Era uma vez uma lebre e uma tartaruga que eram muito amigas, mas muito
diferentes.
A lebre era toda preocupada com o corpo, passava o tempo a exibir-se:
- Já viste os meus músculos. Apalpa aí a batata. - dizia ela, fletindo o
braço.
- Já viste as minhas pernas? A mim ninguém me apanha.
- e desatava a correr até ao fim do bairro, deixando uma nuvem de pó
atrás de si.
A tartaruga sorria. Era impensável para ela igualar-se em músculos à
amiga. A tartaruga era calma e ponderada.
Gostava de informática e literatura, tinha muita paciência e passava
muito tempo em casa, quer dizer, a casa é que passava muito tempo com ela, a
ler livros e a informar-se sobre o mundo.
- Isto vai de mal a pior! - lastimava-se a tartaruga à amiga lebre. -
Para salvar o mundo é preciso levar a cabo uma verdadeira batalha.
- Venham eles, venham eles! - afirmava a amiga aos saltos, simulando
golpes de boxe e de karaté e dando gritos tão estridentes que a pobre tartaruga
se escondia debaixo da carapaça.
- Não, não estás a perceber. - contrapôs ela. - Não é esse tipo de luta,
o que se passa é que as pessoas andam a sujar o mundo e ainda não perceberam
que têm de separar as embalagens...
- Ai não? - respondia a lebre. - Isso é muito simples, entendes?
Agarras em cada pessoa que ainda não percebeu e dás-lhe uma “pêra” nos
dentes.
Enfim, estão a ver como a lebre via a situação. A tartaruga abanava com
a cabeça e pensava para com os seus botões: não pode ser assim, tem de se
provar, tem de se mostrar às pessoas que com pequenos gestos o mundo pode
melhorar.
- Tu és muito branda. - dizia a lebre. - Não tens personalidade nem
músculos, músculos, estás a ver?!
E novamente colocava-se em posição de Mister Universo.
- Vamos fazer uma coisa: vamos separar a cidade em dois, de um lado vais
tu convencer as pessoas, do outro vou eu, e no final vê-se o que cada uma
rendeu.
- Aceito o desafio. - respondeu-lhe a tartaruga.
A lebre desatou a correr e cada vez que via alguém com uma embalagem na
mão, estendia o braço, fechava o punho e dizia:
- Escorre e espalma já essa embalagem e de seguida coloca-a no ecoponto,
se não... - e punha o punho a girar. Cheias de medo, as pessoas obedeciam.
Mais pausada ia a tartaruga. Cada vez que passava por alguém,
perguntava:
- Gostas da Natureza?
- Sim. - respondiam-lhe.
- Está a ver aquelas embalagens que estão no chão?
Podem transformar-se em novos produtos!!!
- E como?
- Com pouco trabalho, basta colocar as embalagens usadas no sítio certo,
no ecoponto. Se fizer assim, vamos conseguir dar nova vida às embalagens
usadas.
Tinham combinado as duas encontrar-se junto a uma árvore no fim da
cidade. Quando a tartaruga lá chegou, a lebre já lá estava há imenso tempo.
- Só chegaste agora? - perguntou com ar triunfante.
- Sim. - respondeu-lhe a tartaruga que vinha cansada e com a boca seca
de tanto falar, enquanto pensava para os seus botões, será que vai resultar?
E resultou mesmo. Quando o Capuchinho Vermelho, que tinha sido chamado
para servir de árbitro, foi visitar os dois bairros, reparou que no bairro da
lebre as pessoas só tinham colocado as embalagens no ecoponto enquanto ela
estava a ver, por medo. Já no bairro da tartaruga, o tempo que ela tinha
perdido para as convencer deu os seus frutos, porque as pessoas continuavam a
separar e a colocar as embalagens usadas nos ecopontos e acreditavam que era
assim que se fazia uma boa terra para morar.
http://www.resiestrela.pt/comunicacao-e-sensibilizacao/area-escola/historias-sobre-reciclagem/
Nenhum comentário:
Postar um comentário