lúcia e Elenilda.
















Ninja, o galinho bom de briga.





Ninja era um galinho garnisé,
pequenino mas briguento,
do terreiro era o rei...
Dele nenhum outro ganhava
e todo dia era um pega danado!
Ele e o grandalhão Zé da Crista
outro galo que só no tamanho lhe superava.
Cada vez que Ninja perto dele chegava
o grandalhão do puleiro saltava
e saía em disparada.
Mas, certo dia Zé da Crista
conheceu a Princesinha,
uma franguinha esperta e faceira,
começou a paquerá-la,
porém. Ninja que era encrenqueiro
combinou um encontro,
convocando Zé da Crista
para um confronto
e se o mesmo ganhasse a disputa,
só assim poderia com Princesinha namorar.
Acontece que o medroso Zé,
por estar apaixonado
lutou como nunca havia lutado!
Amedrontando, Ninja num falso desmaio, caiu.
É nessa hora que Sinésia, a dona da casa,
sem perder tempo,
segurando-lhe pelas pernas, resolveu que
aproveitaria a carne do bicho
seu pescoço puxou
e num frenesi, batendo as asas
o galo ali mesmo ficou.
Mais tarde já escaldado e depenado
na panela terminou...
E Zé da Crista no terreiro, para sempre reinou!



Moral da história:
Nunca menospreze a capacidade alheia; mesmo que o outro se mostre com atitudes covardes, não quer dizer que seja um fraco, podem ser apenas estratégias diferentes das nossas.
 
http://pedagogiaaopedaletra.com/apostila-de-portugues-mais-de-1000-textos-para-interpretacao/

Projeto: Aprender Brincando, Facilitando a Magia da Comunicação - O Patinho Feio - Professora: Ana Barboza. Creche Menino Jesus de Praga









Dramatizando a História da Chapeuzinho Vermelho. Creche Menino Jesus de Praga - Professora: Ana Barboza










A Galinha dos Ovos de Rapadura. Professora: Ana Barboza - Creche Menino Jesus de Praga






O galo que logrou a raposa


         Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou consigo: “... Deixe estar, seu malandro, que já te curo!...” E em voz alta:
         - Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinhas, todos os bichos andam agora aos beijos, como namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.
         - Muito bem! – exclamou o galo. Não imagina como tal notícia me alegra!  Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, crueldades e traições! Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas...como lá vem vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que também eles tomem parte na confraternização.
         Ao ouvir falar em cachorros Dona Raposa não quis saber de histórias, e tratou de pôr-se ao fresco, dizendo:
         - Infelizmente, amigo Co-ri-có-có, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra vez a festa, sim? Até logo.
         E raspou-se.

Moral: Contra esperteza, - esperteza e meia.

(Monteiro Lobato)