Nas viagens que fiz pelo mundo das fantasias, visitei um
reino muito interessante: O Reino das Borboletas Brancas!
Lá tudo era branco, e o que não era,
ficava num cantinho esquecido.
As graciosas borboletas só beijavam a
flores brancas que, orgulhosamente, tremulavam à brisa fresca.
Um dia, nasceu no reino uma linda
borboletinha que, por sua candura e mimo, chamou a atenção de todos. Até sua
majestade, a rainha, foi vê-la.
A linda borboleta ia crescendo muito
saudável, alva, sempre cercada de brancos carinhos. Ao dar seu primeiro
passeio, ela se deslumbrou com o esvoaçar das borboletas por sobre as flores,
porém, apenas sobre as brancas.
Percebeu a tristeza das outras...
--- Oh! Como são lindas, diferentes!
Curiosa, se perguntava:
--- Por que as borboletas só beijam as
flores brancas? Por que as coloridas estão plantadas em cantos tão distantes e
reservados? Será que minhas irmãs não percebem a beleza dessas flores?
No caminho de volta, reparou em uma flor
azul.
--- Que esplendor! Que pétalas! Que perfume!
Ah! Ela não resistiria. As outras que
beijassem as brancas. Pousou na flor e nela depositou um terno beijo.
Que surpresa! A flor, que nunca havia
sido beijada, ao contato de sua boquinha, ficou ainda mais bela.
Em sinal de agradecimento, a flor
deixou rolar de uma de suas pétalas uma gotinha ainda fresca de orvalho para as
asas de sua gentil admiradora. A gotinha se espalhou e tingiu as asas da
borboleta de um azul muito delicado.
O susto foi geral!
--- De onde surgiu essa borboleta
azul?
--- Como entrou aqui? Quem permitiu?
Foi difícil esclarecer.
Seus pais repreenderam-na, mas gostaram da
nova cor.
Logo, outras borboletinhas, encantadas com a cor da amiguinha
seguiram seu exemplo. Começaram a beijar flores amarelas, rosas, vermelhas. E
ganhavam também gotinhas de orvalho e se tornavam amarelas, rosas, vermelhas...
Havia, ainda, a que beijavam flores
diversas e se tornavam multicoloridas, de um tom delicado, transparente.
Que alvoroço! O que estava
acontecendo? Precisavam informar as ministras do reino, que, por sua vez,
informariam a rainha.
--- Majestade, venha ver! O reino das
borboletas brancas está desaparecendo! Precisamos tomar sérias providências.
A rainha saiu às ruas e, boquiaberta,
olhava suas pequenas súditas num bailado alegre e colorido pelo ar. Nunca vira
nada tão belo!
As ministras esbravejavam e exigiam
providências. As borboletas coloridas caprichavam no bailado. Alternavam-se,
ora azuis, amarelas, rosas, vermelhas, multicolores, fazendo reverência à
rainha.
Não me lembro quanto tempo durou o
espetáculo, mas, quando parti, o reino já não tinha o mesmo nome.
Agora se chamava “O Reino das
Borboletas coloridas”.
(Marli Assunção Gomes Pereira – Ed. Paulus)
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