O Sr Amarino era um pequeno sitiante
que só sabia lidar com a lavoura, pessoa simplória e muita querida pelas
pessoas do lugar onde morava. Mas passava por uma crise financeira das bravas,
pois a lavoura tinha fracassado por demais naquele ano e pra saldar suas dívidas
a única maneira foi vender o veio Salomé, que era nada mais nada menos que seu
burrico de estimação. E pra concretizar a sua única ideia foi procurar seu
cumpadi Floriano Pestana, amigo e vizinho de sitio. O burrico pro seu Pestana
de nada valia, pois já era um animal veio e muito cansado de tanto carrega
carga de um lado pro outro. Mais pra poder ajudar seu cumpadi e amigo ele
resolveu pagar $500,00 reis que era o valor da dívida do seu Armarino com seus
credores.
Bem! Depois de tudo combinado entre
os cumpadres, seu Pestana, ficou de passar na manhã seguinte pra carrega o
burrico pro seu sitio, e pra não amargar num prejuízo iria fazer uma rifa do
animal pra modo de trocar sua boa ação pelo dinheiro que emprestara ao amigo.
Eis que no outro dia seu Pestana mal chega pra empreitada encontra seu cumpadi
disolado num canto do curral, que meio resmungando baixinho e reclamando da
maré de azar que vinha passando. Num é que assim que o seu Armindo se levantou
pela manhã e foi preparar o animal pro seu cumpadi levar deu de cara com o
Salomé estendido mortinho da silva caído atrás do curral.
-
E agora cumpadi come que faço já usei seu dinheiro pra paga os credo, e o
Salomé arresorveu de morre justo agora, como é que faço pra pode acerta nosso
cumbinado, cume que faço cumpadi?
O seu Pestana que era um sujeito
muito calmo e tranquilo, depois de ´´pestagenar´´ um pouco, filosofou a
seguinte frase, todo mal tem seu lado bom, ele num instante acalmou o
seu cumpadi e já foi resolvendo a questão.
-
Eh cumpadi vamo coloca o burrico, no carroção do trator pra mor deu leva o bicho
lá pra casa, porque amanhã memo vo pra cidade rifa o danado.
-
Rifa? Como é que oce vai rifa um burrico morto cumpadi, oce deu pra bebe
cedinho, oce num ta vendo que o burrico ta duro qui nem preda, e tem outra u
nomi deli é Salome e não Lazaro, oce num ta bão das ideia.
-
Deixa cumigo cumpadi u nomi du bicho num é Lazaro eu sei, mais meu nomi num é
Pestana´ atoa, vo faze cunformi cumbinado.
Três dias depois os dois cumpadis se
incontraram na estrada que ligava seus sítios, e seu Armindo mais que depressa
foi logo perguntando.
-
Eh ai cumpadi deu certo tua impreitada?
-
Oia cumpadi foi até além do que eu esperava.
-
Uai cumpadi me esprica cumo é que oce rifo um bicho morto?
-
Oi cumpadi fiz o serguinte;
-
Fui pra cidade e vendi dês número da rifa pur $100,00 reis cada, i quem ganho
foi o seu Mane, aquele que oce devia $400,00 reis do totar da sua dívida, nu
dia seguinte bem cedo o seu Mane pareceu lá em casa pra mor de, de busca o prêmio,
anssim qui ele chego eu fui logo espricando:
-
Oi seu Mane conteceu uma disgracera eu cordei cedinho pra mor de prepara o
bichinho pro ce levar i num é que dei cuele mortinho, acho inte que foi
tristeza, pois o bicho enquanto estava na casa do cumpadi Armarino só fartava
ri, ai comu num tem outra solução pra nois resorve esse pobrema, eu só posso
pidi descurpa e te devorve os $100,00 reis que oce pago pela rifa, anssim oce
num fica nu prejuízo.
-
Eh o seu Mane aceito?
-
Uai cumpadi é mio o dinhero devorta que leva o bicho morto.
-
Que dize que oce inda lucro?
-
Eh cumpadi é como sempre digo´´todo mau tem seu lado bão´´
Zé Paulo Medeiros
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