A Estrela de Natal




Há muitos e muitos anos atrás, em uma cidade muito pequena, vivia uma família muito humilde, mas que sempre soube dar uma educação muito boa para seu casal de filhos: João e Elisa, com 12 e 10 anos.
O Natal se aproximava e o padre da cidade, com a colaboração de alguns membros da comunidade, resolveram montar um presépio em frente à Igreja.
Levaram muito tempo, pois as figuras tinham quase o tamanho natural. Toda a cidade estava muito animada e curiosa para ver o Presépio e participar da bênção que o padre iria dar.
Escolheram a data de 6 de Dezembro para homenagear o Dia de São Nicolau ou a chegada de Papai Noel. Data que é utilizada até os dias de hoje para se montar a árvore de Natal.
No dia da comemoração, João e Elisa se atrasaram e sairam sozinhos de casa. Correram e correram muito. Quando estavam próximos à Igreja, viram um velhinho andando com muita dificuldade, apoiado em sua bengala. Ao se aproximarem ele disse:
– Sou muito velho, e estou perdido, vocês podem me ajudar a chegar até a minha casa ? Eu moro na Rua da Esperança, número 888.
As crianças sabiam que, se ajudassem o velhinho, não conseguiriam ver a tão desejada bênção do padre.
– Elisa, é mais importante ajudar esse pobre velhinho, pois não podemos deixá-lo sozinho. – disse João.
Elisa, com lágrimas nos olhos, baixou a cabeça e concordou. Caminharam os dois levando o velhinho até a sua casa. Lá chegando ele agradeceu e disse:
– Muito obrigado, crianças. Vocês sabiam que no dia de São Nicolau, acontecem muitas coisas mágicas para aqueles que foram bons durante o ano?
Elisa muito envergonhada, disse:
– Nós fomos bons, mas fizemos algumas travessuras.
O velho, comovido, olhou para os olhos dos dois e disse:
– Corram até o presépio para a bênção, pois ainda há tempo.
Os dois se despediram e correram até a praça, mas não havia mais ninguém, só encontraram o presépio que realmente estava muito bonito. A noite estava silenciosa e apenas as estrelas os observavam, cintilando no céu.
Todos tinham trazido presentes e flores para enfeitar o presépio. Tudo estava muito bonito. Como eram pobres e não tinham nada para dar, colheram algumas ervas-daninhas que cresciam por entre as pedras do chão e as colocaram na manjedoura, com muita devoção, ao redor do Menino Jesus.
Nesse momento, perceberam que alguém se aproximava e olharam para trás. Ficaram surpresos ao ver o velho caminhando na direção deles, sem o apoio da bengala. A cada passo que ele dava, o chão se iluminava com um azul brilhante, formando uma trilha de passos azuis. As crianças ficaram olhando, e sentiam em seus corações uma alegria sem fim.
O velho disse:
– Vocês são crianças muito especiais. Todos os anos eu tenho a esperança de ainda encontrar sentimentos puros nos corações dos filhos de Deus. E vejo que ainda existe esperança. Coloquem sua mão esquerda no coração e com a direita toquem essas ervas daninhas que trouxeram como oferenda para o Filho de Deus. As crianças obedeceram e, ao tocarem nas ervas-daninhas, uma luz começou a brilhar e aos poucos foi transformando-as em uma planta muito especial com folhas vermelhas, conhecida e usada nos dias de hoje como a Estrela de Natal ou Poinsettia.
O velho se aproximou das crianças e disse:
– Vocês são um exemplo de bondade e já são abençoadas, nunca se esqueçam desse dia.
João, muito curioso, pergunta:
– Ainda não sabemos o seu nome.
O velhinho ficou uns instantes em silêncio, e disse:
– Podem me chamar de Nicolau.
Nesse momento, o bom velhinho tirou do bolso duas bengalinhas brancas de açúcar com listas vermelhas e deu uma para João e outra para Elisa. Enquanto as crianças olhavam o presente com muita emoção, não viram o velhinho se afastar.
Quando perceberam estavam novamente sozinhos, mas quando olharam melhor, ficaram surpresos ao ver que o velhinho era uma das figuras do presépio que nesse momento sorria para eles.
Já era tarde, e João e Elisa, correram para casa, ansiosos para contar a seus pais o que tinha acontecido.

R. Aubim


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