O bicho-preguiça estava parado quieto, trepado no
galho da árvore. Sua filha estava trepada quieta, parada num outro galho. De repente,
ela disse:
_ Pai, estou sentindo uma dorzinha esquisita dentro
na barriga. Acho que vou parir logo.
Tempos depois, o bicho-preguiça desceu da árvore e
ficou pensando. Mais tarde, saiu andando devagar, quase parando. Foi procurar
uma parteira.
Foi, foi, foi. Andou, andou, andou. Seguiu, seguiu,
seguiu.
No meio da viagem, o bicho-preguiça tropeçou numa
pedra e machucou o dedinho do pé. Ficou um pouco nervoso:
_ É isso que dá andar nessa pressa danada!
E seguiu, seguiu, seguiu. E andou, andou, andou. E foi,
foi, foi.
Acabou chegando na casa da parteira. Passou um tempo,
o bicho-preguiça bateu na porta e disse:
_ Dona parteira, é urgente. Vamos lá em casa que o filho
da minha filha está pra nascer.
A parteira era bicho-preguiça também. Dias depois,
abriu a porta devagar e respondeu:
_ Calma aí que eu já estou indo!
O tempo correu e bem mais tarde os dois partiram.
Foram indo, foram indo, foram indo. Foram seguindo,
foram seguindo, foram seguindo. Foram andando, foram andando, foram andando.
No fim, quando chegaram de volta, escutaram uma barulheira.
Eram os filhos do filho da filha do bicho-preguiça brincando devagarinho no
terreiro.
( AZEVEDO, Ricardo. Contos de bichos do mato, Ática, 2005).
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