Depois de andar muitos dias, o
Lobo chegou a uma cidadezinha muito tranquila.
Estava cansado, com fome e dor
nos pés, mas só tinha um dinheirinho minguado, que ele precisava guardar para alguma
emergência.
Então ele lembrou de que havia
uma fazenda meio afastada da cidade e pensou:
"Lá eu devo encontrar
comida."
O Lobo espiou por cima da cerca
da fazenda e viu um porco, um pato e uma vaca lendo e tomando sol.
Era a primeira vez que ele via
bicho ler.
Tomou um impulso, respirou fundo
e... avançou para cima dos animais com um urro:
- Aaaa-ooooooo!
Galinhas e coelhos saíram
correndo para todo lado, mas o pato, o porco e a vaca nem se mexeram.
- Que barulho foi esse? - a vaca
indagou - desse jeito não posso me concentrar no livro.
- É só não dar bola - disse o
pato - Ignore!
O Lobo não gostava de ser
ignorado.
- O que deu em vocês? - ele
perguntou - não estão vendo que sou um lobo enorme e perigoso?
- Claro que é - respondeu o
porco - mas será que não daria para ser enorme e perigoso num outro lugar? Nós
queremos ler. Esta é uma fazenda de animais cultos. Agora seja bonzinho e vá
embora - o porco pediu, e foi empurrando o Lobo.
O Lobo nunca tinha sido tratado
daquele jeito.
- Animais cultos... Animais
cultos! - o Lobo foi repetindo baixinho - pois muito bem, também vou aprender a
ler.
E lá se foi ele para a escola.
As crianças acharam estranho ter
um lobo na classe, mas como ele não tentou devorar ninguém, logo elas se
acostumaram. O lobo era sério e estudioso, e depois de algum tempo e esforço,
aprendeu a ler e a escrever. Logo ele se tornou o primeiro aluno da classe.
Feliz da vida, o Lobo voltou à
fazenda, e pulou por cima da cerca.
"Agora eles vão ver"
ele pensou.
O Lobo abriu um livro e começou
a ler:
- Corre, lobo, corre! vejam como
o lobo corre.
- Você ainda tem muito que
aprender - disse o pato sem levantar os olhos.
E o porco, a vaca e o pato
continuaram a ler seus livros, sem lhe dar a menor atenção.
O Lobo foi-se embora. Pulou por
cima da cerca e rumou... direto para a biblioteca pública.
Ele estudou muito, leu um monte
de livros velhos e poeirentos, treinou até conseguir ler sem interrupção.
"Agora acho que estou no
ponto de falar com eles de novo" - o Lobo imaginou.
Mas ainda não era suficiente.
- Pare com essa ladainha - falou
o pato.
- Você melhorou - observou o
porco - mas ainda precisa aperfeiçoar o estilo.
O Lobo foi-se embora com o rabo
entre as pernas.
O LOBO NÃO IA DESISTIR.
Contou o dinheirinho que tinha
guardado, foi até uma livraria e comprou um livro de histórias maravilhoso.
Era o primeiro livro só dele!
Ele ia ler aquele livro dia e
noite, soletrando cada linha. Ia aprender a ler tão bem que os animais da
fazenda passariam a admirá-lo!
O Lobo chegou à porteira da
fazenda e tocou a campainha Ding-Dong!
Ele deitou na grama, se ajeitou,
abriu o livro novo e começou a ler.
O Lobo leu com segurança e
entusiasmo.
O porco, a vaca e o pato ficaram
ouvindo sem dizer uma palavra.
Cada vez que terminava uma
história, os outros pediam para o Lobo ler outra. Assim... O Lobo foi lendo,
uma história atrás da outra. Uma hora ele era um gênio saindo de uma lâmpada,
outra hora era o Chapeuzinho Vermelho, depois um pirata de sabre em riste.
- É fantástico- disse o pato.
- Ele é um craque! - disse o
pato.
- Ele é fabuloso! - disse o
porco.
- Que tal participar de nosso
piquenique? - convidou a vaca.
Então todos foram à campina e
passaram a tarde toda deitados, contando belas histórias.
O Lobo se espichou na relva.
- Todos nós podemos virar
contadores de histórias! – Disse a vaca de repente.
- Podíamos viajar pelo mundo –
Acrescentou o pato.
- Podemos começar amanha de
manhã – disse o porco.
O lobo se espichou na relva. Ele
estava feliz por ter amigos tão maravilhosos.
Beck
Bloom
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