Amizade custa
pouco e vale muito... É uma verdade! Mas somente para quem usa de boa vontade!
Na casinha do cachorro, lá no fundo do quintal, veio esconder um gatinho com
medo do temporal! O cãozinho não gostou da sua presença ali.
Rosnou, latiu,
empurrou:- Já pode sair daqui!- A minha casa é pequena, não dá espaço pra dois!
Onde já se viu combinarem cão e gato!... Ora, pois.
O gatinho
respondeu com um olhar lacrimoso: - Não faça isto comigo, o tempo está tão
chuvoso! - Logo que tudo cessar, você fica... eu pulo o muro, muito embora já
esteja ficando tudo tão escuro! - A noite cai bem depressa e os trovões estão
tão fortes... Tenha paciência comigo, deixe-me ficar, não se importe!
Está bem, disse
o cãozinho, com um ar muito importante, mas chegue bem lá pro canto e que não
seja implicante! E o tempo foi passando... passando... a chuva caía, caía... o
vento assobiando e a enxurrada escorria...
Pela porta da
casinha começou a penetrar. O cãozinho se molhando, começou a se afastar...
...mais para o fundo da casa, onde se encolheu o gatinho.
Este só olhou
por baixo e continuou bem quietinho! Não tinham uma coberta, nem um trapo pra
se embrulhar... O jeito era, na certa, se enroscarem pra esquentar! Vez por
outra, o cãozinho abria um olho só, para ver como o gatinho tremia... Fazia dó!
E a dona do cãozinho não teve nem condição de levar-lhe um agasalho ou um prato
de refeição...
Acanhado, o
cachorrinho foi-se chegando, chegando, ao canto onde o gatinho se encolhia,
ronronando! Chegou bem humildemente e pedindo de mansinho: - Posso deitar-me
aqui, ao seu lado, bem juntinho? - A chuva está tão fria e a casa toda
molhada... Só restou este cantinho livre dessas poças d’água! - Venha, dou-lhe
meu lugar, você é o dono da casa... Foi gentil me abrigando, logo esta chuva
passa..
Na troca de
gentilezas do gatinho pro cãozinho, abraçaram-se e dormiram bem juntinhos, bem
quietinhos!
Amanheceu um
sol lindo, sorrindo num novo dia. O gatinho espreguiçou-se e, devagarzinho,
saía... Não queria acordar o cãozinho que dormia... Tão tranquilo e
sossegado... Depois agradeceria...
Ao chegar á
porta, então, ouviu a voz do cãozinho: - Não se vá, fique comigo, sempre fui
muito sozinho! Dividirei com você minha casa, meu cantinho, meu leite, meu
cobertor, meu quintal, meu brinquedinho! O gatinho aceitou, mesmo por não ter
morada... Ficava só pelos muros ou casas abandonadas!
Desde então,
naquela casa, lá no fundo do quintal, ouviam-se só latidos misturados a
“miaus”! Eram os dois amiguinhos, brincando de esconde-esconde, ou, fugindo
pela grade, iam pro parque, bem longe! Depois voltavam alegres, caminhando lado
a lado... O povo até parava ver o inusitado: Um cãozinho todo preto e um gato
muito branquinho, amigos, vivendo juntos, sem rixas... bem alegrinhos! Este
exemplo, meus amigos, vem dizer muito pra todos: “Vale mais uma amizade...
Inimizade é para tolos!” Usou de boa vontade com Mimoso, o gatinho... Afirmando
esta verdade, Totó, o negro cãozinho!
Gessy Carísio de Paula.
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