Há muito, muito tempo, algumas aves velhas (mas não necessariamente
sábias) decidiram que deviam ter uma Rainha. No entanto, não conseguiam decidir
como ou quem escolher.
Por isso foram enviados mensageiros para anunciar uma grande assembleia...
Aves grandes…
Aves pequenas…
Aves do Norte… Aves do Sul…
Aves de cima… e de baixo...
Aves diurnas e noturnas.
Aves pretas e de cores, aves daqui e dali, foram convocadas… aves de toda a parte.
Finalmente todas as aves se reuniram.
A mais velha (e possivelmente a mais sábia) das aves velhas iniciou a conferência e anunciou o problema... Como é que escolhemos uma Rainha?
Houve um silêncio de deliberação, consideração e reflexão. Depois vieram as respostas...
— Devia ser a ave maior! — disse uma.
— A ave mais pequena! — disse outra.
— A ave mais veloz! — disse uma terceira.
— A corredora mais veloz!
— A de mais comprido…
— pescoço! — pernas! — cauda!
— A de maior…
— Bico! — Ovo! — Patas!
— A mais colorida!
— A mais melodiosa!
— O melhor ninho — disse o tecelão.
— A mais abundante — disseram os pardais.
— A ave com mais pintas — disse uma fraca-da-guiné.
— A ave mais parecida com um ramo — disse um ramo.
— Mim mim mim mim mim! — disse um mandarim.
Dali a pouco havia tantas respostas como aves. E o problema permanecia, mas agora era maior, mais barulhento e mal-humorado do que antes.
Finalmente, depois de muita discussão irritada, foi decidido: a ave que conseguisse voar mais alto seria a rainha. E como não havia aves bastantes que concordassem com outro plano qualquer, começou a competição.
Todas ao mesmo tempo, as aves ergueram-se para o céu. Bateram as asas, saltaram, pularam e arrastaram-se para o ar como um telhado de asas a subir...
As esforçadas aves de papo grande, os irrequietos tentilhões e pardais, o lento voo das gaivotas e das aves oceânicas, o voo invisível dos colibris, todas subiram alto... cada vez mais alto, uma coluna de aves circulando no céu.
Mas acima de todas elas chegou o adejar paciente da águia, entre farrapos de nuvens.
— A águia deve ser a rainha — disse uma ave mais pequena a outra. E assim se espalhou um murmúrio pela multidão.
Mas, quando a águia já não conseguia voar mais alto... Uma carriça saiu do seu esconderijo entre as penas das costas da águia e, batendo furiosamente as asinhas, subiu para o ar frio e rarefeito… mais alto do que a águia, mais alto do que todas as outras aves.
E assim ficou decidido!
A carriça e a águia quase se deixaram cair para o chão onde a carriça se escondeu numa sebe espinhosa, a salvo do olhar furioso da águia.
E assim a carriça tornou-se Rainha das aves. Porque, como concordaram as aves mais velhas (e seguramente as mais sábias), era bom ter por Rainha a ave que voava mais alto, mas era ainda melhor ter por Rainha a ave mais esperta.
Por isso foram enviados mensageiros para anunciar uma grande assembleia...
Aves grandes…
Aves pequenas…
Aves do Norte… Aves do Sul…
Aves de cima… e de baixo...
Aves diurnas e noturnas.
Aves pretas e de cores, aves daqui e dali, foram convocadas… aves de toda a parte.
Finalmente todas as aves se reuniram.
A mais velha (e possivelmente a mais sábia) das aves velhas iniciou a conferência e anunciou o problema... Como é que escolhemos uma Rainha?
Houve um silêncio de deliberação, consideração e reflexão. Depois vieram as respostas...
— Devia ser a ave maior! — disse uma.
— A ave mais pequena! — disse outra.
— A ave mais veloz! — disse uma terceira.
— A corredora mais veloz!
— A de mais comprido…
— pescoço! — pernas! — cauda!
— A de maior…
— Bico! — Ovo! — Patas!
— A mais colorida!
— A mais melodiosa!
— O melhor ninho — disse o tecelão.
— A mais abundante — disseram os pardais.
— A ave com mais pintas — disse uma fraca-da-guiné.
— A ave mais parecida com um ramo — disse um ramo.
— Mim mim mim mim mim! — disse um mandarim.
Dali a pouco havia tantas respostas como aves. E o problema permanecia, mas agora era maior, mais barulhento e mal-humorado do que antes.
Finalmente, depois de muita discussão irritada, foi decidido: a ave que conseguisse voar mais alto seria a rainha. E como não havia aves bastantes que concordassem com outro plano qualquer, começou a competição.
Todas ao mesmo tempo, as aves ergueram-se para o céu. Bateram as asas, saltaram, pularam e arrastaram-se para o ar como um telhado de asas a subir...
As esforçadas aves de papo grande, os irrequietos tentilhões e pardais, o lento voo das gaivotas e das aves oceânicas, o voo invisível dos colibris, todas subiram alto... cada vez mais alto, uma coluna de aves circulando no céu.
Mas acima de todas elas chegou o adejar paciente da águia, entre farrapos de nuvens.
— A águia deve ser a rainha — disse uma ave mais pequena a outra. E assim se espalhou um murmúrio pela multidão.
Mas, quando a águia já não conseguia voar mais alto... Uma carriça saiu do seu esconderijo entre as penas das costas da águia e, batendo furiosamente as asinhas, subiu para o ar frio e rarefeito… mais alto do que a águia, mais alto do que todas as outras aves.
E assim ficou decidido!
A carriça e a águia quase se deixaram cair para o chão onde a carriça se escondeu numa sebe espinhosa, a salvo do olhar furioso da águia.
E assim a carriça tornou-se Rainha das aves. Porque, como concordaram as aves mais velhas (e seguramente as mais sábias), era bom ter por Rainha a ave que voava mais alto, mas era ainda melhor ter por Rainha a ave mais esperta.
Helen Ward
A rainha das aves
Lisboa, Editorial Caminho, 2003
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