Fábulas infantil
Fábulas infantis são histórias narrativas repletas de exemplos e
lições morais, que são transmitidas de geração em geração como
uma tradição familiar divertida e enriquecedora para as crianças.
A maioria das fábulas contemplam histórias curtas, com personagens
que personificam características humanas.
É comum ver em fábulas animais e
objetos que falam, festejam, estudam e trabalham, do mesmo modo como um ser
humano se comportaria.
Sua própria infância também foi
marcada por fábulas e seus ensinamentos morais, como a tartaruga e a lebre, ensinando sobre a paciência e constância,
qualidades capazes de nos fazer atingir qualquer objetivo.
A Raposa e o Leão
A Raposa deparou-se pela
primeira vez com o Leão. Por não conhecer essa espécie de animais e pressentir
que o Leão era muito poderoso, a Raposa entrou em pânico: saiu correndo e se
escondeu na floresta, o coração quase saindo pela boca.
Ao se acalmar, a Raposa
lembrou que o Leão não havia olhado para ela de modo agressivo, nem tentara
persegui-la quando ela fugira assustada.
No segundo encontro entre os
dois, a Raposa ficou parada à distância, olhando para o Leão. Ele, calmamente,
continuou andando até sair de vista.
No terceiro encontro, a
Raposa, mais segura e confiante, resolveu conhecê-lo de perto.
― Como vai, “seu” Leão. Eu
sou a Raposa.
― Vou bem, Dona Raposa. Já
nos vimos antes, algumas vezes. Numa delas, assim me parece, você ficou um
tanto assustada.
― Ahahah! Tem razão ―
respondeu a Raposa, já sentindo que o Leão poderia ser um bom companheiro.
E logo começaram a conversar
amistosamente, trocando informações sobre suas vidas, famílias, interesses…
Depois de longos minutos de
convivência agradável, a Raposa disse, como se despedindo de velho amigo:
–―Tchau! Qualquer dia a gente
continua o papo.
Virou as costas e caminhou
tranquila de volta ao seu lar.
Moral da história
A familiaridade desfaz
preconceitos.
A coruja e a águia
Coruja e água, depois de muita
briga, resolveram fazer as pazes.
- Basta de guerra - disse a
coruja. - O mundo é grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os
filhotes uma da outra.
- Perfeitamente - respondeu a
águia. - Também eu não quero outra coisa.
- Nesse caso combinemos isto: de
agora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
- Muito bem. Mas como posso
distinguir os teus filhotes?
- Coisa fácil. Sempre que
encontrarem uns borrachos lindos, bem-feitinhos de corpo, alegres, cheios de
uma graça especial que não existe em filhotes de nenhuma outra ave, já sabes,
são os meus.
- Está feito! - concluiu a águia.
Dias depois, andando à caça, a
águia encontrou um ninho com três mostrengos dentro, que piavam de bico muito
aberto.
- Horríveis bichos! - disse ela. -
Vê-se logo que não são os filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao
regressar à toca, a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi ajustar
contas com a rainha das aves.
- Quê? - disse esta, admirada. - eram teus aqueles mostrenguinhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...
Para
retrato de filho ninguém acredite em pintor pai. Lá diz o ditado: quem o feio
ama, bonito lhe parece.
O pastor e o leão
Um pastorzinho, notando certa
manhã a falta de várias ovelhas, enfureceu-se, tomou da espingarda e saiu para
a floresta.
- Raios me partam se eu não
trouxer, vivo ou morto, o miserável ladrão das minhas ovelhas! Hei de campear
dia e noite, hei de encontrá-lo, hei de arrancar-lhe o fígado...
E assim, furioso, a resmungar as
maiores pragas, consumiu longas horas em inúteis investigações.
Cansado já, lembrou-se de pedir
socorro aos céus.
- Valei-me, Santo Antônio!
Prometo-vos vinte reses se me fizerdes dar de cara com o infame salteador.
Por estranha coincidência, assim
que o pastorzinho disse aquilo apareceu diante dele um enorme leão, de dentes
arreganhados.
O pastorzinho tremeu dos pés à
cabeça; a espingarda caiu-lhe das mãos; e tudo quanto pôde fazer foi invocar de
novo o santo.
- Valei-me, Santo Antônio! Prometi
vinte reses se me fizésseis aparecer o ladrão; prometo agora o rebanho inteiro
para que o façais desaparecer.
No momento do perigo é que se
conhecem os heróis.
O julgamento da ovelha
Um cachorro de maus bofes acusou
uma pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.
- Para que furtaria eu esse osso -
alegou ela - se sou herbívora e um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de
pau?
- Não quero saber de nada. Você
furtou o osso e vou já levá-la aos tribunais.
E assim fez. Queixou-se ao
gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O gavião reuniu o tribunal para julgar a
causa, sorteando para isso doce urubus de papo vazio.
Comparace a ovelha. Fala.
Defende-se de forma cabal, com razões muito irãs das do cordeirinho que o lobo
em tempos comeu.
Mas o júri, composto de carnívoros
gulosos, não quis saber de nada e deu a sentença:
- Ou entrega o osso já e já, ou
condenamos você à morte!
A ré tremeu: não havia
escapatória!... Osso não tinha e não podia, portanto, restituir; mas tinha vida
e ia entregá-la em pagamento do que não furtara.
Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a, reservou para si um quarto e dividiu o restante com os juízes famintos, a título de custas.
Fiar-se na
justiça dos poderosos, que tolice!... A justiça deles não vacila em tomar do
branco e solenemente decretar que é preto.
O touro e as rãs
Enquanto dois touros furiosamente
lutavam pela posse exclusiva de certa campina, as rãs novas, à beira do brejo,
divertiram-se com a cena.
Um rã velha, porém, suspirou.
- Não se riam, que o fim da
disputa vai ser doloroso para nós.
- Que tolice! - exclamaram as
rãzinhas. - Você está caducando, rã velha!
A rã velha explicou-se:
- Brigam os touros. Um deles há de
vencer e expulsar da pastagem o vencido. Que acontece? O animalão surrado vem
meter-se aqui em nosso brejo e ai de nós!...
Assim foi. O touro mais forte, à
força de marradas, encurralou no brejo o mais fraco, e as rãzinhas tiveram de
dizer adeus ao sossego. Inquietas sempre, sempre atropeladas, raro era o dia em
que não morria alguma sob os pés do bicharoco.
É sempre
assim: brigam os grandes, pagam o pato os pequenos.
A assembleia dos ratos
Um gato de nome Faro-Fino deu de
fazer tal destroço na rataria de uma casa velha que os sobreviventes, sem ânimo
de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso,
resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão. Aguardaram para
isso certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado, fazendo sonetos
à Lua.
- Acho - disse um eles - que o
meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo ao pescoço. Assim
que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a
luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra um rato
casmurro, que pediu a palavra e disse:
- Está tudo muito direito. Mas
quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se
por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo. Todos, porque não tinham
coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
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Dizer é
fácil, fazer é que são elas!
O leão e o ratinho
Um ratinho, ao sair de sua toca, deparou-se, certa
vez, com um enorme leão. Paralisado de medo, o pequeno animal pensou que seria
engolido de uma vez só. Então ele pediu:
— Ó, seu leão, por favor, não me engula!
E o felino respondeu, gentilmente:
— Não se preocupe, amigo, pode ir embora tranquilo.
O rato saiu satisfeito e agradecido. Eis que um dia, o
leão encontrou-se em perigo. Ele estava caminhando e foi surpreendido com uma
armadilha, ficando preso por cordas.
O ratinho, que também caminhava por ali, ouviu os
urros do amigo e foi até lá. Vendo o desespero do animal, ele teve uma ideia:
— Leão, meu amigo, vejo que está em perigo. Vou roer
uma das cordas e libertá-lo.
Assim foi feito e o pequeno rato salvou o rei da
floresta, que ficou muito feliz.
Moral
da história: Gentileza gera gentileza.
A Formiga e a Pomba
Uma
formiga sedenta chegou à margem do rio, para beber água.
Para
alcançar a água, precisou descer por uma folha de grama. Ao fazer isso,
escorregou e caiu dentro da correnteza.
Pousada
numa árvore próxima, uma pomba viu a formiga em perigo.
Rapidamente,
arrancou uma folha de árvore e jogou dentro do rio, perto da formiga, que pôde
subir nela e flutuar até a margem.
Logo
que alcançou a terra, a formiga viu um caçador de pássaros, que se escondia
atrás de uma árvore, com uma rede nas mãos.
Vendo
que a pomba corria perigo, correu até o caçador e mordeu-lhe o calcanhar.
A
dor fez o caçador largar a rede e a pomba fugiu para um ramo mais alto.
De
lá, ela arruinou para a formiga:
—
Obrigada, querida amiga.
Morais
da história:
Gentileza
gera gentileza. Faça o bem, sem olhar a quem que o retorno sempre vem. Uma boa
ação se paga com outra. Gratidão não se mede pelo tamanho do ato ou de quem o
fez, mas sim pelo valor da atitude. O grato de coração sempre achará um jeito
de demonstrar sua gratidão.
A Corrida de Sapinhos
Era uma vez uma corrida de sapinhos.
Eles
tinham que subir uma grande ladeira e, do lado havia uma grande multidão, muita
gente
que vibrava com eles.
Começou
a competição.
A
multidão dizia:
–
Não vão conseguir! Não vão conseguir!
Os
sapinhos iam desistindo um a um, menos um deles que continuava subindo. E a
multidão a aclamar:
–
Não vão conseguir! Não vão conseguir!
E os
sapinhos iam desistindo, menos um, que subia tranquilo, sem esforço.
No
final da competição, todos os sapinhos desistiram, menos aquele.
Todos
queriam saber o que aconteceu, e quando foram perguntar ao sapinho como ele
conseguiu chegar até o fim, descobriram que ele era SURDO!
Moral
da História: Quando queremos fazer alguma coisa
que precise de coragem não devemos escutar as pessoas que falam que você não
vai conseguir. Seja surdo aos apelos negativos.
O Macaco e O Gato
Simão,
o macaco, e Bichano, o gato, moram juntos na mesma casa. E pintam o sete. Um
furta coisas, remexe gavetas, esconde tesourinhas, atormenta o papagaio; outra
arranha os tapetes, esfiapa as almofadas e bebe o leite das crianças.
Mas,
apesar de amigos e sócios, o macaco sabe agir com tal maromba que é quem sai
ganhando sempre.
Foi
assim no caso das castanhas.
A
cozinheira pusera a assar nas brasas umas castanhas e fora à horta colher
temperos. Vendo a cozinha vazia, os dois malandros se aproximaram. Disse o
macaco:
–
Amigo Bichano, você que tem uma pata jeitosa, tire as castanhas do fogo.
O
gato não se fez insistir e com muita arte começou a tirar as castanhas.
–
Pronto, uma…
–
Agora aquela lá… Isso. Agora aquela gorducha… Isso. E mais a da esquerda, que
estalou…
O
gato as tirava, mas quem as comia, gulosamente, piscando o olho, era o macaco…
De
repente, eis que surge a cozinheira, furiosa, de vara na mão.
–
Espere aí, diabada!…
Os
dois gatunos sumiram-se aos pinotes.
–
Boa peça, hem? — disse o macaco lá longe.
O
gato suspirou:
–
Para você, que comeu as castanhas. Para mim foi péssima, pois arrisquei o pelo
e fiquei em jejum, sem saber que gosto tem uma castanha assada…
Moral
da História: O bom-bocado não é para quem o
faz, é para quem o come.
A Garça Velha
Certa
garça nascera, crescera e sempre vivera à margem duma lagoa de águas turvas,
muito rica em peixes. Mas o tempo corria e ela envelhecia. Seus músculos cada
vez mais emperrados, os olhos cansados – com que dificuldade ela pescava!
–
Estou mal de sorte, e se não topo com um viveiro de peixes em águas bem
límpidas, certamente que morrerei de fome. Já se foi o tempo feliz em que meus
olhos penetrantes zombavam do turvo desta lagoa…
E de
pé num pé só, o longo bico pendurado, pôs-se a matutar naquilo até que lhe
ocorreu uma idéia.
–
Caranguejo, venha cá! – disse ela a um caranguejo que tomava sol à porta do seu
buraco.
– Às
ordens. Que deseja?
–
Avisar a você duma coisa muito séria. A nossa lagoa está condenada. O dono das
terras anda a convidar os vizinhos para assistirem ao seu esvaziamento e o
ajudarem a apanhar a peixaria toda. Veja que desgraça! Não vai escapar nem um
miserável guaru.
O
caranguejo arrepiou-se com a má notícia. Entrou na água e foi contá-la aos
peixes.
Grande
rebuliço. Graúdos e pequeninos, todos começaram a pererecar às tontas, sem
saberem como agir. E vieram para a beira d’água.
–
Senhora dona do bico longo, dê-nos um conselho, por favor, que nos livre da
grande calamidade.
– Um
conselho?
E a
matreira fingiu refletir. Depois respondeu.
– Só
vejo um caminho. É mudarem-se todos para o poço da Pedra Branca.
–
Mudar-se como, se não há ligação entre a lagoa e o poço?
–
Isso é o de menos. Cá estou eu para resolver a dificuldade. Transporto a
peixaria inteira no meu bico.
Não
havendo outro remédio, aceitaram os peixes aquele alvitre – e a garça os mudou
a todos para o tal poço, que era um tanque de pedra, pequenininho, de águas
sempre límpidas e onde ela sossegadamente poderia pescá-los até o fim da vida.
Moral
da História: Ninguém acredite em conselho de
inimigo.
A Onça Doente
A
onça caiu da árvore e por muitos dias esteve de cama seriamente enferma. E como
não pudesse caçar, padecia fome das negras.
Em
tais apuros imaginou um plano.
–
Comadre irara – disse ela – corra o mundo e diga à bicharia que estou à morte e
exijo que venham visitar-me.
A
irara partiu, deu o recado e os animais, um a um, principiaram a visitar a
onça.
Vem
o veado, vem a capivara, vem a cutia, vem o porco do mato.
Veio
também o jabuti.
Mas
o finório jabuti, antes de penetrar na toca, teve a lembrança de olhar o chão.
Viu na poeira só rastos entrantes, não viu nenhum rastro sainte. E desconfiou:
–
Hum!… Parece que nesta casa quem entra não sai. O melhor, em vez de visitar a
nossa querida onça doente, é ir rezar por ela…
E
foi o único que se salvou.
Moral
da História: contra esperteza, uma esperteza e meia.
Pau de Dois Bicos
Um
morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro
se a coruja ao regressar não investisse contra ele.
–
Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a
família dos ratos?
–
Achas então que sou rato? Não tenho asas e não vôo como tu? Rato, eu? Essa é
boa!…
A
coruja não sabia discutir e, vencida de tais razões, poupou-lhe a pele.
Dias
depois, o finório morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra,
dá com ele e chia de cólera.
–
Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha toca, sabendo que detesto as
aves?
– E
quem te disse que sou ave? – retruca o cínico – sou muito bom bicho de pêlo,
como tu, não vês?
–
Mas voas!…
–
Vôo de mentira, por fingimento…
–
Mas tem asas!
–
Asas? Que tolice! O que faz a asa são as penas e quem já viu penas em morcego?
Sou animal de pêlo, dos legítimos, e inimigo das aves como tu. Ave, eu? É boa…
O
gato embasbacou, e o morcego conseguiu retirar-se dali são e salvo.
Moral
da História: O segredo de certos homens está nesta
política do morcego. É vermelho? Tome vermelho. É branco? Viva o branco!
O Ratinho, O Galo e O Gato
Certa
manhã, um ratinho saiu do buraco pela primeira vez. Queria conhecer o mundo e
travar relações com tanta coisa bonita de que falavam seus amigos. Admirou
a luz do sol, o verdor das árvores, a correnteza dos ribeirões, a
habitação dos homens. E acabou penetrando no quintal duma casa da roça.
—
Sim senhor! É interessante isto!
Examinou
tudo minuciosamente, farejou a tulha de milho e a estrebaria. Em seguida,
notou no terreiro um certo animal de belo pêlo, que dormia sossegado ao sol.
Aproximou-se
dele e farejou-o, sem receio nenhum. Nisto, aparece um galo, que bate as
asas e canta. O ratinho, por um triz, não morreu de
susto. Arrepiou-se todo e disparou como um raio para a toca.
Lá
contou à mamãe as aventuras do passeio.
—
Observei muita coisa interessante — disse ele. — Mas nada me impressionou
tanto como dois animais que vi no terreiro.
Um
de pelo macio e ar bondoso, seduziu-me logo. Devia ser um desses bons
amigos da nossa gente, e lamentei que estivesse a dormir impedindo-me de
cumprimenta-lo. O outro… Ai, que ainda me bate o coração! O outro era um
bicho feroz, de penas amarelas, bico pontudo, crista vermelha e aspecto
ameaçador. Bateu as asas barulhentamente, abriu o bico e soltou um
có-ri-có-có tamanho, que quase caí de costas. Fugi. Fugi com quantas
pernas tinha, percebendo que devia ser o famoso gato, que tamanha
destruição faz no nosso povo.
A
mamãe rata assustou-se e disse:
—
Como te enganas, meu filho! O bicho de pêlo macio e ar bondoso é que é o
terrível gato. O outro, barulhento e espaventado, de olhar feroz e crista
rubra, filhinho, é o galo, uma ave que nunca nos fez mal. As aparências
enganam. Aproveita, pois, a lição e fica sabendo que:
Moral
da História: Quem vê cara não vê coração.
O Lobo Velho
Adoecera
o lobo e, como não pudesse caçar, curtia na cama de palha a maior fome de sua
vida. Foi quando lhe apareceu a raposa.
–
Bem-vinda seja, comadre! É o céu que a manda aqui. Estou morrendo de fome e se
alguém não me socorre, adeus, lobo!
–
Pois espere aí que já arranjo uma rica petisqueira – respondeu a raposa com uma
ideia na cabeça.
Saiu
e foi para a montanha onde costumavam pastar as ovelhas. Encontrou logo uma,
desgarrada.
–
Viva anjinho! Que faz por aqui, tão inquieta? Está a tremer…
– É
que me perdi e tremo de medo do lobo.
–
Medo do lobo? Que bobagem! Pois ignora que o lobo já fez as pazes com o
rebanho?
–
Que me diz?
– A
verdade, filha. Venho da casa dele, onde conversamos muito tempo. O pobre lobo
está na agonia e arrependido da guerra que moveu às ovelhas. Pediu-me que
dissesse isto a vocês e as levasse lá, todas a fim de selarem um pacto de
reconciliação.
A
ingênua ovelhinha pulou de alegria. Que sossego dali por diante, para ela e as
demais companheiras! Que bom viver assim, sem o terror do lobo no coração!
Enternecida
disse:
–
Pois vou eu mesma selar o acordo.
Partiram.
A raposa, à frente, conduziu-a à toca da fera. Entraram. Ao da com o lobo
estirado no catre, a ovelhinha por um triz que não desmaiou de medo.
–
Vamos – disse a raposa -, beije a pata do magnânimo senhor! Abrace-o, menina!
A
inocente, vencendo o medo, dirigiu-se para o lobo e abraçou-o. E foi-se a
ovelha!
Moral
da História: Muito padecem os bons que julgam os
outros por si.
As Duas Cachorrinhas
Moravam
no mesmo bairro. Uma era boa e caridosa; outra, má e ingrata.
A
boa, como fosse diligente, tinha a casa bem arranjadinha; a má, como fosse
vagabunda, vivia ao léu, sem eira nem beira.
Certa
vez… a má, em véspera de dar cria, foi pedir agasalho à boa:
–
Fico aqui num cantinho até que meus filhotes possam sair comigo. É por eles que
peço…
A
boa cedeu-lhe a casa inteira, generosamente.
Nasceu
a ninhada, e os cachorrinhos já estavam de olhos abertos quando a dona da casa
voltou.
–
Podes entregar-me a casa agora?
A má
pôs-se a choramingar.
–
Ainda não, generosa amiga. Como posso viver na rua com filhinhos tão novos?
Conceda-me um novo prazo.
A
boa concedeu mais quinze dias, ao termo dos quais voltou.
–
Vai sair agora?
–
Paciência, minha velha, preciso de mais um mês.
A
boa concedeu mais quinze dias; e ao terminar o último prazo voltou.
Mas
desta vez a intrusa, rodeada dos filhos já crescidos, robustos e de dentes
arreganhados, recebeu-a com insolência:
–
Quer a casa? Pois venha tomá-la, se é capaz…
Moral
da História: Para os maus, pau!
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