Chegou de mala e cuia Dom Ratão
Aos portões da nobre mansão,
E foi entrando cauteloso, sorrateiro,
Através do imenso terreiro.
Aproveitando a saída do cozinheiro,
Invadiu a cozinha como um guerreiro
Indo se entrincheirar lá no canto
Do armário que era um espanto
De tanta comida mais parecia um empório.
Ficou bem quietinho o finório
Esperando a noite chegar ao auge,
Pois é no silêncio que um rato age.
Dom Ratão cansado adormeceu.
Sonhou que o armário era só seu
Até convidou Ritinha, a sua ratinha,
Para saborear de tudo que tinha.
Sonhando Dom Ratão murmurava:
“Sorte tamanha eu não esperava...
Ritinha, minha linda, meu amor,
Sinta deste queijo o sabor...”
De repente um som cavernoso e monstruoso
Acabou com o sonho e o romance dengoso
De Dom Ratão e da rata Ritinha.
Era Hércules, o gato, que vinha
Expulsar da cozinha o intruso.
“Não, não ficarei confuso,
Preciso de um plano para escapar
Aqui não dá para eu morar...”
Na primeira distração do gato ele saiu,
E em desabalada carreira se viu
Voltando para a casa pobre no escuro
Em cuja despensa só existe pão duro.
Maria Hilda de Jesus Alão
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