Colcha de Retalhos








( Conceil C. da Silva e Nye Ribeiro Silva)
  
Nos finais de semana, Felipe vai para a casa da vovó.
Vovó sabe fazer bolo de chocolate, brigadeiro, bala de coco, pão de queijo... enfim, sabe fazer tudo que Felipe gosta.
Vovó sabe contar histórias como ninguém!
Coloca os óculos, faz uma cara engraçada, fala bem fininho e fraquinho, depois bem grosso e forte, imitando a voz dos personagens das histórias.
Um dia, Felipe encontrou uma porção de pedaços de tecidos espalhados pelo chão, perto da máquina de costura onde vovó estava trabalhando.
Vovó explicou que os tecidos eram retalhos das costuras que fazia e que iria fazer uma colcha de retalhos.
Felipe resolveu ajudar e separou os retalhos: os de bolinha, os de listrinha, os de florzinha, de lua e estrela, xadrez, listrado...
Cada pedaço de tecido trazia uma lembrança.
O pijama listrado de Felipe, a camisa xadrez do papai, o vestido da mamãe e a roupa de vovó Maria que já estava lá no céu junto com o vovô Luiz.
Vovó começou a chorar sentindo saudade de quem já foi embora.
Felipe não entendeu o motivo do choro e ela tentou lhe explicar o que é saudade.
Não adiantou, ele não entendeu.
 Na verdade a gente só entende as coisas que já experimentou; um dia Felipe entenderia.
Depois de algum tempo, Felipe chegou da escola, entrou correndo em seu quarto e viu a linda colcha esticada sobre sua cama.
Cada retalho tinha uma história. Deitado sobre a colcha, ele passou algum tempo lembrando de uma porção de histórias.
De repente, Felipe começou a sentir uma coisa estranha dentro do peito que ia aumentando, aumentando...
Felipe foi correndo para a casa da vovó, abraçou-a bem forte e cochichou bem baixinho no seu ouvido:
— Preciso te contar um segredo: eu acho que já entendi... agora eu já sei o que é saudade!


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