Era uma vez um casal que
vivia junto à casa de uma bruxa má. A mulher estava grávida e, como a bruxa
tinha um lindo quintal cheio de repolhos grandes e verdes, despertou nela a
vontade de os comer. O marido bem lhe dizia que não podia ir lá buscar os repolhos
pois pertenciam à bruxa malvada. Mas um dia, a sua mulher estava com tantos
desejos de comer uma sopa de repolhos que o marido não resistiu e foi, às
escondidas, até à horta da bruxa.
Com muito cuidado e sem fazer
barulho, apanhou um repolhos e levou-o à sua mulher para que esta pudesse fazer
a sopa. Esta ficou tão satisfeita com a sopa que no dia seguinte pediu mais. O
marido um pouco assustado, foi novamente ao quintal da bruxa mas quando estava
quase a passar o muro com um grande repolhos nas mãos, a bruxa cruel apareceu e
gritou, furiosa:
“Como te atreves a entrar na minha
horta e a roubar-me os meus repolhos?!
“Peço mil desculpas”, disso o
homem, tremendo “mas a minha mulher está grávida e tem muitos desejos de comer
sopa de repolhos … e os seus são tão verdes e deliciosos que ela não consegue
resistir…”.
A bruxa esboçou um sorriso e disse:
“A tua mulher gosta assim tanto dos meus repolhos?
“Sim, minha senhora” respondeu o
marido.
“Pois muito bem, deixo-te levar
todos os que quiseres, mas em troca quando o bebê nascer terás de mo dar!”
O homem, como morria de medo da
bruxa, concordou com ela e assim que pode, correu para casa para junto da sua
mulher.
Uns meses mais tarde, a mulher dá à
luz uma linda menina. Assim que a bruxa soube, foi logo a casa do casal para
levar a bebê com ela. O casal tristemente entregou a sua filha à bruxa com a
esperança de poder vê-la todos os dias, pois viviam ao lado da casa da bruxa.
A bruxa, ao ter a menina no seu
colo sorriu e disse:
“Chamar-te-ei Rapunzel!” e saiu
rapidamente levando a menina para sua casa.
Durante doze anos Rapunzel e bruxa
viveram juntas, numa vida tranquila e sem problemas. Um dia a bruxa olhou bem
para a Rapunzel e falou baixinho:
“Estás a ficar uma mocinha muito
bonita, com os teus longos cabelos dourados. Terei de te esconder do mundo,
pois não tarda nada aparecerá alguém para te levar de mim!”. E assim foi.
Rapunzel foi levada pela bruxa para o meio de uma floresta distante e colocou-a
numa torre muito alta, sem portas nem escadas, onde só se via no topo da torre
uma pequena janela.
A partir daí, Rapunzel passava a
maior parte dos seus dias sozinha e muito triste, e não compreendia porque é
que a bruxa a tinha deixado naquela torre isolada. Os únicos amigos da menina
eram os passarinhos que habitavam naquela floresta que, atraídos pela bela voz
da Rapunzel, pousavam no parapeito da sua janela para a ouvir cantar.
Os anos passaram e Rapunzel
transformou-se numa linda e jovem mulher cujos cabelos eram tão compridos que
chegavam até ao chão que rodeava a torre. Aliás era pelos cabelos loiros e
compridos da Rapunzel, penteados em tranças, que a bruxa subia todos os dias à
torre para a visitar.
Uma linda manhã de primavera,
Rapunzel estava à janela a cantar uma bela melodia quando um príncipe que
passava por ali perto a ouviu. Admirado com tão bela voz, o jovem príncipe
ficou curioso e seguiu a voz, até encontrar uma torre muito alta no meio da
floresta.
“Que estranho… nunca tinha visto
esta torre aqui, no meio da floresta. Tenho quase a certeza que ouvi alguém a
cantar aqui dentro. Mas como é que posso entrar? Não vejo nem porta nem escada
por onde subir!”.
Como já estava a ficar muito tarde,
o príncipe decidiu regressar a casa. Mas como continuava muito curioso e
encantado com aquela voz, decidiu voltar no dia seguinte.
Quando se aproximou da torre, viu
uma estranha figura junto à torre que gritava “Rapunzel, Rapunzel, deixa cair
as tuas tranças para eu poder subir!”. E logo a seguir, uma bela donzela de
cabelos dourados apareceu à janela e lançou as suas tranças compridas pelas
quais a bruxa subiu.
O belo príncipe, ainda espantado
com o que via, pensou:
“Então é assim que se consegue
subir à torre… Amanhã voltarei e tentarei a minha sorte!”.
E assim foi. De manhã muito cedo, o
príncipe cavalgou até à torre e, imitando a voz da bruxa, disse: “Rapunzel,
Rapunzel, deixa cair as tuas tranças para eu poder subir!”. Rapunzel ao ouvir
está frase lançou imediatamente as suas compridas tranças e o príncipe
rapidamente por elas subiu.
Quando Rapunzel viu o belo jovem,
ficou um pouco assustada mas este sossegou-a, dizendo-lhe quem era e que tinha
sido atraído pela sua bela voz. O príncipe ficou tão encantado com a Rapunzel
que a partir daí, passou a visitá-la todos os dias.
Só que um dia, a bruxa apareceu
mais cedo do que era costume, e viu o príncipe subir até à torre. Furiosa,
jurou que se vingaria dos dois.
Assim que o príncipe foi embora, a
bruxa chamou pela Rapunzel e subiu pelas suas tranças. Quando chegou lá acima,
pegou numa tesoura e cortou as suas lindas e longas tranças, tirando Rapunzel
da torre e abandonando-a no deserto.
“Aqui ficarás!” gritou a bruxa
“onde ninguém te possa encontrar nem mesmo o teu príncipe amado!”. E continuou:
“Agora regressarei à torre para me
vingar do teu querido príncipe”.
Rapunzel ficou desolada, e chorou
amargamente a sua sorte e a do seu príncipe.
A bruxa regressou à torre e esperou
pacientemente pelo rapaz. Quando este chamou por Rapunzel, a bruxa lançou as
tranças que tinha cortado à menina e o príncipe, sem desconfiar de nada, subiu
alegremente.
Qual não foi a sua surpresa quando
em vez da Rapunzel, deu de caras com a bruxa. Esta, ao vê-lo, amaldiçoou-o e,
empurrou-o torre abaixo. O príncipe caiu em cima de uns espinhos que, apesar de
lhe terem salvo a vida, tiraram-lhe a visão.
A bruxa regressou a sua casa, muito
satisfeita.
O príncipe cego, andou anos pela
floresta perdido até que um dia, dando-se conta que se encontrava já fora da
floresta, ouviu uma linda voz que imediatamente reconheceu!
Correndo em direção à voz, o mais
rápido que pode, pois como estava cego, tropeçava em todas as pedras que se
encontravam no caminho.
Rapunzel, ao vê-lo, correu na sua
direção, chorando. Ao abraçá-lo, as lágrimas da Rapunzel inundaram-lhe o rosto
e molharam os seus olhos cegos, que imediatamente se curaram. Finalmente
estavam juntos e podiam ser felizes para sempre!
Nenhum comentário:
Postar um comentário