A Raposa e o Papa-mel






O tatu era o escrivão da floresta. Quando foi marcado o casamento da raposa com o lobo, o tatu ficou com a unha rombuda de tanto escrever no chão a certidão de casamento.
Depois de casados, a raposa combinou com o papa-mel de roubar cana no canavial, já que ele estava acostumado a chupar cana até nos fundos da cozinha do dono do canavial.
Um dia, o papa-mel chegou perto da raposa e arrotou.
A raposa sentiu um cheiro adocicado e perguntou:
- Que cheiro bom é esse?
O papa-mel respondeu baixinho:
- Eu tiro cana do canavial de um homem. Eu chupo cana lá. A tal da cana caiana, sô.
Ela falou:
- Home, me leva lá. Me Leva lá para eu poder chupar dessa cana.
Ele falou:
- Então, vamos.
O papa-mel levou a raposa até o canavial, mas combinou:
- Quando você for arrotar, arrota baixo porque o dono do canavial tem muitos cachorros!
Aí, ela foi com ele. Chegando lá no canavial, ela está que chupa cana, que chupa cana, que chupa cana, chupa cana....
O papa-mel falou para a raposa:
- Sinhá raposa, vamos cair fora. Na hora que você for arrotar, arrota baixo.
Mas não é que na hora que ela vai arrotar, arrotou perto da porta da cozinha do dono do canavial e da cachorrada! É que quando ela abriu a boca para arrotar, gritou:
- Ôooo, cana doce!
Aí, a cachorrada foi em direção da raposa.
O papa-mel perguntou se ela tinha algum recurso, alguma coisa para espantar os cachorros.
A raposa falou:
-Ah! Eu tenho sim. Eu tenho um balaio cheio e outro até no meio.
Ele falou assim:
- É, Sinhá raposa, então, você tem recurso até demais.
Um balaio cheio e outro até no meio.
O papa-mel gritou para a raposa subir na árvore. O papa-mel trepa no pau, mas a raposa não consegue subir. De cima do pau, ele vê um cachorro que está pega num pega a raposa.
Ele gritou:
- Você num salta, Sinhá raposa?
Aí, ela foi num tempo só; num pulo só, e os dois ficaram bem quietinhos até os cachorros irem embora.

Narrador: Jair Siqueira
Comunidade: Mato do Tição
Ano: 1995
Pesquisadora: Gloria Moura

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