O lobo era um animalzinho muito
solitário, não tinha amigos e vivia sozinho. Desde que nasceu era chamado de
'mau' por todos. O pequeno lobo não entendia porquê o chamavam assim, pois
nunca havia feito nada de mal a ninguém. Rejeitado e temido, lobo foi crescendo
sem ter quem te ensinasse o que era certo e o que era errado, e sua malandragem
foi crescendo junto dele. Não havia um animal que pudesse escapar das
armadilhas do lobo mau.
O lobo achava
bonito as traquinagens que aprontava. Divertia-se vendo os outros animais em
apuros por sua causa. Enfim, fez jus ao sobrenome que lhe deram. Quanto
equivoco!
Em uma bela
manhã ensolarada, o lobo mau saiu da sua toca com boa disposição para aprontar
suas marotices. Três porquinhos passeavam distraídos pela floresta quando
avistaram o lobo saindo da toca e dispararam na corrida. Enquanto corria atrás
dos pobres porquinhos, o lobo se
divertia. Mas na pressa e sem prestar atenção onde pisava, levou um baita
tropicão, daqueles de tirar a tampa do dedão!
- Aaauuuuu! Uivou bem alto.
O berro ecoou pela floresta. Mas algo curioso chamou atenção do lobo,
que saltitava de dor. Era uma voz mansa que surgiu dizendo:
- Meu amigo, não tenho como lhe agradecer.
O lobo mau olhou a sua volta e finalmente encontrou de onde a voz
surgira, logo abaixo de seu pé inchado estava uma velha tartaruga que logo
continuou dizendo:
- Estava a dias de casco virado para baixo. Clamei por ajuda, mas nem os
bons porquinhos que passaram correndo do meu lado me deram ouvidos. Mas você
chegou e, mais que de pressa, me virou. Não tenho palavras para agradecer sua
gentileza, meu bom amigo.
O lobo sentiu algo tão diferente em seu coração ao ouvir as palavras da
velha tartaruga que até sua dor desapareceu. Mas logo lembrou-se de como os
outros animais o chamam, e assim respondeu:
- Foi tudo por acaso, tropecei enquanto assustava os porquinhos
atrapalhados.
- Acaso? Sou velha demais para acreditar em acaso. - disse a velha
tartaruga.
- Por que você não está com medo de mim? Todos me chamam de lobo mau,
deveria se esconder de mim como todos fazem. - disse o lobo mal humorado.
- Meu jovem lobo, ouça seu coração, ele te conhece melhor que qualquer
animal. Vejo muita bondade nele. A partir de agora seremos bons amigos. - disse
a sábia tartaruga, sorrindo.
O lobo ficou sem palavras, mas
gostou muito da ideia de ter uma amizade. A velha tartaruga tinha razão, o lobo
tinha mesmo um bom coração. Mesmo que assustar os outros o divertisse, no fundo
se sentia muito sozinho. Mas agora teria uma amiga com quem contar, e aceitou a
amizade da senhora tartaruga.
A amizade dos
dois floriu, tornaram-se verdadeiros amigos. O lobo ajudava a tartaruga quando
ficava de casco virado, e a velha tartaruga aconselhava seu amigo a fazer o bem
e ajudar o próximo.
Com o tempo,
todos os animais notaram a bondade no coração e nas ações do lobo, e ninguém
mais teve medo ou fugiu quando se ele aproximava. Tornaram-se todos seus
amigos.
E foi assim,
aprendendo a ouvir a voz de seu coração, que lobo deixou de ser mau e se tornou
o lobo bom.
(autora: carolina rodrigues da silva souza)
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