Era um
castelo cheio de
presentes, mas rodeado por sete
muros, cada muro com
uma porta, cada porta com um
guarda. Para entrar lá e escolher
um presente, era preciso passar pelos sete muros, pelas sete portas e
pelos sete guardas.
Os guardas só deixavam entrar
quem completasse, com uma rima, a frase que eles diziam.
Chicó, menino inteligente, foi tentar. Bateu na primeira porta e o guarda falou:
Chicó, menino inteligente, foi tentar. Bateu na primeira porta e o guarda falou:
__ Meu pai é rico...
__ Tem dois potes e um penico.
A porta se abriu e Chico foi bater na segunda porta. Bateu.
O guarda olhou para o menino e
perguntou:
__Que é isso?
Chicó respondeu:
__Chouriço, pra comer no
dia do teu serviço.
A segunda porta se
abriu e o garoto correu a bater na terceira. Com ar de poucos amigos o guarda
disse:
__Sol e chuva...
Chicó emendou:
__Casamento de viúva.
A porta se abriu.
Na quarta porta, o
guarda perguntou:
__Que há de novo?
Muita galinha e pouco
ovo – emendou Chicó.
Na quinta porta o
negócio é o seguinte...
E Chicó rápido:
__O preço da mula é
cento e vinte.
Na sexta porta , Chicó
ouviu o guarda:
__ Um, dois, feijão com
arroz...
Essa Chicó sabia bem e
completou:
__Três , quatro, feijão
no prato.
Cinco, seis, feijão pra
três. Sete, oito, feijão com biscoito. Nove,
dez, feijão com pastéis.
Contente Chicó encarou
a sétima porta. Como era a última porta, o guarda fazia três perguntas, que
Chicó foi respondendo:
__Quem vi ao ar?
__Perde o lugar.
__Quem vai ao vento?
__Perde o assento.
__Quem vai à ribeira?
__Perde a carteira.
A última porta se
escancarou e Chicó pegou uma bicicleta e
voltou vitorioso para a escola. Os
colegas receberam Chicó, muito alegres, exclamando:
__Viva o Chicó! Viva o
Chicó!
(Hildebrando A. de André, Novas
Velhas Histórias, Editora Ícone, 1997)
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