“Um estudante de outro mundo veio parar no nosso planeta. Veja como ele o descreveu”.
Sou estudante de fláritis, na Universidade de Fluterques.Por acaso, passeando no disco voador Firula 3 fui parar no conjunto estelar Fléquites.
Como estava sem combustível, tentei descer em algum planeta a fim de poder me reabastecer.
O 3° planeta deste sistema me pareceu jeitoso, pois nele há grandes massas de água.
Como todos sabemos, este planeta é habitado por seres estranhíssimos, uns diferentes dos outros.
Vamos chamar estes espécimes de freguetes, que são a coisa mais parecida com os terráqueos de que eu me lembro.
Como é que eles são?
Vou tentar descrevê-los.
Em cima eles têm uma esfera, só que não é bem redonda.
De um lado da esfera tem uns fios muito finos, que são de muitas cores.
Do outro lado tem o que eu acho que é a cara deles.
Na cara, bem em cima, eles têm umas bolas que eles chamam de olhos. É por aí que sai, ás vezes, uma agüinha. Mas só as vezes.
Um pouco mais em baixo tem uma coisa que salta pra fora, com dois buraquinhos bem em baixo.
Isso eles chamam de nariz.
Mais abaixo ainda tem uma buraco grande, cheio de grãos brancos e tem uma coisa vermelha que mexe muito.
Os freguetes estão sempre botando dentro deste buraco uma coisa que eles chamam de comida. Essa tal de comida é que dá a eles energia. Tem uns que botam bastante comida dentro. Têm outros que só botam de vez em quando.
Esses buracos servem pra outras coisas, também.
É por aí que saem uns sons horrorosos que é a voz lá deles.
Embaixo da bola tem um tubo que une a bola ao corpo. Do corpo saem quatro tubos: dois pra baixo e dois pros lados. Os tubos de baixo, que se chamam pernas, chegam até o chão e servem para empurrar os freguetes de um lado pro outro. A coisa funciona mais ou menos assim: um tubo fica ficando no chão, enquanto o outro se projeta para a frente e se finca no chão, por sua vez.
Quando o segundo tubo está ficando o primeiro se projeta para frente e assim por diante. Eles chamam isso - andar.
Bem embaixo dos tubos, onde eles se fincam no chão, geralmente eles enfiam umas cápsulas duras, acho que pra proteger as pontas dos tubos.
Os tubos que saem pros lados se chamam braços; têm cinco tubinhos em cada ponta. E com essas pontas eles pegam nas coisas.
Eles moram, quase todos, amontoados nuns lugares muito feios, que eles chamam de cidades.
Esses lugares cheiram muito mal por causa de umas porcarias que eles fabricam e de umas nuvens escuras que saem de uns tubos muito grande que por sua vez saem de dentro de umas caixas que eles chamam de fábricas.Parece que eles vivem dentro de outras caixas. Algumas destas caixas são grandes, outras são pequenas.
Eu poderia ainda contar muitas coisas sobre este planeta. Mas como eu não entendi quase nada, acho que não adianta muito.
Recomendo, por isso uma nova visita ao planeta, ,mas com muito cuidado, por um grupo especializado em planetas de alto risco.
Pois este planeta, que é chamado por seus freguetes de Terra ´-e incrivelmente semelhante ao planeta Flórides do sistema Flíbito, que se desintegrou, na era Flatônica, não se sabe por que, mas, que nessa ocasião desprendeu grandes nuvens de fumaça em forma de cogumelos...
Ruth Rocha.Admirável Mundo Louco.Rio de Janeiro,Salamandra,1986.
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