Um velho galo matreiro, percebendo a
aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada,
murmurou consigo: “... Deixe estar, seu malandro, que já te curo!...” E em voz
alta:
- Amigo, venho contar uma grande novidade:
acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e
veado, raposa e galinhas, todos os bichos andam agora aos beijos, como
namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.
- Muito bem! – exclamou o galo. Não
imagina como tal notícia me alegra! Que
beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, crueldades e traições! Vou já
descer para abraçar a amiga raposa, mas...como lá vem vindo três cachorros,
acho bom esperá-los, para que também eles tomem parte na confraternização.
Ao ouvir falar em cachorros Dona
Raposa não quis saber de histórias, e tratou de pôr-se ao fresco, dizendo:
- Infelizmente, amigo Co-ri-có-có,
tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra vez a
festa, sim? Até logo.
E raspou-se.
Moral:
Contra esperteza, - esperteza e meia.
(Monteiro Lobato)
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