O Pai Natal
sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E não queria acordar
porque neste ano os Humanos encheram-se de boa vontade e fizeram um acordo de
Paz, que silenciou todas as armas. Em todos os cantos do planeta, mesmo nos
lugares mais recônditos da Terra, as armas calaram-se para sempre e os carros
de combate e outras máquinas de guerra foram entregues às crianças para neles
pintarem flores brancas de paz.
O Pai Natal
sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E não queria acordar
porque nesse sonho não havia fome: em todas as casas havia comida, havia até
algumas guloseimas para dar aos mais pequenos. Mesmo as crianças de países
outrora pobres tinham agora os olhos brilhantes, brilhantes de felicidade. Todas
as crianças tinham acabado de tomar um esplêndido pequeno-almoço e
preparavam-se para ir para a escola, onde todos aprendiam a difícil tarefa de
crescer e ser Homem ou Mulher.
O Pai Natal
sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não
havia barracas, com água a escorrer pelas paredes e ratos pelo chão, nem gente
sem teto, a dormir ao relento. No sonho do Pai Natal, todos tinham uma casa, um
aconchego, para se protegerem do frio e da noite.
O Pai Natal
sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não
havia instituições para acolher crianças maltratadas e abandonadas pelos pais
nem pequeninos e pequeninas à espera de um carinho, de um beijo… de AMOR. Todas
as crianças tinham uma família: uma mãe ou um pai ou ambos os pais, todas as
crianças tinham um colo à sua espera.
O Pai Natal
sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não
havia palavrões e outras palavras feias, não havia empurrões, má educação e
desentendimentos. Toda a gente se cumprimentava com um sorriso nos lábios. Nas
estradas, os automobilistas não circulavam com excesso de velocidade, cumpriam
as regras de trânsito e não barafustavam uns com os outros.
O Pai Natal
sonhou um sonho lindo, tão lindo que não queria acordar. E no seu sonho não
havia animais abandonados pelos seus donos, deixados ao frio, à fome e à
chuva, nem animais espetados e mortos nas arenas, com pessoas a aplaudir.
Mas, afinal,
quando despertou verdadeiramente, o Pai Natal viu que tudo não tinha passado de
um sonho; que pouco do que sonhara acontecia de verdade. Ficou triste, muito
triste, e pensou:
« – Afinal,
ainda é preciso que, pelo menos uma vez por ano, se celebre o Natal!».
E, nessa
noite, o Pai Natal começou os preparativos para dar, mais uma vez, um pouco de
alegria a todas as crianças do Mundo.
Conto adaptado
por Vaz Nunes – Ovar
“Diário de Aveiro”, de 2000/12/07
“Diário de Aveiro”, de 2000/12/07
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