Era uma vez uma formiga que não tinha tempo para mais nada a não ser
para trabalhar. Levantava-se mal nascia o sol e, mesmo sem ver as horas, já
achava que estava atrasadíssima!
Saltava da cama e punha-se logo a aspirar. Depois limpava os vidros,
esfregava o forno e o fogão, vestia-se e saía para as compras. Regressava com
três sacos, ia a sete reuniões, passava no centro comercial. Ao fim do dia,
dava um pulo ao ginásio, ia ao cabeleireiro, fazia o jantar, gritava quatro
vezes com os filhos e o marido... e acabava o dia a ressonar no sofá.
Ao lado desta formiga, num buraquinho junto ao tronco de uma grande
árvore, vivia uma cigarra. A cigarra também trabalhava bastante... Mas não
tanto como a vizinha.
Não se importava que a casa não estivesse sempre perfeita.
Não ficava nervosa só por não ver um episódio da novela.
Não achava assim tão grave ser, às vezes, um bocadinho preguiçosa e ter
tempo para descansar e pôr em primeiro lugar as coisas realmente importantes.
A formiga, como aliás muitos dos habitantes da floresta, sentiam um
grande desprezo por esta cigarra, que cantava e se ria perante os assuntos mais
sérios e tinha, para além disso, umas ideias um bocado “esquisitas”. Mas já lá
vamos...
A cigarra adorava a natureza: as árvores de todos os tamanhos, as ervas
tenrinhas que cresciam debaixo dos seus pés, o sol a passar por entre as
folhas, o vento a cantar em coro com os ramos mais altos da floresta.
E, por isso, todos os domingos passava pelas caixas do correio dos
vizinhos e depositava lá uns folhetos, que ela própria escrevia, desenhava e
que diziam assim:
SE GOSTA DA FLORESTA EM QUE VIVE, ADIRA À RECICLAGEM: SEPARE AS
EMBALAGENS, E VERÁ QUE SÃO SÓ VANTAGENS.
TUDO MAIS LIMPO, SEM PIVETES, SÓ FLORES E FOLHAGEM.
Eram estas ideias que os animais da floresta achavam
“esquisitas”. Ridículas até. E por isso continuavam, como há cem anos
atrás, a pôr todos os resíduos no mesmo caixote.
Um dia, a formiga e a cigarra encontraram-se junto ao
ecoponto.
- O que levas aí? - Perguntou curiosa a formiga.
- Embalagens de leite e sumo para serem recicladas - respondeu
amavelmente a cigarra. - Queres que te explique como funciona a reciclagem de
plástico e metal?
E enquanto depositava no contentor as embalagens que trouxera, começou a
explicar à vizinha o que iria acontecer a seguir:
- Daqui as embalagens seguem para um centro de recolha onde é retirado
tudo o que não é papel e cartão. Depois vão para as fábricas de papel
reciclado, onde são misturadas para fazer objetos novos. Por exemplo, sacos de
papel, blocos, jornais, percebes?... Percebes, formiga?
Mas, infelizmente, a formiga não percebeu nada. Quando a cigarra se
virou, já a vizinha tinha dado meia volta:
- Que malcriada... deixar-me assim a falar sozinha!
O tempo foi passando, a cigarra continuava a separar, a formiga a
refilar que não tinha tempo para nada, e os outros habitantes da floresta a
acharem que o ecoponto era um cogumelo gigante muito colorido que por ali tinha
nascido...
Até que veio um dia, em que a floresta acordou com um som muito estranho
e um cheiro nauseabundo.
Detritos e lixo de toda a forma e tamanho estavam a ser despejados de
qualquer maneira no meio da clareira.
- O que é isto? - perguntou a formiga.
- Que horror! - disseram o escaravelho carrancudo, a minhoca do stress,
o esquilo, o sapo e todos os outros.
E a cigarra aproveitou a oportunidade para voltar a explicar:
- O lixo está aqui porque não deixamos as embalagens ali!
- disse ela apontando para o ecoponto.
- A formiga, o escaravelho, a minhoca, o esquilo e o sapo aprenderam a
lição. Com o ecoponto sempre cheio, só se ouviam os passarinhos, o som do vento
nas árvores, e a voz da cigarra a cantar, muito, muito feliz: ainda bem que os
seus vizinhos tinham aprendido como é importante reciclar!
http://www.resiestrela.pt/comunicacao-e-sensibilizacao/area-escola/historias-sobre-reciclagem/
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