Diz
que era um dia que era uma formiguinha, foi comer pela manhã. Quando ela estava
comendo, a neve pegou o pé. Ela disse:
—
Neve, tu é tão valente
Que
o meu pé prende?
A neve disse:
— Mais valente é o sol
Que
me derrete
Ela
foi à procura do sol:
— Ó, sol, tu é tão valente
— Ó, sol, tu é tão valente
Que
derrete a neve
Que
o meu pé prende?
O sol disse:
— Mais valente é a parede
Que
me encobre
Ela foi para a parede:
— Ô, parede, tu é tão valente
Que
encobre o sol
O
sol derrete a neve
E
a neve o meu pé prende?
A
parede disse:
— Mais valente é o rato
— Mais valente é o rato
Que
me rói
Ela
foi à procura do rato:
— Ô, rato, tu é tão valente
— Ô, rato, tu é tão valente
Que
rói a parede
A
parede encobre o sol
O
sol derrete a neve
E
a neve o meu pé prende?
O rato disse:
— Mais valente é o gato
Que
me come
A
formiguinha disse:
—
Ô gato, tu é tão valente
Que
come o rato
O
rato rói a parede
A
parede encobre o sol
O
sol derrete a neve
E
a neve que o meu pé prende?
Ele disse:
—
Mais valente é a cobra
Que
me morde
— Ô, cobra, tu é tão valente
Que
morde o gato
O
gato que come o rato
O
rato que rói a parede
A
parede que encobre o sol
O
sol que derrete a neve
E
a neve que o meu pé prende?
—
Mais valente é o pau
Que
me mata
— Ô, pau, tu é tão valente
Que
mata a cobra
A
cobra que morde o gato
O
gato que come o rato
O
rato que rói a parede
A
parede que encobre o sol
O
sol que derrete a neve
E
a neve que o meu pé prende?
— Mais valente é o fogo
Que
me queima
— Ô, fogo, tu é tão valente
Que
queima o pau
O
pau que mata a cobra
A
cobra que morde o gato
O
gato que come o rato
O
rato que rói a parede
A
parede que encobre o sol
O
sol que derrete a neve
A
neve que o meu pé prende?
— Mais valente é a água
Que
me apaga
— Ô, água, tu é tão valente
Que
apaga o fogo
O
fogo queima o pau
O
pau que mata a cobra
O
gato que come o rato
O
rato que rói a parede
A
parede que encobre o sol
O
sol que derrete a neve
A
neve que o meu pé prende?
— Mais valente é o boi
Que
me bebe
— Ô, boi, tu é tão valente
Que
bebe a água
A
água apaga o fogo
O
fogo que queima o pau
O
pau que mata a cobra
A
cobra que morde o gato
O
gato que come o rato
O
rato que rói a parede
A
parede que encobre o sol
O
sol que derrete a neve
E
a neve que o meu pé prende?
— Mais valente é o homem
Que
me mata
— Ô, homem, tu é tão valente
Que
mata o boi
O
boi que bebe a água
A
água que apaga o fogo
O
fogo que queima o pau
O
pau que mata a cobra
A
cobra que morde o gato
O
gato que come o rato
O
rato que rói a parede
A
parede que encobre o sol
O
sol que derrete a neve
E
a neve que o meu pé prende?
—
Mais valente é Deus
Que
me criou
— Ô, Deus, vós é tão valente
Que
mata o homem
O
homem que mata o boi
O
boi que bebe a água
A
água que apaga o fogo
O
fogo que queima o pau
O
pau que mata a cobra
A
cobra que morde o gato
O
gato que come o rato
O
rato que rói a parede
A
parede que encobre o sol
O
sol que derrete a neve
E
a neve que o meu pé prende?
Ele disse:
— Ô xente!... que desaforo você vim aqui...
Aí Deus pegou, deu um cocorote — pá! — na cabeça da formiguinha... se retorceu toda, quando caiu em baixo... esses formigueiros todos que têm pelo mundo foi gerado dessa formiguinha.
Versão procedente de Maruim, SE, colhida em Aracaju, em 14 de abril de 1972. Informante: Dona Caçula.
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